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Pesquisador Vitélio Brustolin faz uma análise após ataque do Hamas em Israel

“Retaliar fica numa situação complicada, pois quanto mais se urge a resposta com menos efeitos colaterais para a população, melhor fica para Israel no cenário mundial” garante

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Por Carlos Silveira
Foto Arquivo BD

O conflito entre palestinos e israelenses se iniciou na década de 1940 e foi motivado pela disputa da Palestina. Se arrastando há várias décadas, culminou, neste sábado, 07, com um ataque terrorista surpresa através do Grupo Hamas à Israel o que coloca todo o mundo em choque, visto ser, hoje, o segundo conflito em andamento, já que a guerra entre Rússia e Ucrânia também se arrasta sem nenhuma, atualmente, possibilidade de um tratado de paz.

 Militares israelenses dizem que o ataque surpresa lançado pelo Hamas no sábado pode ser comparado aos atos terroristas de 2001 contra os Estados Unidos. “Este é o nosso 11 de setembro. Eles nos pegaram”, admitiu um porta-voz das forças armadas do país, enquanto outro militar comparou os eventos recentes ao ataque de Pearl Harbor, realizado em 1941.

Ofensiva  

A ofensiva do Hamas contra o Estado de Israel começou às 6h30 de sábado com os disparos de foguetes de vários locais de Gaza. Em seguida, começaram os ataques de entre 200 e 300 combatentes palestinos infiltrados em Israel a diversas localidades próximas ao território

 Os combatentes do Hamas começaram o ataque na madrugada de sábado com uma enorme barragem de foguetes contra o sul de Israel, dando cobertura a uma infiltração multifacetada e sem precedentes de combatentes em Israel a partir de Gaza, uma faixa estreita que abriga 2,3 milhões de palestinos.

  Há relatos de mísseis sendo disparados a partir de Gaza em direção a algumas cidades israelenses. Algumas explosões foram ouvidas em Jerusalém. Essa foi a mais violenta ação em território israelense dos últimos 50 anos.

 Anteriormente, os militares disseram que os combates estavam ocorrendo em “sete ou oito” locais dentro do território israelense. Mais de 700 pessoas foram mortas em Israel desde que o Hamas lançou os ataques, incluindo 260 que participavam de um festival de música

 Em Gaza, 511 pessoas morreram depois de Israel ter lançado ataques aéreos em retaliação, segundo a Autoridade Palestina. Israel diz que “a maioria” dos pontos de acesso de Gaza para Israel foram fechados, principalmente com tanques.

 Em uma postagem na rede social no sábado, o primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que a Palestina “pagará um preço sem precedentes” pela ofensiva. “Desde esta manhã, o Estado de Israel está em guerra”.

 O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, diz que os militares recuperaram o controle de todas as comunidades perto da barreira de Gaza — mas confrontos isolados com homens armados palestinos continuam a acontecer.

          O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, ordenou um “cerco completo” à Faixa de Gaza: “Sem eletricidade, sem comida, sem combustível”, disse ele.

 O Hamas como um todo, ou em alguns casos sua ala militar, é designado como grupo terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, bem como por outras potências. O Hamas é apoiado pelo Irã, que o financia e fornece armas e treinamento há 13 horas

 As guerras árabe-israelenses foram os conflitos travados entre Israel e as nações árabes ao longo do século XX. Esses conflitos iniciaram-se a partir da criação do Estado de Israel em 1948 e foram motivados pelo controle da Palestina. Ao todo, foram disputados quatro conflitos entre israelenses e as nações árabes

Uma análise do conflito

         Para ter uma análise mais profunda sobre o conflito, o jornal Bom Dia procurou o erexinense Vitélio Brustolin, advogado, pesquisador da Universidade de Harvard na Califórnia, Estados Unidos, professor adjunto da Universidade da Colúmbia, também americana e professor da Universidade Federal Fluminense ensinando Direito Internacional, Estudos Estratégicos e Governança Global, que tem uma participação constante em noticiários locais.

         Como as armas são o grande problema das guerras causando morte e destruição, Vitélio destaca que para adquiri-las, o Hamas utiliza a via marítima e tuneis entre a Faixa de Gaza e o Egito, como tem a questão de uma tríplice fronteira que existe entre a faixa e Egito e Israel. As armas chegam através de componentes, sendo que em julho último foram apreendidas 16 toneladas de material que seriam usados para a fabricação de foguetes, mas que também pode ser usado pela indústria em geral, a base do gesso. “Este material vinha da Turquia. O cloreto de amônia que é utilizado para fazer o gesso também é utilizado para fazer foguetes, o M302, o Fagir que tem alcance maior e que podem ser usados da faixa de Gaza para atingir Telaviv, ou seja, a 92 quilômetros de distância, ou Jerusalém que está a 97 quilômetros de distância”, garante Vitélio.

Estratégia

         Com relação as ações do Hamas, garante que ela precisou de meses para ser elaborada e existe uma estratégia. “Até agora a gente discute o ato terrorista do Hamas, as pessoas mortas e sequestradas, mas existe propositalmente a intenção de provocar no mundo uma discussão sobre a proporcionalidade da resposta de Israel. Os bombardeios na faixa de Gaza que é imensamente povoada e, por mais precisos que sejam os mísseis de Israel vão acabar atingindo a população”.

“Também há a questão que a faixa de Gaza se assemelha a uma prisão, pois todos os lados são controlados. Tem uma questão que devemos definir, de que existe a causa palestina que é uma causa justa de criação de dois estados, e existe o Hamas, que é uma organização terrorista conhecida por vários países como tal, sendo que o Brasil não, o que pode a vir mudar depois de debate ocorrido na Argentina. Existe uma intenção do Hamas de que Israel entre com força máxima, que é o que a sociedade local gostaria que acontecesse. Retaliar fica numa situação complicada, pois quanto mais se urge a resposta com menos efeitos colaterais para a população, melhor fica para Israel no cenário mundial. Não fica parecendo tão opressor. É importante fazer esta diferenciação”, garante.

Geopolítica

Existe uma preocupação geopolítica que é a aproximação entre Israel e a Arábia Saudita, lembra Vitélio, pois desde 2020 Israel tem assinado acordos de reconhecimento mediado pelos Estados Unidos, de reconhecimento com outros países. A exemplo do Barém , Emirados Árabes Unidos, Sudão. A aproximação com a Arábia Saudita incomoda o Irã que é o principal financiador do Hamas. “A China intermediou neste ano em uma conversação entre o Irã e a Arábia Saudita, que foi considerada uma vitória diplomática, mas existe o posicionamento das potências na região, inclusive com o envio do Porta Aviões dos Estados Unidos, que é uma projeção de força. Se havia a intenção do Hamas de tentar atrair outros grupos para a sua causa, ou seja, a causa palestina, dentre eles o Resbolar, a presença de um Porta Aviões americano pode frustrar esta estratégia”, ressalta.

 

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