Década de 1930: Os Incêndios e a modernização urbana
O período pós revolucionário trouxe a Erechim grandes transformações na paisagem urbana da área central principalmente no começo da década de 1930, devido as novas ordens do governo estadual que alterava o plano original de Torres Gonçalves. Neste novo projeto, se previa o cuidado com a topografia do terreno. Contribui para isso também a ascensão do Dr. Amintas Maciel ao paço municipal, cujo objetivo era alavancar a modernização da cidade, perpassando pela praça principal, avenida José Bonifácio (atual Maurício Cardoso) e a proibição da construção e reforma de casas em madeira.
Tendo em vista que ocorreram vários incêndios de pequena proporção a partir de 1929 na cidade: 29/11 na fábrica de caramelos de Cezar Galli, na madrugada do dia 30/11 no Hotel Müller e a tarde do mesmo dia na Padaria e Casa de Pasto Scholl – além de dois no ano de 1930 – um no dia 15/03 na Casa Grazziotin e outro em 26/07 na residência da família do sr. João Zanella.
O primeiro grande incêndio ocorreu em 09/11/31, e começou durante a exibição de um filme no cinema Avenida e que consumiu em chamas mais doze casas na avenida. O Jornal Correio do Povo de 10/11/31 noticiou: “A quadra destruída era a de mais movimento comercial da vila, sendo enormes os prejuízos.” E na sequência: “Foram destruídas, pelo fogo, casas de comércio, joalherias, café hotel, açougue e pharmacia.”
Na madrugada do dia 24/06/1932 ocorreu o segundo, iniciou na Casa Matté (de propriedade de Walter Matté), alastrando-se pelas propriedades de seus vizinhos Salvador Fossatti, Calixto Mollon e Eugênio Isotton, onde as chamas foram dominadas pela população, tendo em vista que ainda não existia corpo de bombeiros na cidade. Suspeita-se que o fogo tenha se iniciado por algum fogo de artifício oriundo dos festejos de São João.
No dia 03/03/33 ocorreu o terceiro grande incêndio e que nas palavras do jornal o Boavistense: “Numa vorragem insana o terrível elemento reduzira a cinza onze prédios, deixando a principal quadra da Avenida José Bonifácio com aspecto desolador.” Seguiu, “Eis que agora novamente somos espectadores ferrificados de mais um formidável incêndio!”
Esta tríade de incêndios aliadas ao “acto nº 22 de 12 de março de 1931” decretado pelo Dr. Amintas Maciel que proibia construções em madeira na Avenida José Bonifácio e nas primeiras transversais iniciou o período de construções em alvenaria que seguiam as tendências francesas Art Nouveau e Art Decô.
A primeira fazia parte da Belle Époque e valorizava a estética, a harmonia com a natureza e enxergava o ambiente urbano como o centro cultural e intelectual da sociedade, um claro contraponto a degradação do ambiente urbano causado pela Revolução Industrial, já a segunda, presava a rapidez e a facilidade de construção, com um traçado simétrico e mais simples que privilegiava formas mais geométricas. Esse período é caracterizado pela ânsia dos donos das propriedades em seguir tendências, sem medo de construir, desconstruir e reconstruir duas propriedades de acordo com as tendências de período.
Referências
DUCATTI NETO, Antonio. O Grande Erechim e sua História. Porto Alegre: EST, 1981.
FÜNFGELT, Karla. História da paisagem e evolução urbana da cidade de Erechim (RS). Florianópolis, UFSC. 2004.
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