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Especial

Reconhecimento ao cuidar de vidas

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Tatiana Bernardi
Por Izabel Seehaber
Foto Izabel Seehaber

Que tal contarmos a história de uma mulher que atua na área da saúde, não economizou esforços, estudou e conquistou reconhecimento profissional? Você pode estar pensando: “Conheço muitas pessoas assim”. Pois bem, o exemplo da Tatiana Bernardi vai representar muitas profissionais que lutam diariamente para ir muito além do cumprimento de funções, mas praticar o exercício moral, ético e a realização pessoal.

Atuando na Fundação Hospitalar Santa Terezinha há 18 anos, Tatiana atualmente é supervisora do setor de Assistência da entidade. Em entrevista ao Bom Dia, ela lembrou o tempo que ingressou no Hospital e também a trajetória de sucesso, reconhecimento e gratidão. De pensar que tudo começou com uma oportunidade de estágio. “Tudo começou no espaço da Pediatria onde fiquei por seis anos. Depois fui transferida para a UTI Neonatal. Um pouco depois foi convidada para assumir a gerência da UTI Neonatal e também a UTI Adulto. Mais tarde veio o convite para supervisora geral da instituição”, comentou.

Em paralelo à vida profissional, Tatiana relata que seu filho tinha oito meses de idade, quando ela ingressou no curso de Enfermagem e depois de quatro anos, começou a trabalhar no hospital. “Foi um desafio, pois comecei na área materno infantil, e, ao mesmo tempo, uma conquista e uma busca muito intensa. Comecei aprimorar meus conhecimentos e atualmente tenho três especializações”, salienta.

A cada convite, Tatiana recorda a mistura de sentimentos... Ao passo que era gratificante, surgia o compromisso reforçado por mais responsabilidades, além dos ‘tradicionais’ medos. “Sempre temos que ter em mente que na enfermagem não podemos errar, temos que ser muito corajosas, aperfeiçoar os conhecimentos e em primeiro lugar: gostar de pessoas e saber que não conseguimos trabalhar sozinhas”, ressalta, citando ainda, que “deve ser retirado esse mito de “anjos de branco” e mostrado que somos pessoas especializadas, que vão em busca de seus objetivos, prestam o primeiro atendimento e, por isso, estamos na linha de frente”, reforça.

Mesmo com toda a força e persistência, Tatiana não esconde que equilibrar a vida pessoal com a profissional não é tarefa fácil. “Foi difícil pois, sendo mãe sempre nos preocupamos muito. Há momentos em que eles ficam doentes, tem a preocupação com toda a família. No entanto, quando queremos algo, buscamos. Tinha que estudar quando meu filho estava dormindo, deixar ele com a família para buscar cursos, fazer estágios”, lembra emocionada.

 

O cuidado com quem mais precisa

No momento que foi questionada sobre como lidou e lida até hoje com as situações do dia a dia e sobre o relacionamento com os colegas, Tatiana é direta: “no começo ficamos um pouco assustadas, pois sabemos que a responsabilidade é ampliada. Saber lidar com isso é importante, os cuidados serão mais que redobrados. Sabemos que temos a competência mas o medo prejudica um pouco”, pontua.

Para tentar entender melhor tudo o que estava acontecendo, Tatiana procurou ajuda. “Conversei com várias pessoas, profissionais que estão há mais tempo na instituição, a psicóloga também, e todos disseram que eu tinha condições de assumir as funções as quais estavam sendo ofertadas. O medo é um limite mas eu não podia deixar ele me impedir”, destaca.

No cotidiano de trabalho os fatos são os mais variados. Acontecimentos positivos e muitos outros tristes, complicados e que exigem equilíbrio físico e psicológico. “Não é fácil, pois o paciente – e muitas vezes os familiares também – buscam auxílio, afinal estão enfrentando um momento de dor, preocupação. Temos que saber nos colocar no lugar do outro, ter empatia, pensarmos: como que eu gostaria de ser tratada se estivesse ali”, afirma.

Por falar em dia a dia de trabalho, a enfermeira ressalta que a equipe profissional do Hospital é especial e muito eficiente. “Nos reunimos, conversamos e procuramos tratar a todos sempre da melhor forma possível, buscando priorizar o aconchego e o bem-estar do paciente. Procuramos compartilhar esses sentimentos com todos”, cita.

Atualmente, segundo Tatiana, há muitas profissionais na enfermagem que são mulheres e a maior parte do público masculino são os médicos. “Nosso relacionamento é muito bom, hoje em dia existe muito mais valorização dos profissionais de enfermagem que estão se especializando. Temos condições de fazer contestações, caso percebamos que determinada prescrição não está sendo muito adequada às situações de alguns pacientes, por exemplo. Trocamos ideias com os médicos focando nos melhores resultados”, afirma, reiterando que a enfermagem tem a função de facilitar os processos e que a liberdade para discutir sobre os métodos pode contribuir muito no êxito do trabalho.

 

A inspiração e o conselho

Já ao fim da entrevista, Tatiana falou sobre a inspiração que teve a partir do amor, orgulho e convivência com a própria mãe, que já é falecida. “Ela foi atendente em um hospital do interior. Naquela época ela fazia atendimentos que atualmente são feitos por um técnico de enfermagem. A profissão chamava a minha atenção, conversávamos muito e foi uma grande inspiração para mim”, destaca.

Quando a pergunta final é: “deixe uma mensagem a seus colegas de profissão, principalmente às mulheres”, Tatiana é objetiva e demonstra novamente a força e o comprometimento na sociedade. “Enfrentem os desafios. Quando surgirem convites para desempenhar outras funções na enfermagem, aceitem essas oportunidades. Outra dica, não esqueçam que hoje em dia não conseguimos trabalhar sozinhas, temos que contar com uma equipe multidisciplinar. Atuamos em uma profissão voltada ao cuidado de pessoas. Nenhuma máquina vai ocupar o lugar da enfermagem. Podem existir muitos equipamentos, mas nada substitui o trabalho de um profissional”, ressalta.

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