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Dia para celebrar o Orgulho LGBTQIA+

Em Erechim, Melissa Brouwenstyn fala sobre a importância da data, os ganhos e o preconceito

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Melissa
Por Carlos Silveira
Foto Arquivo pessoal

 Junho é um mês comemorativo para o Brasil e para o mundo, pois é lembrado, no dia hoje, 28, o Dia do Orgulho LGBTQIA+, do orgulho à diversidade e de dar ênfase a data que ficou marcada na história após a Rebelião de Stonewall, no ano de 1969, momento em que policiais invadiram o bar The Stonewall Inn em Nova York, nos Estados Unidos. O ato gerou protesto que deu início ao movimento do orgulho gay e a luta pelos direitos LGBT.  

Mas, o que devemos lembrar neste dia, ou o que fazer para que o preconceito seja coisa do passado e as pessoas possam viver livres e felizes, independentemente de sua opção sexual. Dentro de cada ser humano existem sentimentos, sonhos, ambições e vontade de ser reconhecido naquilo que faz e pelo o que é. O corpo, como um passaporte, é apenas a passagem, mas o ser humano que se é, é o mais importante durante toda a vida de um indivíduo.

No Brasil, o 1º Encontro de Homossexuais Militantes se realizou na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no dia 16 de dezembro de 1979. Ele foi importante para mostrar como o movimento LGBT estava ganhando força. Entre as resoluções propostas no encontro, estavam a reivindicação de incluir o respeito à “opção sexual” (como era conhecido na época), na Constituição Federal, além de uma campanha para retirar a homossexualidade da lista das doenças mentais.

Fundação da Associação de Travestis e Liberados

O ano de 1992 foi muito importante para as pessoas travestis e transexuais, que era ainda muito marginalizado e ignorado. Foi neste ano que foi fundada da Associação de Travestis e Liberados (Astral), no Rio de Janeiro.

Primeira parada do orgulho LGBT

 Foi em junho de 1997 que ocorreu a 1ª Parada do Orgulho LGBT no Brasil, na Av. Paulista, em São Paulo.  Atualmente, ela é conhecida como a maior do mundo e reúne milhares de pessoas todos os anos.

Proibição da “cura gay”

Apesar de não ser considerada uma doença nem pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1990, muitas famílias e pessoas ainda tentavam impor a sexualidade heteronormativa, gerando “tratamentos” como a “cura gay”. A prática só foi proibida pelo Conselho Federal de Psicologia em 1999.

União estável entre pessoas do mesmo sexo

 A legalização para a união estável entre pessoas do mesmo sexo era uma pauta desde 1995, mas foi só em 2011 que ela foi aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, os casais homoafetivos foram reconhecidos como entidade familiar e passaram a poder realizar a adoção conjunta.

Transgêneros podem alterar o seu registro civil em cartório

 O uso do nome social foi permitido em 2016, mas as pessoas trans ainda eram obrigadas a andar com documentos que não eram compatíveis com sua identidade. Em 2018, o STF autorizou a mudança do nome de registro de transexuais e transgêneros, mesmo daqueles que não passaram por cirurgia.

Criminalização da homofobia

 O Brasil é um dos países com maior índice de LGBTfobia, sendo considerado um dos países que mais discrimina e mata pessoas LGBTs no mundo. Por isso, mesmo que a criminalização da homofobia em 2019 não garanta a punição para quem é homofóbico, ela ajuda a combater discursos preconceituosos.

Em Erechim

 Para falarmos um pouco mais sobre este dia, saber como se sentem, os sonhos e as dificuldades enfrentadas pelo preconceito, falamos com Melissa Brouwenstyn, 30 anos, manicure e maquiadora de profissão.

Com relação a comemoração do dia, Melissa destaca que algumas pessoas ficam confusas do porque comemorar, mas nada mais é do que uma forma de homenagear a todas as pessoas que lutaram pela causa em busca de direitos e respeito ao longo dos anos.

Ao falar do convívio na sociedade e o preconceito, ela acredita que isso é algo que as pessoas passam, cada uma com suas particularidades, mas todos experienciam alguma forma de preconceito. “O mais importante é sempre respeitar os motivos e dores dos outros para que todos convivam cada vez melhor em sociedade”, pontua.

Dificuldades

Falando em dificuldades enfrentadas no dia a dia, Melissa ressalta que são as oportunidades. “Nós queremos o que todas as pessoas querem: estudar, trabalhar, lazer, ter uma vida digna e confortável. Precisamos lutar, sempre, para que as pessoas tenham isso em suas vidas. A fórmula para passar bem o dia, é tratar todas as pessoas com o máximo de respeito que elas merecem, gentileza sempre dará bons frutos e mesmo que você não receba, a sua parte foi feita”, garante.  

Aceitação

Quando se fala em aceitação, Melissa aponta que, o primeiro passo é a aceitação pessoal e, a partir disso se você for uma pessoa honesta, solidária e estiver sempre trabalhando pela construção de uma sociedade melhor, não existem motivos para que não exista a aceitação externa. “Caso ela não exista, então o problema está no outro, e não em você”, garante.

Neste universo devemos pontuar as conquistas até agora e, para tanto, Melissa garante que muita coisa mudou em pouco tempo e que a revolta de Stonewall foi somente em 1969, o que para a história é muito pouco tempo. “Desde então o preconceito já diminuiu bastante, mas não se pode fechar os olhos para a existência de diversos problemas. Já conquistamos a união entre pessoas do mesmo gênero, a retificação de nome e gênero, porém a violência ainda existe. Não podemos esquecer que o Brasil é estatiscamente o país que mais mata pessoas trans e travestis e em diversos casos de forma extremamente violenta. Grande parte dessa população ainda se encontra em situação de rua ou na prostituição de forma compulsória, então apesar das diversas conquistas, existe muito pelo que lutar”, pontua.

Sociedade

No que se refere ao papel da sociedade para mudar a discriminação e aumentar a aceitação, Melissa diz que ela deveria oportunizar maiores oportunidades, principalmente na geração de emprego, maior incentivo em capacitação profissional e abrir espaço para a contratação de pessoas trans. “Somos pessoas comuns com os mesmos talentos e habilidades que todos os outros, mas vejo essa porta sendo fechada o tempo todo para diversas pessoas por um motivo que em nada afetaria a execução do trabalho”, lamenta.

Com relação a data de hoje, Melissa destaca que o que acontece todos os dias não pode ser tolerado por ninguém, pois respeito e dignidade é algo que todas as pessoas merecem receber em suas vidas. “A data é celebrada com festa, mas é preciso sempre ter consciência do motivo e sempre lutar para que todos vivam suas vidas de forma digna”, finaliza.

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