Fofocas portuguesas – Parte II
A coluna de hoje é uma continuação do texto que publiquei ontem. E como falar de política no Brasil anda meio chato, resolvi fazer fofoca sobre a a cena política portuguesa, o que é quase a mesma coisa. Ontem contei sobre um deputado do Partido Chega (extrema direita) que foi acusado de roubar malas na esteira do aeroporto. Noutro parágrafo, falei sobre o líder do Partido Socialista, que às vésperas das eleições municipais, resolveu copiar o discurso do líder do Chega de André Ventura (extrema direita). Qualquer semelhança entre Lula e Bolsonaro é mera coincidência.
O caso das portagens (pedágios)
O governo António Costa, do Partido Socialista, esteve à frente de Portugal por longos oito anos, até deixar o governo por suspeitas de corrupção. Durante este período, a região da Beira Interior, onde vivo, manteve a característica de ter menor densidade populacional e um menor desenvolvimento econômico. Porém, depois de o PS deixar o governo, há praticamente um ano, ressurgiu uma discussão sobre o fim dos pedágios nas autoestradas que ligam o interior. Assim que a Assembléia da República (que corresponde ao Congresso daqui) aprovou o fim das portagens o Partido Socialista saiu a espalhar cartazes pelas cidades dizendo: “Em que pese o governo, as portagens (pedágios) vão acabar por causa do Paritdo Socialista”.
Como interpretar isso?
Por que razão somente os pedágios de uma região seriam desativados? Seria para promover o desenvolvimento regional, como fez Tarso Genro (PT) em seus últimos dias com governador? Por “causa” do PS como dizem os cartazes? Teria o Partido Socialista dado causa ao subdesenvolvimento? O que se sabe é que enquanto esteve no governo, o PS não criou iniciativas para mitigar as diferenças estruturais e econômicas das regiões menos desenvolvidas. Detalhe é que o partido de André Ventura, no outro extremo, também votou pela extinção das portagens e agora também quer sair na foto como pai da criança. Só falta pedirem tesde de DNA para saber quem é o pai da criança.
Cenas portuguesas
Essas são, digamos, comédias da vida política portuguesa. Poderiam ser divetidas, não fossem verdade. É como a tal Teoria da Ferradura. Por mais que não seja consagrada pela Ciência Política, ela argumenta que os extremos, independentemente de suas aparentes posições opostas, acabam por se aproximar devido aos posicionamentos alternados com que se identificam. Essa forte atração cria a ilusão de uma reta (torta) em formato de ferradura, de tanto que se aproximam. Algo que tem ocorrido com muita frequência no Brasil de hoje. Faltam vacinas, a Amazônia queima ainda mais, há inflação e tantos outros problemas que o atual governante insistia em apontar Bolsonaro como culpado. Se antes era a Abin paralela, hoje é a vez do IBGE. Agora pode?
Tem mais
O Bloco de Esquerda, um partido como o PSOL, vive condenando as empresas que demitem funcionários. Dizem que os empresários só pensam no dinheiro, que não respeitam as pessoas e toda aquela conversa que já conhecemos. Mas na semana que passou, o partido precisou demitir cinco mulheres de seus cargos para pode conter custos. Então fica a pergunta? Por que os empresários, quando em dificuldade, não podem demitir se um partido de esquerda, na mesma situação assim o faz? A resposta é tão simples quanto cuspir para o alto.
O que fazer?
Por mais excludente que seja o ambiente político, por mais trapalhadas – ou parvoíces – como dizem os portugueses, não podemos ficar alheios à cena política. Como há muito tempo pensava Platão, o castigo dos homens capazes, que se recusam a fazer parte das questões governamentais, é ter de viver sob o regime dos incapazes. De toda forma, vou ficando por aqui, antes que resolvam me colocar num avião e me mandarem de volta ao Brasil.