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Cultura

No Dia Nacional do Teatro, ator local fala sobre a arte e a magia dos palcos

Com várias edições do Festival de Teatro Amador, Erechim formou talentos nacionais no 25 de Julho e Belas Artes

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Por Carlos Silveira
Foto Arquivo pessoal

 Nesta quinta-feira, 19, o Brasil comemora o Dia Nacional do Teatro, uma das mais antigas manifestações artísticas da Humanidade, tendo sua origem religiosa. Mas foi na Grécia Antiga que o Teatro se consolidou como forma artística.

 No Brasil, o Teatro chegou no século XVI, e tinha como objetivo espalhar a crença religiosa. Mas a forma artística do Teatro no Brasil só chegou séculos depois, no Século XIX, após a chegada da Família Real Portuguesa, em 1808. Naquela época, o Rei costumava convidar companhias de teatro estrangeiras para fazer as suas apresentações para a nobreza.

 No entanto, em meados do século XIX, começam a surgir os primeiros grupos de teatro nacionais, principalmente no gênero cômico. Mais tarde, na segunda metade do século XX, essa manifestação artística sofreu um retrocesso significativo, por causa da censura imposta pela ditadura Vargas, de 1937 a 1945 e pela Ditadura Militar, a partir de 1964. O fim da ditadura militar significou um novo fôlego e uma nova relevância para os artistas e para o teatro.

O Teatro brasileiro

 A história do teatro no Brasil mudou por conta da independência, em 1822. A partir disso, Dom Pedro I elaborou medidas para criação do primeiro elenco de teatro brasileiro, em 1833, bem como a primeira regulamentação teatral. Logo, o teatro no Brasil deu um salto.

Evolução do Teatro no Brasil

 Em síntese, até 1900, a história do teatro no Brasil havia sofrido fortes crises por conta da política. Contudo, os ideais populistas e o teatro de revista se fortificaram dando à história do teatro a liberdade e a oficialização do teatro brasileiro. Entre os anos de 1937 e 1945, as primeiras companhias de teatro brasileiras começam a surgir e a se consolidar no país.

Teatro, palco das artes

 O primeiro teatro no Brasil foi o Real Theatro São João, inaugurado no Rio de Janeiro, em 1813. Entretanto, antes mesmo da inauguração do grande teatro, outros teatros menores já existiam no país.

Erechim

         Culturalmente o município de Erechim se destacou em algumas oportunidades como um grande centro de apresentações, momento em que recebeu artistas globais em participações solo, como em festivais de teatro amador que trouxeram artistas de vários pontos do Brasil.

         Um dos grandes celeiros para a formação de artistas é a Escola de Belas Artes que tem moldado nomes locais que participaram dos últimos festivais de teatro, tendo Gabriel Vivan como exemplo que atualmente está na Rede Record participando de séries que são exibidas para todo o Brasil, entre seus papéis está a interpretação do Rei Davi.

Rafa Hoss

         Para aprofundar um pouco mais sobre o tema, o Jornal Bom Dia procurou o ator, diretor, produtor e roteirista Rafa Hoss que deu seu depoimento sobre sua trajetória nas artes e, principalmente, nos palcos.

 “Erechim já foi referência no teatro amador, chegando a sediar, em 1998, a final nacional. Isso até 2006, quando na época se decidiu não continuar promovendo o evento, e perdemos mais um símbolo da cultura local”.

Rafa se diz fruto desse festival, pois lembra de ir ao Centro Cultural 25 de Julho para ver as peças, a movimentação na cidade, as intervenções nas ruas. “E assim foi para uma geração, talvez a última que escolheu seguir nas artes cênicas. Filhos desse festival, que foi extinto em 2006. E mesmo assim, eu decidi encarar. Assim que pude, me matriculei na Escola de Belas Artes, onde fui aluno da professora Wahidy Ana Detoni por quase 10 anos. Mais tarde, tive a felicidade de voltar como professor no atual Centro de Belas Artes”.

“E foi nessa caminhada que, em 2018, surgiu a notícia de que o nosso festival voltaria. No dia 3 de julho, sancionaram as Leis Municipais que garantem a execução anual do “Festival de Teatro de Erechim”, tanto no âmbito regional quanto estadual. No Belas Artes, recebemos a notícia com muita empolgação. Logo comecei a escrever a peça "Maldita", inspirada na narrativa de Geni, da música "Geni e o Zepelim", da "Ópera do Malandro" de Chico Buarque. Ganhamos os prêmios de Melhor Trilha Sonora, Maquiagem e Cenografia. E, pela primeira vez, recebi o troféu de Melhor Diretor”, lembra Rafa com alegria.

 Em dezembro daquele ano, recorda que foram convidados pela Agridoce Livraria & Sebo para apresentar um texto na Feira do Livro: “Gritos”. A peça, originalmente escrita por Will Mario em 2016 e adaptada por ele, trazia uma sequência de cenas que questionavam o comportamento social.

 “Assim como na sua primeira montagem, a apresentação em 2018 foi um sucesso, e fomos convidados para levá-la à fase estadual do Festival de Teatro de Erechim. Tudo parecia ir bem, até que minha professora, Wahidy, recebeu uma ligação. Fomos proibidos de apresentar a peça e nosso horário foi preenchido por um debate sobre arte em Erechim, e nosso grupo apareceu no debate com placas de “censurado”. Mas tivemos nossa redenção. No ano seguinte, apresentamos “Gritos” no Festival de Teatro Regional, fazendo uma campanha em cima da censura sofrida”

Hoss lembra que a peça ganhou o melhor cenário, iluminação, ator coadjuvante, seu segundo prêmio consecutivo de melhor direção e o troféu de melhor espetáculo, o que os levou à fase estadual. Houve rumores de uma nova tentativa de censura, mas dessa vez, não ocorreu.

“Aí veio 2020, e a pandemia acabou com qualquer interação nos palcos. Não houve festival. Em 2021, com a flexibilização, surgiu a esperança de um festival online, mas ele não aconteceu. Em 2022, mais uma vez, nada de festival. Em 2023, o mesmo drama. Agora estamos em 2024, e já são cinco anos sem o festival anual. E assim seguimos: iniciativas pessoais tentando manter viva a lembrança de uma cidade que já teve orgulho de ser a capital do teatro amador. Pode parecer loucura, depois de tudo isso, continuar insistindo no palco. Mas, depois de sentir os primeiros aplausos, você nunca mais larga essa emoção. O teatro sempre foi resistência, e nós vamos continuar resistindo”, conclui.

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