O aumento dos casos de dengue tem colocado a questão do saneamento básico também em evidência. A discussão ganha força ao considerarmos o saneamento como componente essencial para a promoção da saúde e qualidade de vida nas comunidades. Mas de que forma é possível pensar na relação entre saneamento e dengue? Você sabe a real situação do saneamento no seu bairro, na sua cidade? Para compreender a importância dessa articulação, conversamos com as professoras Cristiane Fuzinatto e Deise Paludo, do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim, que esclareceram alguns pontos e, também, destacaram a importância do engenheiro ambiental e sanitarista para a promoção da saúde pública.
Prof.ª Deise: “O saneamento básico é um componente essencial para a promoção da saúde e qualidade de vida nas comunidades. Ele compreende um conjunto de serviços e estruturas que visa garantir abastecimento de água potável, adequado esgotamento sanitário, limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos, assim como drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. A importância do saneamento básico vai além da simples melhoria na infraestrutura urbana, pois está diretamente relacionada à prevenção de doenças e à promoção da saúde pública. A incidência de casos de dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, é um exemplo dessa relação.
Prof.ª Cristiane: “Dados do Painel de Saneamento Brasil (SNIS, 2022) (https://www.painelsaneamento.org.br/) indicam que, no Brasil, 15,8% da população não possui acesso à água e 44,5% da população não é atendida pela coleta de esgoto. Já o Estado do Rio Grande do Sul possui 12,3% da população sem acesso à água e 64,2% sem acesso à coleta de esgoto. No caso do município de Erechim, os números informam que 4,3% da população não tem acesso à água e 100% da população está sem coleta de esgoto.”
Prof.ª Deise: “A água parada, seja limpa ou suja, é um dos principais fatores que favorecem a reprodução do Aedes aegypti, vetor da dengue. Assim, áreas urbanas que não contam com sistemas adequados de saneamento básico, como drenagem de águas pluviais, se tornam propícias à formação de criadouros do mosquito. A falta de esgotamento sanitário adequado pode levar ao acúmulo de efluentes, situação que também contribui para a proliferação do mosquito transmissor. Além disso, o fornecimento regular de água potável e a limpeza urbana com gestão adequada dos resíduos sólidos, são importantes ferramentas para reduzir possíveis criadouros do Aedes aegypti.”
Prof.ª Cristiane: “O painel de dados do Ministério da Saúde (https://www.gov.br/saude/ptbr/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aedes-aegypti/monitoramento-dasarboviroses) referente ao Monitoramento de Arboviroses indica que, entre janeiro e março deste ano, foram notificados mais de 2,4 milhões de casos prováveis de dengue no Brasil. Destes, aproximadamente 1,3 milhões foram confirmados. O Rio Grande do Sul, de acordo com o mesmo painel, possui mais de 37 mil casos confirmados da doença, que ocasionaram 47 óbitos confirmados. Importante apresentar aqui que, para o mesmo período, o número total de casos confirmados de dengue no Estado foi de aproximadamente 6 mil.”
Prof.ª Deise: “Neste contexto, o engenheiro ambiental e sanitarista é um profissional que desempenha papel central na promoção da saúde pública. Este profissional é qualificado para abordar integralmente demandas relacionadas ao saneamento básico e a preservação ambiental, desde a proposição de políticas públicas, projetos e execução de obras cruciais, como: coleta, transporte e tratamento de esgotos (tanto domésticos quanto industriais); drenagem e manejo das águas pluviais urbanas; captação, adução, tratamento e distribuição de água potável; gestão responsável de resíduos sólidos, incluindo coleta, transporte, manejo e disposição final adequada.”
Prof.ª Cristiane: “O engenheiro ambiental e sanitarista desempenha um papel fundamental na mitigação de problemas relacionados ao saneamento e a doenças transmitidas por vetores. A educação ambiental também é uma atividade inerente à atuação do profissional desta área, uma vez que ações desta natureza, envolvendo a população para a conscientização e prevenção, são fundamentais para a manutenção de condições sanitárias em diferentes ambientes.”
O curso de Engenharia Ambiental e Sanitária é um dos diversos cursos de graduação ofertados pela UFFS – Campus Erechim. Ele tem duração de cinco anos e, desde 2023, as aulas ocorrem no turno matutino, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 12h40. Saiba mais na página do curso (https://www.uffs.edu.br/campi/erechim/cursos/graduacao/engenharia-ambiental/perfil-do-curso) ou pelo telefone/WhatsApp (54) 3321-7048.
Deise Paludo é graduada em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mestre em Engenharia Ambiental pela mesma instituição e doutora em Ciências do Solo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Cristiane Funghetto Fuzinatto é graduada em Oceanografia pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), mestre e doutora em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).