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Especial

A casinha das bonecas

Longe da família, Marilene foi persistente na educação de Tainá e juntas forjaram um elo único e duradouro entre mãe e filha

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A filha, Tainá Deffaci Corassa e a mãe, Marilene Fátima Deffaci
Por Emerson Carniel
Foto Arquivo pessoal

A forte ligação entre Tainá Deffaci Corassa, 25, e a mãe, Marilene Fátima Deffaci, 56, vem desde o ventre quando, mesmo antes saber o sexo da filha, a dona de casa já tinha certeza que a cor das roupinhas seria rosa. “Até no ultrassom não aparecia o sexo. Aí eu disse assim: ‘Se você é menina, irá se chamar Tainá e você irá mostrar que é uma garota’. E realmente, ela que estava com as perninhas fechadas, abriu e mostrou que era uma mocinha mesmo. Foi um momento muito emocionante pra mim, porque lá no ventre ela já começou entender e conhecer a voz da mãe. Eu achei uma ligação linda desde os quatro meses”, contou.

Superação

Após a separação do marido, Marilene precisou superar o medo e doar o seu máximo na criação da filha. Longe da família, que morava em Itatiba do Sul, a ajuda vinha de colegas de trabalho e vizinhos. “Passei por dificuldades, sofri, no momento da separação veio a preocupação da criação dela, de achar alguém para cuidar, porque eu precisava trabalhar também. No começo foi um desespero, mas depois fui mentalizando coisas boas que eu iria superar as dificuldades”.

Lar doce lar

A infância de Tainá foi vivida em Farroupilha. A cidade foi o cenário de momentos emocionantes. Por meio de muito trabalho, esforço e economia, Marilene conquistou a casa própria. Quem via a moradia chamava de “casinha de boneca, pois era muito pequena, tinha 33 m², mas para mim e minha filha era nosso aconchego”.

Simbólico

O instante em que elas se mudaram para o novo lar até hoje sensibiliza Tainá ao recordar da ocasião. “O dia que fizemos a mudança para nossa casa, a gente se ajoelhou no chão de onde era para ser o meu quarto e minha mãe disse que aquela casa ninguém iria tirar de nós, era nossa. Foi um momento bem significativo e importante para mim. Naquele dia, nós rezamos e agradecemos por ter passado pelos obstáculos, pois tivemos bastante dificuldade financeira”, relembra.


 

Assalto

Entre as dificuldades que as duas tiveram de superar foi um assalto na casa. “Era uma sexta-feira, a gente estava chegando em casa, eu da escola e ela do trabalho, e a minha mãe disse que iria limpar a casa para aproveitar o sábado e o domingo para ficarmos juntas, porque não saíamos. Ela tentou desligar o alarme e não desligava. Destrancou a porta e o alarme não disparou. Quando ela entrou no meu quarto a janela estava arrombada”.

Segurança

Os saqueadores levaram vários pertences. Marilene ficou com muito medo depois do rombo, pois deixava Tainá sozinha em casa, e a segurança da pequena era a prioridade. Esse reconhecimento do cuidado é visto com orgulho pela filha. “Minha mãe é especial para mim, ela teve muita dedicação para me cuidar e educar. Foi muito empenho, porque não era fácil. Ela era sozinha, não tínhamos nenhum familiar próximo, somente vizinhos ou conhecidos. Se ela precisasse ir em algum lugar eu ficava na casa de um ou outro”.

Nova moradia

Quando Tainá tinha 11 anos, elas decidiram voltar para Itatiba do Sul para perto da família. “A decisão de sair de Farroupilha foi mais uma decisão da minha mãe em querer ficar perto dos pais dela. Viemos passear na casa dos meus avós e ela disse que iríamos colocar à venda nossa casa e voltaríamos para Itatiba. Alguns meses depois vendemos a casa, bem rápido, pois acho que era uma coisa para acontecer mesmo”.

Realizações

Os anos passaram e com o apoio pleno de Marilene, a jovem se formou em pedagogia, atualmente é mestranda em Educação e professora em uma escola do município. Estudar foi algo muito frisado na criação da pedagoga, além do apoio e união entre mãe e filha.

“ Amor que não tem explicação”

Tainá tenta expressar a admiração e a ternura em palavras. “Amo muito ela, é um amor que não tem explicação. Agradeço todo o carinho que ela teve comigo, por toda paciência, dedicação e todos os momentos de dificuldades enfrentados. Ela sempre me apoiou nos estudos, no trabalho, e quando a gente quer fazer alguma coisa está sempre apoiando dizendo: ‘vai lá e faz, tenta. Se deu certo, ótimo. Se não deu, você aprendeu’. A coisa mais importante que ela faz por mim é me apoiar”.

A ligação entre mãe e filha se renova dia após dia, pelo simples fato de sentir a presença uma da outra. 

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