Estudos apontam que essa exposição atrapalha o desenvolvimento integral da criança

Com a crescente integração da tecnologia em nossas vidas, é crucial considerar como ela pode afetar o crescimento e o desenvolvimento das crianças.

Estudo destacam um problema significativo: o uso excessivo de telas pode levar a atrasos no desenvolvimento da linguagem, coordenação motora e habilidades sociais, especialmente nos primeiros anos.

Segundo Camile Madalozzo Bresolin, fisioterapeuta neurofuncional e pediátrica com 16 anos de experiência com o público infantil, a primeira infância ocorre dos 0 aos 6 anos de idade, onde a criança apresenta importantes aquisições motoras, sociais, afetivas e cognitivas. Nos primeiros dois anos de vida, há um pico de aprendizagem devido à maturação do sistema nervoso central (SNC) e as sinapses cerebrais. Todo estímulo que a criança recebe no ambiente que está inserida, determina o seu desenvolvimento e a qualidade do aprendizado.

“Quando expomos a criança as telas, ocorre a distração passiva, ou seja, limitamos os tempos de atividades ativas, piorando o desenvolvimento físico, psíquico e emocional pelo fato de a tela ser um estímulo pobre quando comparado ao brincar, a leitura e outras atividades no ambiente em que está inserida”, pontua Bresolin.

Coordenação motora

Desde que o bebê nasce, é possível observar uma evolução em seu desenvolvimento motor, conforme vai modificando os movimentos apenas de reflexo pelos de locomoção e manipulação, através das aquisições das habilidades motoras

De acordo com Bresolin, a coordenação motora em é classificada em dois tipos. A coordenação motora grossa que é aquela relacionada com movimentos amplos que exigem força. Já a coordenação motora fina são movimentos de menor amplitude, porém mais precisos.

Desenvolvimento

Deixar a criança ser criança e permitir que ela use a imaginação para desenvolver o brincar é crucial neste momento da vida. Brincadeiras ao ar livre, jogos com os amigos, momentos de leitura e brincadeiras em família, além de proporcionar memórias afetivas, auxiliam no desenvolvimento da criança. “É importante salientar que o desenvolvimento da criança é determinado pelo ambiente em que está inserida e pelo afeto das pessoas que estão ao seu redor”, coloca Bresolin.

Limite de telas

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), esse limite é determinado pela faixa etária:

- Menores de 2 anos: nenhum contato com telas;

- Dos 2 aos 5 anos: até uma hora por dia;

- Dos 6 aos 10 anos: entre uma e duas horas por dia;

- Dos 11 aos 18 anos: entre duas e três horas por dia.

Bresolin explica que crianças com exposição a telas têm maior propensão à atrasos de linguagem, dificuldade de concentração e aprendizagem com consequente diminuição no rendimento escolar e problemas comportamentais. Além disso, é um dos fatores que contribui para a obesidade infantil, pois as telas são frequentes nas refeições, diminuindo a atenção aos sinais de saciedade.

“O uso indevido desses objetos também altera o sono, reduz as habilidades de interação social e interpessoal, dificuldade em lidar com suas emoções, manejo dos conflitos, desde o ambiente familiar, escolar e comunidade, podendo se estender até a vida adulta”, complementa.