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Opinião

Norte Da Europa – São Petersburgo (Rússia) – Cruzeiro pelos Países Bálticos – Escandinávia – Lituânia (Vilnius)

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Por Marlei Klein

Junto ao Mar Báltico estão três importantes países: Estônia, capital Tallin – Letônia, capital Riga – Lituânia, capital Vilnius. São países de muita diversidade, grande riqueza cultural, social, política e econômica. Foram, durante muitos anos, dominados pela Rússia. Gradativamente, redescobrem suas identidades em consequência do colapso da antiga União Soviética. Já foram abordados os dois primeiros em artigos anteriores. Hoje, será a Lituânia e sua capital Vilnius.      

 

Lituânia – capital Vilnius

Vilnius foi fundada por volta de 1320 pelo grão-duque da dinastia dos Jagelão. No início, foi unida à Polônia por um casamento principesco. Foi objeto de disputa pelos germânicos e depois pelos russos entre 1655 e 1660. Ficou tempo sob o domínio dos czares- russos. Nessa época, muitas igrejas barrocas, que haviam sido construídas pelos jesuítas, passaram ao clero ortodoxo. Em 1920, foi novamente anexada pela Polônia e, em 1939, foi invadida pelas tropas soviéticas. Seu destino era o mesmo dos outros países bálticos: deportações em massa e forte imigração russa. Após a sua independência, os católicos de Vilnius reclamaram a restituição das suas belas igrejas. Hoje, a sua população é composta por 50% de lituanos, 20% de origem russa e 20% de raiz polonesa. As estátuas dos antigos senhores da URSS, na Lituânia, foram derrubadas. Ao fazer tombar Stalin, vira-se uma longa página da sua cruel história.

 

Sua economia

De 1995 em diante, várias empresas ocidentais abriram fábricas e estabeleceram parcerias econômicas. Após o ano 2000, os três países bálticos ingressaram num claro “boom” econômico, fato que lhes valeu o apelido de “tigres asiáticos”. Entraram na Comunidade Econômica Europeia e a Lituânia adotou o Euro, em 2010. Sua economia está voltada, principalmente, ao turismo. Ela atrai pelas suas belas igrejas, velhas ruas, sua ligação arquitetônica com a era medieval e um grande mercado público. Neste, de muitos labirintos, encontra-se o medieval com o moderno, a culinária tradicional com o “fast food” e a muita simpatia dos seus habitantes.

 

Berço das belas obras

No século XVI, foi erguida uma obra prima gótica, a Igreja de Santa Ana. Esta possui uma das suas fachadas ornada com 23 variedades de tijolos. A Biblioteca da Universidade é testemunha desse período próspero. Seu acervo foi um dos mais completos da Europa. Hoje, armazena 180 000 manuscritos redigidos entre os séculos XIII e XVI. O antigo castelo de Gediminas, sobre uma colina na confluência dos rios Neris e Vilnia, foi um dos mais belos e ricos da Europa – hoje, está em ruínas.

 

Lituânia, a terra do barroco

Os grandes responsáveis por essa beleza arquitetônica, foram o clero polonês e os jesuítas. Eles pregavam a religião em lituano e imprimiam livros nessa língua. Belíssimas igrejas barrocas foram erguidas: cerca de quarenta apenas em Vilnius. Concluída em 1615, a Igreja de São Casimiro, uma das mais belas, é dedicada ao santo protetor do país. Já, a Catedral de São Pedro e de São Paulo, a mais importante, é decorada com duas mil esculturas em estuque branco. Bela também é a Igreja Ortodoxa do Espírito Santo com cenários do grande barroco. A Igreja de São Nicolau possui belíssima cúpula em forma de bulbo.

 

Tradições na Lituânia

Dos três países bálticos, a Lituânia foi o que melhor soube preservar suas tradições populares. Ao longo dos meses, a vida segue o ritmo das festas folclóricas, de origem pagã ou cristã. Na véspera da quarta-feira de Cinzas, o carnaval da terça-feira gorda, enterra o inverno numa explosão de alegria e exuberância. Nela, uma série de personagens grotescos desfila. É possível reconhecer o gordo engraçado, o “mascate judeu”, vendendo, em linguagem hesitante, sua mercadoria, ou o “cigano farejador” que procura a sua vítima. Cada um tenta ser mais engraçado que o outro. Cada qual tem direito à sua caricatura. Nesse dia, os homens se fantasiam de mulher e as mulheres vestem roupas masculinas. Durante o ano, a maioria dos vilarejos organiza as mais belas procissões perpetuando antigas comemorações. Se as tradições ligadas aos batismos e enterros estão um pouco esquecidas, as dos casamentos camponeses ainda são muito vivas. Ao redor da igreja ou da prefeitura, os convidados encontram a mesa do banquete. Nesta altura, todos estão alegres...muita garrafa de aguardente já rolou.

 

A velha magia negra

O mais curioso da época medieval é a alquimia. Junto a ela seus remédios, que visavam curar doenças. Acredita-se que a primeira farmácia aberta foi em 1357. A cidade pagava um salário ao dono e, ao mesmo tempo, ele era o farmacêutico. À noite, no estabelecimento, velas ficavam acesas para receber quem necessitava de atendimento. Todo tipo de doença era tratado. Pós e gotas eram misturados com partes secas de animais e ervas. Tudo era dissolvido em líquidos como urina e bile. Mas, o grande remédio que dizia curar, em cinco dias, qualquer febre, dor de barriga, de dentes e de cabeça era o ‘Bálsamo Negro’. Curava ainda queimaduras e luxações. Entre seus ingredientes havia água, 16% de álcool, 24 ervas, temperos e açúcar queimado, que dava à bebida a cor escura. O bálsamo existe até hoje como bebida alcoólica, que pode ser consumida pura, misturada em coquetéis ou acrescentada ao café ou ao chá. Mas, hoje, o álcool está em 45%. Muito popular é facilmente encontrado.

 

Conclusão

A rica história de Vilnius continua com o grande charme das pequenas orquestras de rua. Instrumentos medievais e músicos com os trajes da época encantam os turistas. Existem pequenos bares onde é possível encontrar o Bálsamo Negro. Embora, o cristianismo tenha se imposto em toda parte, ele não foi capaz de expulsar certas crenças pagãs, principalmente entre os bálticos e foi obrigado a moldar-se a antigas cerimônias. As festas da luz, tanto as que ocorrem nas longas noites de inverno, quanto as que ocorrem no tempo de carnaval, são as diversas manifestações lituanas que testemunham o vigor dessas raízes antiquíssimas.

 

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