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Blog do Marcos Vinicius Simon Leite

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Desencantos e desassossegos

Por Marcos Vinicius Simon Leite

Nunca fui um bom estudante. Aprendi muito pouco no tempo certo, o que me fez aprender a outra parte no tempo errado. Talvez por isso, continuei a estudar, a aprender. Mesmo assim, tem coisas que parecem nos fazer falta no futuro. Das coisas que gostava de aprender, nos tempos de escola, jamais esqueci dos prefixos e sufixos. Gostava deles tanto quanto de progressão geométrica.

Morfemas

Os prefixos e sufixos são conhecidos como morfemas, aquilo que dá forma à palavra. São elementos que se juntam para formar novas palavras. Podem vir no começo ou no fim delas. Como exemplo podemos ter a palavra “desgraça”, que depois de receber o prefixo “des”, perde a graça. É assim com muitas palavras. Aliás, o prefixo “des” é um dos mais fortes da língua portuguesa. Sua força tem dois sentidos, para o bem e para o mal.

Palavras do Mal

O prefixo “des”, no sentido negativo pode “destruir” uma palavra. Destruição, por exemplo, é como uma des-construção, só que forçada, como numa guerra. Quando falamos de preconceito, é preciso desconstruir, decompor calmamente os conceitos para que sejam retirados os sentidos negativos. Desespero é outra dessas palavras negativas. Representa a falta de esperança. Viktor Frankl, médico austríaco que sobreviveu ao holocausto, costumava dizer que o desespero é falta de sentido, algo muito pior do que o sofrimento, que leva à libertação. Entre outras tantas, não podemos esquecer do desrespeito. Essa todos conhecem e convivem diariamente. É pior que a falta de respeito, que pode até ser involuntária. Desrespeito é uma atitude pensada e praticada para o mal. Falta espaço, mas sobram exemplos: destempero, desatino, desânimo.

Palavras do Bem

Destemido é um exemplo que pode servir para o bem. Significa não ter medo e não anda de mãos dadas com o desrespeito. Despojado é outra palavra interessante. É algo que representa ausência de acumulação. O sujeito despojado é aquele que não deixa espólio, herança. É o contrário do acumulador. Desmentir também é bom exemplo, pois retira a força de uma falsa verdade, comprovando a mentira. É como desnudar, despir. Tirar o véu que esconde a mentira. Torná-la nua e crua. Mas de todos esses morfemas, o que mais me impacta é a despedida. É quando não podemos pedir mais nada a alguém. Seja o funcionário despedido, do qual não podemos mais contar com o trabalho, seja quando dizemos adeus. Pensando bem, a despedida não é, nem boa, nem má, é triste.

Aprendizado

Esses dias de guerra têm sido de grande aprendizado. Há momentos em que a empatia nos torna palestinos. Noutros, percebemos a “descrença” na paz dos homens, quando se tornam públicas as atrocidades do grupo terrorista. Essa celeuma toda, no entanto, me traz algumas hipóteses: seria esta, uma guerra contra o sentido da democracia? Se a Faixa de Gaza fosse um Estado democrático isso estaria acontecendo? Será que não está por acontecer uma inversão de valores? Os defensores de Gaza não seriam antidemocratas? E olha, esse discurso parece o do oito de janeiro, mas completamente invertido quando visto com a lente desta guerra. Desencantos e desassossegos. Desordem e regresso, no aniversário da República.

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