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Rural

Fruticultura: momento de retomada e foco em investimentos

Na contramão do desinteresse pelo setor, alguns produtores aprimoram a atividade e aliam produtos de qualidade ao lucro

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Por Izabel Seehaber izabel@jornalbomdia.com.br
Foto Izabel Seehaber

A Emater promove neste mês dois fóruns microrregionais de fruticultura, sendo um em Erechim e outro em Barra do Rio Azul. Há poucos dias também foi realizado um evento em Floriano Peixoto. O objetivo é capacitar e incentivar os profissionais que atuam na área de fruticultura e também as pessoas que têm interesse em ingressar na atividade. O momento, segundo a Emater, é de preocupação, pois um levantamento recente feito pela entidade apontou que houve uma redução muito significativa da área de fruticultura na região do Alto Uruguai. "O que antes representava uma área de pouco mais de 4.411 hectares de várias frutas, hoje está em 3.553 hectares. Mais de 800 hectares foram reduzidos e é preciso motivar esses produtores", comenta o engenheiro agrônomo e assistente técnico regional, Luiz Angelo Poletto.

Entre os fatores está a questão de que alguns municípios poderiam não estar divulgando as áreas dedicadas à fruticultura, mas também há razões como falta de mão de obra, envelhecimento da população rural e a alternativa da soja que está muito forte na região. "Muitos produtores optam por algo mais fácil, mas é preocupante, pois é preciso diversificar. Os municípios vão perdendo a renda e o receio é que irão depender praticamente da soja. O foco é re-motivar e mostrar que é possível ganhar dinheiro com as frutas e isso interfere inclusive na expansão das agroindústrias. Há municípios que usam como marketing a uva, por exemplo, mas a produção está reduzindo drasticamente", salienta Poletto.

Houve redução na área de citricultura em municípios como Marcelino Ramos, Mariano Moro e Itatiba do Sul. A uva também sentiu o efeito do abandono de produção. Antes eram em torno de 700 hectares e hoje são 540 hectares.

Ao mesmo tempo houve redução nas áreas de pêssego, sendo que a região contava com uma área de 122 hectares e baixou para sessenta e um hectares.

Em contrapartida, o que está aumentando na região é a produtividade de nozes que até 2014 não era contabilizado pela Emater e hoje há 31 hectares na região. As nozes têm facilidade de mudas e o interesse de mercado. Contudo é uma cultura que demora em torno de oito anos para iniciar a produção mas o retorno financeiro é alto. Além disso, é possível conciliar com outras atividades.

Morango é outra fruta que vem atraindo o interesse dos produtores e há investimentos em Áurea, Aratiba e Erechim. Atualmente há cinco hectares do fruto na região.

Conforme o assistente técnico regional, na região há potencial, clima, tradição, mão de obra, conhecimento nas universidades e suporte da Emater. "Além disso, o preço na região é muito mais valorizado que em outras regiões. O objetivo agora é atingir o máximo de qualidade e produtividade. Diante disso o mercado das agroindústrias é outra questão a ser explorada", comenta.

Reconhecendo o potencial produtivo, pessoas de outras regiões contataram com municípios da região mostrando interesse em comprar figo, por exemplo, e há uma carência. "A fruticultura oferece mais renda que as culturas anuais e também há microclima para produzir abacaxi e banana, frutas que não recebem investimento na região", pontua.

Desafios

Entre os desafios, de acordo com Poletto, está a carência de programas de incentivo por parte do governo. A utilização de defensivos agrícolas na soja é outro fator que pode atrapalhar a produção de alguns frutos, tais como a uva. "A baixa na produtividade também pode ter relação com o método de tratamento e controle que nem sempre seguem todas as recomendações", comenta.

Investimentos em morangos

Mesmo diante de um cenário divergente em relação à fruticultura na região, há produtores que estão investindo e comprovando que é possível garantir a produtividade no setor. Em alguns casos as frutas se tornam a principal atividade.

Como é o caso de Josiana e Moacir Czicachevski que produzem em média 30 toneladas de morango por ano sendo que cada planta produz em torno de um quilo da fruta. A propriedade está localizada na Linha Sete, Campinas, interior de Áurea. A reportagem do Bom Dia foi conhecer um pouco mais sobre o trabalho da família.

Segundo Moacir, a produção própria iniciou há cerca de seis anos. No entanto, a experiência na área iniciou quando a família foi trabalhar em Caxias do Sul. "Aprendemos, gostamos do ramo e identificamos que havia potencial de mercado na região. No começo foi mais difícil, foram necessários investimentos mas hoje em dia firmamos parceria com os vizinhos para ampliar a produtividade", relatou, citando que o preço é de R$ 10/ quilo.

Inicialmente os morangos eram cultivados no solo, porém, aos poucos os produtores sentiram a necessidade de aprimorar o sistema e investir no método semi-hidropônico, o qual prevê que as plantas sejam cultivadas a base de água e substrato, em uma estufa.

Entre as vantagens está o aumento da produção e mais facilidade no momento da colheita. "O pico de produção acontece nos meses de março e setembro, contudo, o sistema semi-hidropônico permite que haja produção de qualidade o ano todo", destaca o casal.

 

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