O leitor sabe que ando cansado de falar sobre a política brasileira. Mas como vivo em Portugal, resolvi fazer um pouco de fofoca e hoje vou contar como anda a cena política por aqui. Farei isso  a partir de um texto que será publicado no Jornal Fórum da Covilhã, onde escrevo uma vez por semana. E como por lá (para mim, por aqui) o texto é um pouco maior do que este espaço, vamos dividí-lo em duas parte, uma hoje, outra amanhã.

Origens

Desde o tempo do Império, Portugal imprimiu muitos comportamentos na memória e na vida dos brasileiros. O tal “jeitinho brasileiro”, em verdade, é bem português. Não na forma de criar alternativas, mas no contexto de levar vantagem. Diante de certas semelhanças, as impressões nos permitem traçar alguns paralelos no aspecto político, que internacionamnete têm replicado as mesmas receitas de fracasso, com algumas exceções. O resultado não poderia ser outro: uma esquerda e uma direita, com mais ou menos extremos, a dar causa à existência de uma e de outra. E de tão diferentes que se acham, acabam por ter atitudes e discursos oportunistas muito parecidos.

O caso das malas

A começar pelo caso das malas, que no Brasil, foram usadas quando a grana já não cabia mais nas cuecas. Dinheiro de corrupção. E não é que aqui em Portugal um deputado da “extrema direita” está sendo investigado por roubar malas nas esteiras do aeroporto. Buscas em seu gabinete encontraram cinco delas. Realmente uma situação muito pitoresca e provinciana. Ao assistir ao noticiário chegamos a pensar se tratar de uma comédia. Dessas, que com o tempo elegem até presidentes, como aconteceu na Ucrânia. A exemplo das descondenações que ocorrem no Brasil só falta dizerem que nada foi subtraído e que tratavam de malas vazias. Veremos!

Narrativas trocadas

Até mesmo os brasileiros já devem conhecer ou ouvido falar no André Ventura. Um sujeito com a barba ralada, parecida com a dos irmãos metralha. É o lider do Partido Chega, muito alinhado a Jair Bolsonaro. Ventura disse, há algum tempo, que os imigrantes só eram bons se partilhassem da mesma cultura dos portugueses. Sorte para os brasileiros. Na época, a esquerda bradou contra Ventura. Mas como se aproximam as eleições municipais, o líder do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, apareceu com esse mesmo discurso e até elogiou o atual governo que o suscedeu. Esqueceu-se, todavia, que ele foi governo até o ano passado e que todos os problemas que aí estão, seu partido ajudou a dar causa, como os problemas na habitação. Só falta agora o socialista adotar o mesmo corte da barba de Ventura e teremos ainda mais dificuldade em saber quem é quem, como se fossem duas Mortáguas, as duas gêmeas idênticas e que são deputadas pelo Bloco de Esquerda.

O caso das imobiliárias

Portugal vive um sério problema habitacional, muito em parte, devido à imigração em massa promovida pelo governo socialista que antecedeu o atual. Esse que Pedro Nuno Santos esqueceu que fazia parte. Como medida para mitigar o problema, a legislação que trata do uso do solo foi recentemente alterada, passando a permitir que terrenos rurais pudesem receber construções novas, o que no tempo socialista não era permitido. Nesse caso, chamou atenção que um Ministro de Estado abriu duas imobiliárias recentemente. Teria o Ministro intenção de ganhar algum dinheiro com isso? Seja como for, foi motivo de escândalo e questionamento. Ora, é claro que ele poderia estar se aproveitando de informação privilegiada, mas por enquanto não apareceu nenhuma transação, apenas a abertura das duas imobiliárias. Por precaução, já querem a cabeça do Ministro. Talvez assim ele possa ter mais tempo para se dedicar ao novo ramo de atividade.

Amanhã tem mais

Se o leitor gostou das fofocas daqui, amanhã tem mais. Saibam, entretanto, que a fofoca vai e vem. O que significa dizer que, se não ando a escrever sobre política neste espaço, é porque tenho outro, onde a liberdade de expressão ainda não está tão arriscada como no Brasil. Vantagem de se escrever para dois jornais. Até amanhã!