Vinda de aplicativo para Erechim gera preocupação entre taxistas
Com previsão de entrar em funcionamento ainda nesta semana na “Capital da Amizade”, o aplicativo de mobilidade urbana “Garupa” já é alvo de questionamentos por parte de taxistas. Idealizada como uma alternativa na qual o usuário tem a possibilidade de averiguar o trajeto, tempo e o valor do deslocamento através do celular, a ferramenta está em processo de cadastro de motoristas em Erechim.
De acordo com o CEO do Garupa, João Marcondes Vargas Trindade, o aplicativo iniciou suas operações em abril deste ano na cidade de Santa Maria, após um ano de desenvolvimento e análise de mercado. “Temos por objetivo facilitar o deslocamento das pessoas, em cidades de médio e grande porte, fazendo com que elas se sintam mais seguras e tenham um deslocamento de preço acessível e rápido em seus compromissos”, pontua.
Questionado sobre quais critérios levaram à escolha de Erechim para a vinda do app, Trindade cita a população e os negócios locais. “Sabemos que o município de Erechim é bastante populoso, possui um grande índice de negócios e indústrias no local, e queremos contribuir para facilitar o deslocamento das pessoas, trazendo um melhor conforto e segurança para as famílias”, destaca ao elencar suas expectativas: “Proporcionar à cidade uma nova opção de deslocamento, uma discussão sobre mobilidade e outras ferramentas, isso é bom para todos e, principalmente, para a população.
Taxistas preocupados
Para o presidente do Sindicato dos Taxistas, Luiz Chiaradia, a vinda do aplicativo para a cidade pode afetar o trabalho da categoria. “Sou taxista há 43 anos e acredito que no momento a cidade não teria necessidade de um outro meio de mobilidade. Erechim é um município de 100 mil habitantes e temos uma frota de 95 taxis, com projeção de aumento. Acho que a população não tem essa exigência, porque a cidade é bastante conservadora em relação à forma de pedir uma corrida”, pontua.
O taxista cita ainda que a categoria já está mobilizada para discutir sobre a vinda do aplicativo, uma vez que considera que o serviço oferecido por meio da ferramenta precisa ser regularizado tal qual os taxis. “Toda nossa categoria precisa cumprir com várias exigências relacionadas à legislação, regularização, pagamento de impostos, sindicato... Não é justo com os taxistas que este serviço seja realizado de qualquer forma, sem cobrança e exigência alguma”, pontua.
A taxista Marines Bortolini também se diz preocupada com a vinda do aplicativo. “Certamente seremos prejudicados, principalmente porque em geral esses aplicativos fazem preços aos quais a gente não consegue competir, porque afinal, temos muitas outras cobranças que oneram nossos custos. Temos um serviço barato e de qualidade, mas sem dúvidas a vinda de outros meios vai influenciar nas nossas atividades”, pontua. Chiaradia, por fim, destaca a qualidade do serviço de taxi em Erechim. “A cidade está muito bem atendida, temos uma frota nova, e profissionais qualificados. Além disso, nossos preços são bons, tanto que muitas pessoas que vêm de fora se surpreendem com o valor”, completa.
O CEO do Garupa, por sua vez, ressalta que o aplicativo visa oferecer mais uma possibilidade à população: “O Garupa é uma empresa genuinamente gaúcha e, sendo assim, vem para somar. Estamos trazendo para a cidade uma inovação no transporte, porém com responsabilidade e compromisso com o desenvolvimento da cidade e crescimento do Garupa. Estamos à disposição das autoridades para conversar, auxiliar e ajudar no que for necessário. O que queremos é oferecer mais esta possibilidade a população, e em momento algum entrar em choque com qualquer meio de mobilidade ‘tradicional’”, ressalta.
O que pensa a população
“Já fui usuário do Uber em algumas cidades grandes, POA e SP e me senti muito satisfeito pelo serviço e pelo custo-benefício. Acho que a vinda de apps como este – como é o caso do Garupa - para Erechim é um grande avanço que pode gerar muitas possibilidades para a cidade e futuros usuários, visto que Erechim tem muita limitação no oferecimento do transporte público. E os táxis normalmente têm um preço inacessível para as pessoas de baixa renda. Sem falar as possibilidades para os futuros usuários contratados, que prestarão o serviço via o app”, pontua o estudante Ricieri Benedetti.
O estudante João Dalbosco também vê a vinda do aplicativo com bons olhos. “É Interessante, até porque os outros aplicativos de mobilidade (como o Uber e o Cabify) só estão presentes nas cidades maiores. É uma boa fonte de renda alternativa, ou mesmo como fonte de renda principal pra quem está sofrendo com a crise”, destaca ele que já tentou se cadastrar como motorista no aplicativo. “Gostei da ideia de poder trabalhar com o próprio carro em horário flexível, podendo exercer minhas outras atividades sem comprometê-las”, finalizou.
A recepcionista Luana Almeida, por outro lado, é receosa com a novidade. “Andei pesquisando sobre o funcionamento do app e li muitas opiniões negativas. Se for para somar, espero que seja um serviço de qualidade. Erechim está bem servida de taxis, então não tenho muita certeza se o aplicativo vai dar certo. E sobre os valores, acho que hoje em dia as pessoas não se importam tanto com o preço, mas pela satisfação com o serviço. Vamos ter que esperar para ver”, afirma.