As letras e a música de Hardy Vedana
Músico, compositor, escritor, pesquisador, desenhista, ativista cultural, essas são algumas das facetas do personagem desta semana. Apesar de sua grande relevância para a música e cultura do/no Rio Grande do Sul, muitas vezes Hardy (nome de batismo Ardy Antônio) Vedananão é lembrado como natural de Erechim.
Nascido em 13 de julho de 1928, em Erechim (então chamada de Boa Vista do Erechim), teve sua primeira experiência musical quando ganhou uma vitrola aos quatro anos de idade. Outra experiência impactante em sua vida, foram ás seções de cinema, que naquela época, tinham a trilha sonora executada ao vivo por um pianista ou uma pequena orquestra, e em Erechim a família de Richard Kreische fazia esse papel no Cine Central.
Hardy Vedanafoi morar em Porto Alegre em 1943, onde iniciou nas letras, com a criação do jornal do curso Gosch. Em 1947 descobre o jazz, destacando-se em Porto Alegre como clarinetista durante a década de 1950.
Vale lembrar aqui que desde 1949 Hardy compõe peças musicais, bem como desenhos publicitários, expondo seu lado criativo e multimidiático.
A partir de 1950, escreve sobre música para a revista 5º Avenida de São Paulo e para a revista Seleções Musicais de Porto Alegre; participa da antiga Banda Municipal de Porto Alegre, canta como tenor no Coral da Prefeitura de Porto Alegre, e inicia seus estudos no clarinete.
Em 1952, Hardy Vedana funda o primeiro "Jazz Club" de Porto Alegre, e seu primeiro presidente. No ano seguinte inicia seus estudos no Instituto de Belas Artes (atualmente ligado a UFRGS).
Em 1954 inicia como docente no Conservatório Rossini, e passou a escrever para o jornal Clarin (de propriedade de Leonel Brizola) atuando como desenhista e arquivista, e assume a direção de arte da Astória Publicidade.
Hardy Vedana casa-se com Gilá Escada Vedana em 1955, com quem teve dois filhos. Em 1958, ingressa no departamento musical da Rádio Farroupilha, onde cria a Banda dos Carijós, colaborando nesse período para fundação da TV Piratini.
Em 1961, grava seu primeiro LP com uma turnê de divulgação subsequente, gravando seu segundo LP no ano seguinte.O disco Êta Bandinha Boa, de Hardy Vedana e sua bandinha, traz 12 faixas, trazendo choros como Brejeito (Ernesto Nazareth) e Primavera de beijos (Zequinha de Abreu), um maxixe, A tuba do Martins (Plauto de Almeida Cruz),
Polca do casamento (Osmar Safety), os sambas Linda Flor - Ai Yoyô (Henrique Vogeler) e Chimarrão ou Café Sebastião dos Santos/ Odilon Vargas), um xote, O jeito do Sete (RuyVallatti), e uma rancheira Santa Cruz (RuyVallatti), um dobrado Silvino Rodrigues (Mário Zan), além de três composições de Hardy, a mazurca Amo-te, a polca Rondinela e a homenagem à Erechim em ritmo de maxixe, Maxixe em Erechim.
Hardy Vedana tornou-se conhecido em Porto Alegre durante a década de 1960, por liderar um grupo de dez músicos (Hardy Vedana e Sua Bandinha) tocando na carroceria de um caminhão, divulgando a loja de confecções Sibrana.
Em 1964, Hardy Vedana realiza uma turnê de um mês pelas casas de espetáculo, rádios e TVs na Argentina. No ano seguinte, é eleito como presidente do Sindicato dos Músicos, permanecendo até 1969.
Com o regional Alto da Bronze, realiza 21 gravações para rádio em 1965, com composições de vários autores gaúchos. Nesse mesmo ano, fez a direção da revista musical De Célio à Célio, que contava com a participação de Lupicínio Rodrigues além de outros.
Em 1969 muda para a cidade de Maringá, no Paraná, onde realiza gravações de jingles publicitários.
Em 1978, Hardy Vedana é eleito Delegado da Federação Artística e Cultural (FITEDECA). No ano seguinte, cria a Federação Nacional de Músicos. Ainda em 1979, organizou o primeiro Congresso dos Músicos do Brasil.
Em 1981, Hardy retorna à presidência do Sindicato dos Músicos de Porto Alegre, adquirindo sua sede própria nesta gestão. Em 1985, funda sindicatos musicais nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do Sindicato dos Artistas de Santa Catarina.
Em 1985, publica seu primeiro livro, intitulado Jazz em Porto Alegre, que aborda o cenário musical local e a influência deste gênero. Neste mesmo ano, assume como integrante da diretoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Cultura, com sede em Brasília.
Hardy Vedana escreveu o fascículo sobre o choro no projeto "A Música em Porto Alegre", além de participar do fascículo "Origens", no ano de 1997.
Ainda em 1997, funda a Associação Museu da Imagem e do Som de Porto Alegre, liderando uma campanha pelo tombamento do edifício onde funcionou a fábrica de discos Casa A Elétrica, a primeira gravadora e fábrica de discos (e gramofones) do Rio Grande do Sul (e segunda do Brasil), fundada em 1913, sobre a qual pulicou em 2006, um livro, intitulado A Elétrica e os Discos Gaúchos.
Hardy Vedanaem decorrência de um queda, que fraturou as costelas, contraiu pneumonia, e não resistiu a uma parada cardíaca e respiratória, faleceu em 15 de junho de 2009 em Porto Alegre, deixando 27 projetos e cinco livros prontos,mas não publicados: Cabarés do Meu Tempo, Cem Anos de Música Popular em Porto Alegre, História das Litografias e Porto Alegre (1872-1923), A Grande Obra de Marcelino Corrêa e Pequenos álbuns de música dos compositores porto-alegrenses.