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O dito cujo

Por
Foto Divulgação

Recado

“Desconfio dos que usam a mesóclise.”

Tancredo Neves

 

O dito cujo

Vamos combinar? O cujo é pra lá de sofisticado. Pronome relativo, pertence à família de que, o qual, onde. Requintado, impõe três regras pra ser empregado. Pra atendê-las, basta manter as antenas ligadas e a preguiça adormecida em berço esplêndido.

 

Primeira exigência

Tenha cuidado com a separação das sílabas: ele morre de vergonha de ficar com um pedaço lá e outro cá. É justo. A primeira sílaba, no fim da linha, vira palavrão (cu-jo). Feito o estrago, o constrangido só encontra uma saída. Consola-se com federal (fede-ral). Os dois se abraçam e choram. Depois se vingam. Cobrem o autor de vexames.

 

Segunda exigência

Deixe o artigo pra lá. Cujo tem aversão a o, a, os, as. Nunca escreva cujo o, cuja a. O casamento pega mal como bater em mulher, cuspir no chão ou passar a criança pra trás na fila. Melhor manter o elitista sozinho, sem companhia: O governo sancionou a lei cujo objetivo é aumentar o controle de atos ilícitos.

 

Terceira exigência

Dê atenção à posse. O cujo, como todo pronome relativo, tem uma função: junta frases. No caso, uma delas tem de indicar posse. A presença do dissílabo evita a repetição de palavras. O enunciado fica chique como pérolas negras. Veja:

 

O governo sancionou a lei. O objetivo da lei é aumentar o controle de atos ilícitos.

 

Feio, não? A repetição torna o enunciado monótono. O jeito? Recorrer à bondade do relativo. Pra dar ideia de posse, o glorioso cujo pede passagem:

 

O governo sancionou a lei cujo objetivo é aumentar o controle de atos ilícitos.

 

Outros exemplos

 

A mãe pediu indenização ao Estado. O filho da mãe (= dela) morreu em confronto com a polícia.

A mãe cujo filho morreu em confronto com a política pediu indenização ao Estado.

*

O escritor conversou com os estudantes. O livro do escritor (= dele) foi adotado.

O escritor cujo livro foi adotado conversou com os estudantes.

*

O jornalista chama-se João da Silva. A reportagem de João da Silva (= dele) foi premiada.

O jornalista cuja reportagem foi premiada chama-se João da Silva.

 

Tropeços comuns

O brasileiro morre de medo do cujo. Mas, orgulhoso, esconde a verdade. Alega feiura do coitadinho. Mentira tem perna curta. Volta e meia, aparecem mostrengos como estes:

A mulher que o filho morreu vai deixar a cidade.

Paulo Coelho, que os livros fazem sucesso no mundo, é imortal da ABL.

Vamos à correção: Assim: A mulher cujo filho morreu vai deixar a cidade. Paulo Coelho, cujos livros fazem sucesso no mundo, é imortal da ABL.

 

Leitor pergunta

Nada se compara com o tratamento especial do meu tio? Nada se compara ao tratamento especial do meu tio? Qual a regência nota 10?

Liana Cobra, BH

Relaxe, Liana. O dicionário de regência verbal dá nota 10 às duas construções. Escolha a que lhe soa melhor. O resultado é um só — acertar ou acertar.

 

Li no jornal: “Fiscais extorquiram comerciante”. Certo?

Cilene Costa, Porto Alegre

Não. Extorquir não é lá coisa boa. Significa obter por violência, ameaças ou ardis. O verbo tem uma manha. Seu objeto direito tem de ser coisa. Nunca pessoa. Extorque-se alguma coisa. Não alguém: Fiscais extorquiram dinheiro de comerciante. A polícia tentou extorquir o segredo. Extorquiram a fórmula ao cientista.

 

Seção ou sessão?

Marcelo Saraiva, Recife

Seção é a parte de um todo. Quer dizer divisão: seção de eletrodomésticos, seção eleitoral, seção de perdidos e achados.

Sessão é o todo. Dá nome ao tempo que dura uma reunião, um espetáculo, um trabalho: sessão de cinema, sessão de terapia, sessão do Congresso.

Superdica: o todo é maior que a parte. Por isso, sessão tem seis letras. Seção, cinco.

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