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Erechim 101 anos

"Erechim deve investir em infraestrutura para garantir o seu crescimento"

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"Sem investimento em infraestrutura o crescimento será muito lento tendendo a estagnar a economia de
"Para que a mobilidade urbana aconteça é necessário entender que os carros não podem crescer na mesm
Por Igor Dalla Rosa Müller
Foto Divulgação

Quais são os desafios para os próximos anos na área de infraestrutura? "Sem dúvida alguma é necessário dar prioridade às áreas de estradas e de transporte", afirma o engenheiro civil, mestre em engenharia de Infraestrutura e Meio Ambiente, Fabiano da Silva Jorge, empresário e professor universitário na área de Estradas, Pavimentação e Transportes na URI de Erechim e Unisinos. Confira mais detalhes sobre esse assunto na entrevista a seguir:

BD: Olhando para Erechim como cidade polo do Alto Uruguai, quais os desafios na área de infraestrutura, estradas, ferrovias, saneamento básico, aeroporto, energia, transporte, tratamento de água, entre outros, para os próximos anos?

Fabiano: Os desafios são enormes e, se considerarmos o cenário econômico atual, podemos dizer que os desafios se tornam gigantes. Mas é necessário olhar para os próximos anos sendo visionário e buscar alternativas para deixar Erechim e região preparadas para crescer. A infraestrutura de Erechim precisa ser pensada e planejada de forma a garantir um equilíbrio no sistema, pois o crescimento traz consigo a necessidade de que haja saneamento básico, energia, transporte, tratamento de água, estradas, entre outros, funcionando em harmonia, caso contrário, não haverá crescimento e sim estagnação no crescimento local e regional já que Erechim é a cidade referência do Alto Uruguai.

BD: Quais dessas áreas na tua avaliação são prioritárias e precisam ser implantadas para Erechim e região voltar a se desenvolver?

Fabiano: Sem dúvida alguma, é necessário dar prioridade às áreas de estradas e de transporte. Estradas rurais que recebem pavimentação condicionam o setor primário a terem melhores desempenhos de qualidade e custos finais nas suas produções e isso reflete na mesa do consumidor. As ruas do município, com a conservação em dia, proporcionam inúmeros ganhos à população como menos tempo de deslocamento, menos custos com manutenção veicular, mais segurança, mais conforto, além de gerar um sentimento real de cidade bem cuidada e bonita, o que consequentemente aumenta a autoestima populacional. A área de transporte deve ser prioritária para os próximos anos, ou teremos o caos das grandes cidades batendo em nossas portas, muito em breve. A mobilidade é urgente, ela pede espaço constantemente aos governos, pois precisamos equilibrar os meios de transporte em nossa cidade. Os engarrafamentos serão inevitáveis e desta forma é necessário pensar em meios alternativos como as prefeituras de Porto Alegre e Curitiba que investem constantemente em ciclovias para bicicletas e patinetes elétricos. A prefeitura de Curitiba lançou o Plano de Estrutra Cicloviária que contemplará a duplicação de 200 km até 2025. Atualmente a cidade tem 208,5 km de ciclovias e assim até 2025 terá 408 km. Porto Alegre tem atualmente 41 km e o Plano Cicloviário prevê 495 km. A cidade de Curitiba ainda possui uma linha tronco de ônibus com corredor verde (sinal sempre aberto nas sinaleiras) que é exemplo para o Brasil inteiro. Ou seja, Erechim pode fazer história optando por avançar nas questões de transporte antes que o transporte "engula" o crescimento potencial da cidade.

BD: Na sua visão como é possível vencer as limitações na área de infraestrutura local e regional, sendo que ano após ano, sucessivos governos não resolveram esse problema?

Fabiano: Na minha opinião, o grande desafio é planejar sem a interferência política-partidária. Sim, a política-partidária acaba por travar muitas vezes o crescimento das cidades, dos estados e do Brasil como um todo. Defendo a ideia de planejamento a médio e longo prazo, ou seja, planejamentos que passam de quatro anos de governo para serem implantados e que o próximo governo deve manter a continuidade. Só assim, iremos efetivamente avançar nas questões de infraestrutura local e regional.

BD: O turismo é uma área que poderia ser alavancada com mais infraestrutura, acessos asfálticos interligados, aeroporto, mais facilidade e qualidade de transporte?

Fabiano: Sem dúvida, Erechim e região possuem potencial de exploração no turismo, mas sem investir em acessos asfaltados e interligados, sem ter um aeroporto funcionando comercialmente e sem ter meios de transporte local que permitam interagir os pontos turísticos com a rede hoteleira, será improvável a expansão do turismo. O planejamento da infraestrutura no município se bem pensado vai, ao natural, promover o crescimento do turismo na região.

BD: Outro exemplo que pode contribuir com a qualidade de vida da população é a ciclovia, ciclofaixa, como também transformar a abandonada ferrovia em um VLT (veículo leve sobre trilhos). No caso da ciclovia, inclusive, já há mais de um projeto realizado por universidades locais. Tendo como exemplo esses projetos, que modernizam e humanizam o espaço urbano, por que há dificuldade do poder público se apropriar desse conhecimento e melhorar a condição de vida da população?

Fabiano: A dificuldade está, muitas vezes, relacionada com a quebra de paradigmas. Para que a mobilidade urbana aconteça é necessário entender que os carros não podem crescer na mesma proporção da população e assim novos meios se fazem necessários para que as pessoas possam se locomover. A ciclovia é um meio que além da mobilidade proporciona uma melhora na qualidade de vida das pessoas e consequentemente há uma redução com custos na saúde, ou seja, um investimento que se paga completamente. O VLT (veículo leve sobre trilhos) poderia ser uma ótima alternativa na rede ferroviária desativada no município, pois é um transporte econômico e que por ser sobre trilhos se torna rápida a locomoção. Seria necessário um investimento para a revitalização na linha de trilhos e adquirir os veículos leves, investimento este que poderia ser obtido através de uma parceria público-privada. A utilização da linha ainda dependeria da autorização da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

Em resumo, Erechim tem potencial para implantar vários meios de transporte e assim melhorar a qualidade de vida não só da população de Erechim, mas de todos que nela diariamente passam incrementando a economia do município e região.

BD: E, nesse mesmo sentido, com o crescimento da cidade, é necessário além de oferecer infraestrutura básica, rede de esgoto, iluminação, calçamento, a construção de espaços públicos? É importante para a qualidade de vida?

Fabiano: Sim, os espaços públicos se referem aos locais onde acontece a interação da comunidade com sua cidade, é onde ela pode valorizar sua cidade, criar hábitos saudáveis para sua saúde como correr, fazer caminhadas, fazer ginástica ou mesmo utilizar as academias ao ar livre. Os espaços públicos possibilitam o convívio social urbano, tão difícil nos dias atuais onde o convívio é somente para tratar de negócios. Investir em espaços públicos é criar espaços de vida e esperar a satisfação das pessoas e consequentemente a melhora na qualidade de vida delas como retorno imediato.

BD: Fazer financiamentos, parceria público-privada, consórcios regionais, pedágios, seriam alternativas para os municípios vencerem a falta de investimento público do Estado e da União na área de infraestrutura?

Fabiano: Sim, mas não podemos esquecer do planejamento. Se não existir um planejamento adequado, podemos simplesmente jogar os recursos pela sarjeta e não resolver os problemas. Talvez seja o momento das parcerias público-privada e consórcios regionais, pois os financiamentos estão escassos e acabam impondo uma onerosa dívida para os municípios, enquanto que os pedágios são mais eficazes nas rodovias estaduais e federais. Um exemplo interessante é o CIRSURES (Consórcio Intermunicipal de Resíduos Sólidos Urbanos da Região Sul), consórcio que além de resolver o problema da coleta e destinação dos resíduos sólidos dos municípios consorciados, resolveu o problema de asfaltar mais com menos recursos já que produzem seu próprio asfalto sem a necessidade de contratar empresas para tal serviço. Um bom exemplo que poderia ser seguido pelos municípios do Alto Uruguai.

BD: Sem resolver as deficiências na área de infraestrutura Erechim e Alto Uruguai vão conseguir se desenvolver? Ou a tendência é estagnar, sucumbir sem renovação da atividade econômica pela limitação de infraestrutura?

Fabiano: Não há crescimento sem investimento, nenhuma empresa cresce no cenário econômico se não fizer investimentos e isso vale para os municípios, isso vale para Erechim. Sem investimento em infraestrutura o crescimento será muito lento tendendo a estagnar a economia de Erechim e paralelamente da região Alto Uruguai. Nas crises econômicas surgem novas atividades empresariais e Erechim precisa estar preparada para acolher estas renovações econômicas.

BD: O que gostaria de ressaltar sobre infraestrutura?

Fabiano: Um País se renova quando investe em infraestrutura, pois ela tem a capacidade de deixá-lo mais competitivo no mundo global. Erechim é a cidade polo do Alto Uruguai e, para continuar sendo, deve investir em infraestrutura para garantir o seu crescimento. Investir na infraestrutura é tornar a cidade mais desejada para investidores e assim melhorar ainda mais a qualidade de vida para a maioria de sua população local e consequentemente da região.

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