A música multilíngue de Armando Luiz Matté
A música multilíngue de Armando Luiz Matté
Em uma cidade como Erechim em que diversas etnias foram responsáveis pela sua colonização, os imigrantes reuniam-se em associações culturais, onde cultivavam a sua cultura e suas tradições, naturalmente a musica estava entre elas. Os conjuntos musicais que tocavam bailes nessas comunidades invariavelmente tinham em seu repertório músicas ligadas a essas tradições e cantadas em seus idiomas. O músico desta semana canta além do português, em inglês, alemão, italiano, francês, espanhol, polonês e até mesmo o guarani, e ao longo de sua carreira animou bailes das diversas etnias que ajudaram a construir nossa cidade. Este é o cantor Armando Luiz Matté.
Nascido no dia 10 de janeiro de 1956, Armando Luiz Matté é neto de Guilherme Matté e Ermínia Pagliosa (avós paternos) e Fioravante Faes e Maria Fávero Faes (avôs maternos). Seu pai Alcides Matté, nasceu em São Domingos (próximo ao município de Casca), enquanto sua mãe nasceu nas proximidades de Não Me Toque.
O amor pelo canto, Armando Matté traz do seu berço, pois mesmo durante a sua infância no interior, quando não havia energia elétrica, muito menos televisão, após o dia de trabalho, e a reza (afinal a família era bastante religiosa), seus pais (que apesar de não terem nenhuma formação musical, eram bastante afinados), “puxavam a cantoria”, e toda a família cantava (além de seus pais, também seus irmãos e suas tias Maria e Clementina Matté)
Essa música cantada em família era de vários gêneros, como musica sacra, sertaneja (de raiz), do folclore brasileiro, e principalmente do folclore italiano.
Essa influência do folclore italiano estaria arraigada na vida de Armando, para ilustrar isso, podemos citar dois discos solo de Armando Luiz Matté são cantados nesse idioma.
Mas esta influência vem principalmente de Alcides Matté (pai de Armando), que foi um dos fundadores do longevo grupo Gilé, em Erechim, e embora morassem no interior, eram muito assíduos nos ensaios.
Vale uma curiosidade aqui, pois nesse tempo onde a falta da televisão, o ensaio da família Matté, era a única “programação” na localidade onde moravam, fazendo com que seus vizinhos ficassem na janela ouvindo os ensaios.
Armando Matté começou a tocar bateria, que ganhou de seu pai por livre e espontânea pressão, e no início de sua carreira teve uma forte ligação com seu cunhado, o pianista (atualmente professor da escola de artes de Chapecó) Valdir Ribas França.
Inicialmente, Armando Luiz Matté, sendo um autodidata, começou tocando bateria com os irmãos Darci Balestrim (guitarra), e Vitalino Balestrim (acordeom), onde foi preciso muita determinação para superar os obstáculos e adversidades da época.
Durante a carreira de Armando, tocou com diversos grupos, dentre os quais podemos citar o grupo gauchesco Os Marajás, Os Cometas, e o grupo Los Calientes, onde teve o maior tempo de sua carreira, além de ser sócio fundador do grupo.
Além desses, Armando Luiz Matté teve breves participações nos grupos Os Maratonas e também no Musical Ipanema.
Segundo o próprio Armando Luiz Matté, o grupo musical Los Calientes foi o grupo de sua vida, pois todos os músicos com quem tocou foram importantes em sua vida, em especial Celso Collet, Ignácio Petkovicz, Ireno Wojciekowski e Reno Vieiro.
A carreira discográfica de Armando Matté tem início com o disco intitulado Roda Gigante, do grupo Os Cometas. Em seguida grava o primeiro disco com o grupo musical Los Calientes, gravado em 1985, e também do segundo, intitulado Eternos Amigos, gravado em 1987.
Além desses discos supracitados, Armando Matté tem dois discos solo, intitulados “O Melhor da Música Italiana”, volume I e II respectivamente, onde canta diversos clássicos da música italiana. Nestes discos Armando é acompanhados por músicos como: Celso Collet, Ronaldo Caldas, Luciano Dornelles, Gleison Juliano Wojciekowski, Ignácio Petkovicz, Leonir P. Vargas (Varguinhas), Ronildo de Andrade Pontes (Canhoto), Zeferino Dameto, Zé Nilson, Zeca Freitas, Juarez Motta, Dinei, Santa Maria, Giovani L. Racoski.
Armando Luiz Matté é casado com Vera dos santos Matté, com quem tem um filho, Alcides dos Santos Matté, e atualmente vivem em Medianeira – PR, com seus oito irmãos e sua mãe. Esta no alto de seus quase 90 anos de idade continua cantando canções como “Índia, O Destino Desfolhou e Saudade Palavra Triste”, e incentivando seus netos a seguirem a tradição da família.
Segundo Armando Matté, a música é a arte de expressar o belo, e mesmo sendo muito eclético, acredita que a grande dificuldade desta profissão foi “a falta de uma entidade que viesse realmente em defesa dos músicos”.
Atualmente Matté trabalha na área de educação, e apesar de não estar mais na música como profissão, ele diz nunca abandonar a música, e segundo suas próprias palavras: “A Música na minha vida é simplesmente tudo.”