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Especial

Minha mãe: uma fortaleza

Uma mulher que venceu o câncer duas vezes e é uma mãe apaixonada pelos filhos e pela vida

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Clereci e sua família
Por Gabriela de Freitas
Foto Arquivo Pessoal

Clereci Cecília Hermes Agnoletto, 74 anos, é mãe de André e Mateus, ambos naturais de Três Passos, hoje ela mora em Erechim há quatro anos. Ela trabalhou por muitos anos como professora, logo em seguida a família comprou uma farmácia e administraram o novo negócio. Por adquirirem o empreendimento farmacêutico, Clerici formou-se em Farmácia e quis que os filhos tivessem o mesmo propósito.

Os filhos são formados em Farmácia, Mateus continua na área, mas André decidiu cursar Medicina e hoje é Médico Oftalmologista. André conta que quando resolveu seguir outra área de saúde a mãe não ficou muito contente, pois esperava que o filho trabalhasse no estabelecimento da família. Com o tempo, ela entendeu que esse era o caminho que o flho havia decidido seguir e respeitou a sua decisão.

Mãe e professora

“Eu sempre trabalhei, a criação dos meus filhos foi com o auxílio das “tatas”, como chamávamos as babás. Era muito difícil ter creches, também tínhamos pouco tempo de licença maternidade, então naquele tempo necessitávamos de ajuda no cuidado dos meninos, até eles ficarem maiores. Teve épocas, no período que o André nasceu, que eu trabalhava três turnos. À noite, eu trabalhava na coordenação pedagógica de uma escola particular, sou formada em Pedagogia. Quando ele fez um ano, eu percebi que eu não tinha como conciliar tudo e tive que abrir mão de um dos empregos”, relata Clereci.

Mesmo com muito trabalho, Clereci sempre se dedicou aos filhos, participando de sua alfabetização, atividades da escola, o cotidiano dos meninos. A única queixa deles era a exigência de serem exemplos, por serem filhos de uma professora. “Eu participei de tudo, tanto que eles cansavam de dizer, principalmente o André que sempre foi meio crítico, ele dizia assim: “Por que eu tenho que ser filho de professora?? Na próxima geração não quero ser!”, conta Clereci rindo da lembrança do filho mais velho.

Obstáculos da vida

André relembra que quando moravam em Três Passos, eles tinham uma vizinha que era médica gineco-obstetra, a clínica era ao lado da antiga casa. Um dia, a médica havia recebido um equipamento de ultrassom, ao instalá-lo, convidou Clereci para fazerem um teste.

“Minha mãe foi lá por uma eventualidade para testar o equipamento da vizinha e foi ali que ela constatou que o tamanho do ovário estava irregular, que teria que fazer outros exames. Essa coincidência salvou a vida dela, de forma que conseguimos enfrentar essa adversidade, eu tinha doze anos e o meu irmão tinha nove, meu pai era representante comercial, então ele não parava em casa. Foi um momento delicado, mas conseguimos superar”, menciona André.

O primeiro câncer, ele explica que agora como médico sabe que o câncer de ovário é um dos piores prognósticos que se pode ter, porque quando é descoberto, geralmente já está em estágio mais avançado. Então, ele conta que na época era muito pior quando as pessoas descobriam a doença, mas o que fez ela ter êxito no tratamento foi o diagnóstico precoce.

A família passou por momentos difíceis durante o processo de cura, André salienta que ela era muito forte e se manteve firme. “Com todas as adverisdades, a nossa família não se desestruturou, apesar disso tudo continuamos unidos, meu pai, meu irmão, minha mãe, todos nós unidos por ela. E isso é fruto dela, ela lutou pela vida e aprendemos muito com isso”, salienta André.

“Esse acontecimento foi um marco na vida dos meus filhos, marido, da família, porque todos sofremos. No primeiro caso de câncer, os meninos estavam entrando na pré-adolescência, foi uma fase muito difícil. Tive a sorte que eu, como comecei muito nova no magistério, já estava praticamente aposentada, nós estávamos animados com isso, pois eu poderia ficar mais perto dos meus filhos, ainda não tínhamos a farmácia. Daí então, fui fazer exames de rotina que diagnosticaram o câncer. Fazer quimioterapia naquela época, em 1994, foi muito difícil, muito complicado. E para os filhos também porque eles não entendiam, e antigamente se falava muito pouco em câncer, e era quase uma sentença de morte, porque quando as pessoas descobriam já era tarde”, relembra Clereci.

Depois de 20 anos, Clereci enfrentou o problema mais uma vez. “Já tínhamos a farmácia, trabalhávamos bastante, justamente para poder custear os estudos dos meninos. Eu era professora, meu marido comerciante, não tínhamos muitos recursos. Eu estava bem de saúde, sempre fiz acompanhamentos médicos, fui fazer os exames de rotina e encontramos um câncer no instestino grosso. Procuramos resolver e ir atrás do tratamento, o André e o Mateus já eram adultos, estavam formados, eles ficaram muito apreensivos por terem que passar novamente por isso. Eles me disseram que na primeira vez a preocupação era a minha com eles, mas que naquele momento eles que iriam cuidar de mim. Conseguimos vencer essa batalha mais uma vez. Hoje, faz 10 anos, que superamos essa fase. Faço meus exames regularmente, sou uma pesso ativa e de muita fé, tenho muita espiritualidade e eu acho que isso me leva cada vez mais longe”, diz a mãe.

A força da mãe: um exemplo para o filho

O médico oftalmologista, André Hermes, ao falar sobre sua mãe, percebe-se o olhar de admiração e o carinho nas palavras. “Minha mãe é uma mulher, forte, resiliente e que não desiste tão fácil, ela sempre levou e direcionou a nossa família para o caminho certo”.

O filho a descreve como uma mulher ativa e até brinca ao dizer que ela tem “rodinhas” porque ela não para. “O que eu vejo nela é muita paz, sempre foi muito resiliente e perseverante, sempre seguindo em frente, resolvendo e enfrentando os problemas. O jeito dela levar a vida, sempre pensando na parte boa, nunca se deixando abater, levando a família nessa forma positiva, isso é o que eu mais levo dela pra a minha vida, e vou levar isso para os meus filhos também, para o meu filho Pedro agora, e caso futuramente, eu tenha mais filhos, com certeza eles irão aprender a agir da mesma forma. Eu aprendi com ela a lidar com a parte difícil da vida de uma forma que ela não fique tão difícil, e que possamos encontrar felicidade mesmo quando não é o nosso melhor momento”.

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