Semana passada sonhei com um velho amigo, que hoje mora em Foz do Iguaçu. No sonho, entre uns e outros devaneios, me veio uma imagem intrigante: eu precisava lavar as mãos e, sobre elas, caiu muito detergente. O sonho e a lembrança do meu velho amigo me levaram a pensar, causando um desdobramento que me trouxe a pergunta: Você já reparou como as famílias são uma espécie de celeiro de problemas? Talvez a sua não seja, por sorte ou infelicidade, mas certamente seus dedos são capazes de apontar uma que é. E você, já se perguntou porque as famílias são assim?

A vida não tem muita lógica, será?

Em verdade, não existe uma explicação lógica em que a ciência seja capaz de estudar e comprovar. Afinal, o que é problema para uns, nem sempre representa problema para os outros. Em meio a tudo isso, contamos ainda com o temperamento das pessoas e as virtudes, como a tolerância, que em excesso assume a conotação de vício. Por isso, a fim de evitar julgamentos, desnecessários, vamos focar no que interessa: o que te incomoda. Assim, não vamos aqui, adentrar ao terreno da psicologia humana, este sim, adequado a tratar dessas questões, nem que seja individualmente. O que podemos ver é algo bem mais simples: o que está ao seu alcance.

Conflitos

Ao longo de nossa vida, em razão do nosso “jeito de ser”, vamos encontrando, conhecendo e convivendo com pessoas. Não há como ser diferente. Somos gregários. Não raro, encontramos em nossa família, ou na dos outros, situações embaraçosas, dialéticas e por vezes até agressivas. Uma espécie de micro guerra entre indivíduos. Conflitos. E olha que não me refiro apenas às relações sem grau de parentesco ou afinidade. Por vezes, até somos envolvidos numa dessas brigas, ou conhecemos alguém de quem muito gostamos, vivenciando a peleia.

Tudo é ódio

Por esta razão, acabei descobrindo que na vida, tudo é ódio. Explico a razão. Simplesmente, porque é impossível manter uma relação beligerante sobre os pilares do amor. Quando a gente ama o próximo, não há espaço para o ódio e até mesmo uma briga ou desavença logo termina. Por isso que, quando o amor vagueia, abre-se o campo para ele, o ódio. A simples ausência de amor ou de se sentir amor já é sinal de perigo, ainda que sutil. Você não necessariamente tem esse sentimento pela pessoa, mas a sua indiferença permite que esta outra pessoa avance em sua direção e, como não há amor, qualquer emoção ou sentimento negativo traz consigo o ódio. É por isso que o ódio é tudo, e nasce, sobretudo, da ausência de amor. Repare que quando amamos até podemos sentir raiva, mas jamais ódio.

Não seja omisso

E aqui vai um bom questionamento para a vida, na prática. Se você está de fora, reparando uma briga, por exemplo, entre o seu pai e o seu tio, entre o seu amigo e o irmão dele, ou mesmo entre pessoas que você gosta. O que você faz? Fica quieto? Não se mete? Muito bem. As pessoas de fato precisam resolver os seus problemas. Mas isso tudo tem um prazo e a gente não sabe bem ao certo quanto tempo é preciso dar a uma pessoa. Por isso, não se meta, mas pergunte. Ainda que o problema não seja seu, você precisa agir. Se o outro reparar que você o vê, assim, vivendo essa luta, ele certamente terá medo de que você reprove sua conduta. Converse. Descubra que as famílias e os amigos existem justamente para isso. Para resgatarmos, para que possamos regenerar ou transmutar, simplesmente para que possamos evoluir. E se você não tem nada a ver com o problema, pense bem. Será que não há nada a ser feito? Você vai lavar suas mãos?

Faça a sua parte

O Apóstolo Paulo, em Hebreus (6:9) diz: “Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores”. Se há barreiras a serem vencidas, contigo, teu irmão ou teu amigo, use do teu amor como ferramenta. E boa sorte! Tudo isso para dizer que sinto saudade do meu velho amigo. Às vezes é preciso limpar os caminhos. Eis a razão da saudade e o porquê de tanto sabão.