Quem ama mata?
Mari Simoni Fahl
Psicóloga clinica
Frequentemente nos deparamos com notícias de crime passional cometido “em nome do amor”, e nos perguntamos: como pode uma pessoa tirar a vida de outra por amor? Qual a motivação, ou seja, o que leva a pessoa a agir dessa forma?
Quem ama não mata. O amor cuida, protege, zela e fica atento com o bem-estar do outro. No amor existe o desejo de ver a outra pessoa feliz, mesmo que não estejam juntos.
Quando uma pessoa chega ao ponto de ficar obcecada pela outra, os ciúmes se torna doentio, o medo da relação acabar fica incontrolável, ela então começa a seguir, vigiar e controlar as atividades da outra pessoa. Ela deixa a sua vida, família, amigos e trabalho para viver a vida do outro e o convívio fica praticamente impossível. Aqui, certamente esse amor deixou de ser saudável. Muitas vezes esse comportamento está associado a quadros de depressão, ansiedade ou fobia, como por exemplo a síndrome do pânico.
Quando as pessoas sentem um grande vazio dentro de si, com sentimentos de baixa autoestima, frequentemente esperam que o parceiro preencha esse vazio, esses “buracos” internos. Na patologia, se o outro não corresponde aos seus anseios, sentimentos de raiva e ódio são ativados pela baixa tolerância à frustração, e para resolver esse conflito, pensa em matar o outro, como solução para o que lhe causa sofrimento. A tarefa é dar-se conta que o problema não está no outro, que o próprio sujeito está doente.
O tratamento é possível, quando a pessoa admite que não está conseguindo lidar com a situação. Nesse momento é importante buscar a ajuda de um profissional, para se conhecer melhor e analisar o que realmente a pessoa quer para sua vida, que tipo de relacionamento quer manter. Não esperar para buscar ajuda somente quando o relacionamento está prestes a acabar.
A psicoterapia é fundamental, e auxiliará a pessoa a perceber que amar envolve acrescentar coisas na vida e enriquecer-se como ser humano. Que uma relação amorosa deve envolver afeto, respeito, carinho, cumplicidade, paciência e tolerância entre outros e não simplesmente servir para preencher carências internas, solidão e vazios existenciais.