A pecuária é considerada uma das atividades mais importantes do Brasil e a base da alimentação de rebanhos ovinos e bovinos, é composta pelas pastagens. Entre os motivos é que, quando se compara os custos de produção da alimentação de rebanhos, ela aparece como uma fonte mais econômica.
Do mesmo modo, a alimentação dos animais impacta diretamente nos resultados de produção. Para explicar melhor o assunto, um bate-papo com o engenheiro agrônomo e coordenador de pastagens da Cooperalfa, Alexandre Ramos. Ele ressalta que as plantas forrageiras desempenham funções importantes, que refletem tanto no aspecto econômico, quanto na sustentabilidade do sistema produtivo. “Essas plantas são a base da dieta dos ruminantes, o que torna a pecuária ainda mais produtiva”, afirma.
O período atual, porém, costuma exigir mais atenção em razão das baixas temperaturas. “É imprescindível ter um cuidado especial em relação às pastagens, sendo que é a base forrageira para a produção bovina, tanto de leite como de carne. Nesse sentido, vale mencionar que atualmente o mercado traz muitas alternativas e se não tivermos informações precisas sobre o assunto, estamos sob o risco de investir no material não adequado e alcançar um resultado abaixo do esperado”, alerta Alexandre ao mencionar que, tanto as instituições de pesquisa como a cooperativa, têm buscado no mercado tudo o que há de melhor, com o suporte de conhecimento, testagens, e acompanhando os processos e evoluções dos estudos. “No momento em que os resultados estiverem à disposição dos produtores rurais, estaremos à frente e com embasamento para posicionar cada uma das opções forrageiras”.
Conforme o engenheiro agrônomo, em meio às espécies forrageiras, há materiais que toleram mais o frio ou não. “Para o Planalto Norte Catarinense ou regiões mais altas, por exemplo, é indicado, para a segurança do produtor, optar por espécies que se adequam mais às baixas temperaturas, como as aveias brancas, aveias pretas e o próprio trigo, que atualmente já possui cultivares que produzem por um período longo, o que pode proporcionar vários ciclos de pastejo”, assinala.
Acima de tudo, é fundamental que a equipe técnica conheça muito bem as opções para que elas sejam adequadas ao melhor ambiente e possam expressar o melhor potencial produtivo.
Em relação aos fatores que interferem no manejo, está a genética. “Cada espécie exige uma atenção diferenciada. “Hoje, uma técnica que tem acesso facilitado aos produtores e que acreditamos que seja uma forma mais prática de manejar as forragens, principalmente de inverno, é o controle por alturas. No caso do azevém, das aveias ou do trigo, o ideal é que os animais entrem na área de pastejo quando a forragem atingir uma altura média de 20 e 30 centímetros. Já o remanescente da planta – que permanece na área – fica em torno de 10 centímetros. Sabemos que na prática há desafios e pode haver alterações, mas o que vale é um manejo mais simples e com resultados adequados”.
O engenheiro agrônomo alerta ainda, que há situações em que o produtor precisa fazer o chamado “manejo de rapador”, até por contar com uma área específica para pastagens. No entanto, isso pode provocar alguns prejuízos na propriedade, a exemplo de problemas no solo, como desgaste e compactação; a forragem também tem chances de reduzir o potencial de produção, com maior possibilidade de erosão, entre outros.
Outro desafio está relacionado ao fator clima. Há situações que, mesmo sendo espécies de inverno, com uma temperatura abaixo de 10 graus, a planta pode apresentar dificuldades de desenvolvimento. “Nessa situação, não adianta o produtor investir em uma adubação nitrogenada, por exemplo, pois o efeito pode não atender às expectativas. O mesmo acontece nos períodos de escassez de chuva. Mesmo que tenhamos alguns fertilizantes com proteção para inibir a perca de nitrogênio por volatilização, é algo limitado. Se houver um período muito longo sem chuva, podem iniciar as perdas” explica Alexandre.
Outra questão são as pragas que hoje, pela intensificação das pastagens e melhoramento genético, é possível produzir mais, contudo, para isso, é necessário abrir mão de aspectos relacionados à tolerância às doenças e resistência a outras pragas.
Pré-secados
O pré-secado é uma forragem conservada na forma de silagem. Para que esse material seja ensilado, não pode ser totalmente triturado como no caso da silagem de milho, por exemplo. Então, ele deve ser picado em partículas maiores e antes de iniciar o processo de armazenagem, é preciso fazer o corte e a desidratação. “Caso contrário, pode haver uma umidade muita alta e ocasionar uma qualidade inferior do alimento, com fermentação inadequada que leva a problemas nutricionais e, ainda, metabólicos no animal”, comenta o coordenador de Pastagens da Cooperalfa.
Após compactar, é necessário de um período de fermentação, conforme a literatura, de 30 a 40 dias. O uso de inoculantes nessa situação favorece, acelera a fermentação e proporciona uma estabilidade melhor dessa silagem de pré-secado no momento de fornecer o alimento aos animais.
Projeto 540 dias
Lançado há cerca de um ano pela equipe técnica da Alfa, o Projeto 540 dias visa provocar os produtores e profissionais para um olhar mais abrangente no planejamento forrageiro, com extensão maior que um ano. “Um dos principais motivos é a instabilidade climática, sendo que, em alguns momentos há excesso de chuva, em outros, escassez hídrica, a temperatura diminui fora de um período ideal, e essas variações podem afetar a segurança dos produtores”, relata.
Nesse cenário, uma alternativa, principalmente para quem atua com bovinocultura de leite, é trabalhar com produtos conservados. A pastagem continua sendo importante, sendo que é o alimento de menor custo na propriedade. Contudo, com o foco na segurança alimentar, as forragens conservadas são essenciais e o milho é a principal opção na região de Chapecó.
A equipe técnica da Alfa está sempre à disposição dos associados e clientes no momento da tomada de decisão. Junto à cooperativa, há instituições como a Embrapa, Epagri, universidades e pesquisadores independentes, que visam contribuir na evolução dos trabalhos dos produtores rurais. Tudo para que ele se mantenha rentável no campo, afinal, a segurança financeira do produtor, é a segurança da cooperativa.