Depois desta situação inusitada no RS, fica a pergunta: as autoridades constituídas estão preparadas para enfrentar outros desastres climáticos?
De acordo com o IBGE, 245 municípios gaúchos responderam em 2020, que não dispõem de nenhum instrumento de gestão de riscos de desastres: Plano Diretor de prevenção de enchentes, inundações graduais, enxurradas ou inundações bruscas; Lei de Uso e Ocupação do Solo; e/ou Lei específica de prevenção de enchentes, inundações graduais, enxurradas ou inundações bruscas; Plano Diretor de prevenção de escorregamentos ou deslizamentos de encostas; e/ou Lei especifica de prevenção de escorregamentos ou deslizamentos de encostas; Plano Municipal de Redução de Riscos; Carta geotécnica de aptidão à urbanização; Plano de implantação de obras e serviços para redução de riscos de desastres.
Isso é inacreditável, ainda mais quando a maioria destes municípios já teve eventos extremos nos últimos 30 anos. E nos 252 municípios gaúchos que afirmam ter pelo menos um destes instrumentos, a pergunta é: realmente os têm? Estão atualizados? Estão sendo aplicados na prática? Quantos dos 497 municípios gaúchos têm uma Defesa Civil estruturada, com equipes capacitadas e com um mínimo de infraestrutura? Estas equipes sabem identificar e mapear áreas de risco? Sabem promover a fiscalização de áreas de risco?
Seria oportuno a inclusão da temática da “prevenção” nas campanhas eleitorais. E depois, cobrar das autoridades eleitas.
O fortalecimento da Defesa Civil no Rio Grande do Sul representa a oportunidade de construir um futuro mais resiliente. Ao investir nisso, pode-se garantir a segurança da população, proteger o meio ambiente e impulsionar o desenvolvimento socioeconômico do estado.
Estamos vivenciando e viveremos novos tempos, com mudanças climáticas, eventos severos e extremos, será mais constante as catástrofes. E para tanto, todos terão que se preparar para mitigar os danos decorridos destes eventos. Agora estamos presenciando as queimadas na região sudeste, centro e norte do país. Os brigadistas de forma precária estão nas frentes das queimadas com abafadores e pequenas máquinas costais com água tentando apagar o fogo. Situação muito difícil!
E como diz aquela máxima, “se cada um fizer a sua parte, resolveremos os problemas”.
Que este texto possa servir como uma fagulha para a discussão sobre o fortalecimento da Defesa Civil do Estado do Rio Grande do Sul. É fundamental o engajamento do governo estadual, dos governos municipais e da sociedade como um todo, para a construção de um futuro mais seguro e próspero para todos. Se antecipar, prevenir é a melhor das táticas!
PREVENÇÃO precisa se tornar POLÍTICA DE ESTADO, com a expectativa de não ser abandonada depois de 4 anos!
OBS: colaboração do Engº Florestal Marcos L. Kazmierczak, Doutor em Eventos Extremos, KAZ Tech