O município de Erechim, por meio dos Poderes Legislativo e Executivo realizaram na manhã desta terça-feira, 10, a entrega do Memorial às vítimas do acidente da Barragem da Corsan, solenidade que contou com a presença do prefeito Paulo Polis, do vice-prefeito Flávio Tirello, do presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Jurandir Pezzenatto, do vereador proponente, Claudemir de Araújo, do artista plástico que executou a obra, Harrysson Testa, familiares e amigos das vítimas homenageadas.
O mesmo foi erguido no largo próximo a agência da Sicredi e defronte a Praça Prefeito Municipal Prefeito Jayme Lago, local que se tornará referência a partir de agora, principalmente pelo significado do mesmo para as famílias que sofreram com as perdas, como também passa a ser um exemplo para que tragédias como esta nunca mais venham acontecer.
O acidente aconteceu no dia 22 de setembro de 2004, data que marcou a maior tragédia da história do município de Erechim, onde 17 vidas foram ceifadas em um trágico acidente envolvendo um ônibus que transportava estudantes e que caiu no lago da barragem da Corsan.
Manifestações:
Jurandir Pezzenatto
“Um momento difícil para a população erechinense que viveu há 20 anos atras este momento da tragédia, que este ato sirva de reflexão e de dizer as pessoas que cada atitude pode fazer a diferença, seja no trânsito, na vida, e hoje é dia de lembrar destas vítimas, de crianças que já haviam se salvado, mas voltaram para buscar seus colegas, ou seja, dar de si, mas que acabaram perecendo. Que esta obra sirva para conscientizar as pessoas da importância de cada um cuidar do outro. Parabenizar a todos os envolvidos e pedir para que Deus conforte a cada um de seus familiares. Que os filhos hoje lembrados sirvam de exemplo para todos que passarem por este memorial”.
Harrysson Testa
Usando da palavra, o artista responsável pela criação e execução da obra, Harrysson Testa destacou que esta foi a maior obra que realizou em sua vida. “Quando procurado pelo vereador Araújo, foi me colocado a importância deste memorial e nos mais de 50 anos de carreira este memorial foi o mais difícil que eu tive, pois em nenhum momento me saia da cabeça a cena da tragédia que toda a comunidade de Erechim sofreu em 2004.
Quando levei a ideia, a mesma foi aprovada de imediato, pois este não é um monumento, mas sim um memorial. Após levei ao vice-prefeito Flávio Tirello que também aprovou de imediato. Após todos os vereadores apoiaram a ideia para que fosse executada. Um momento para agradecer, não somente ao vereador Araújo, prefeito e vice, mas a todos os vereadores da Casa Legislativa e a Secretaria Municipal de Cultura e Esportes que fez todo o possível para que isso se tornasse em realidade”.
Testa destacou a obra como lúdica que representa as 16 crianças e a monitora. Um lápis para cada vítima e os sete cubos porque o acidente aconteceu no Quilômetro Sete e representam os cubos da educação. O anjo representa aquilo que cada um se tornou. “Quando peguei a obra a achei muito justa, pois presta uma homenagem a todas as crianças que morreram no local. Este é um momento para agradecer a toda a comunidade e os Poderes Públicos por me proporcionarem o direito de fazer a obra”.
Claudemir de Araújo
“Um dia especial para as famílias das vítimas e lembrar que ainda no ano de 2013 já havia iniciado a conversa com alguns familiares. Esta foi uma tragédia que a gente não esquece e a cada ano que passa, quando chega perto da data do acidente vem as lembranças à tona, pois esta foi a maior de toda a história de nosso município. Nada mais justo do que este memorial que foi aprovado por todos os vereadores, principalmente o então vereador presidente da Casa, Serginho Bento que destinou recursos que, posteriormente foram encaminhados para a Secretaria da Cultura que realizou todos os demais trâmites para a sua execução. Que este local sirva de reflexão por parte de toda a comunidade, em especial para quem realiza o transporte escolar do município para que nenhuma espécie de acidente ou tragédia venham a acontecer futuramente”.
Cleci Vezzaro
Também usou da palavra a mãe de Lucas Vezzaro, Cleci Vezzaro, menino que morreu após salvar colegas naquele momento e se manifestou em nome das famílias presentes. “É com bastante dor e alegria no momento que estamos aqui reunidos, para que, junto com todas as autoridades presentes, celebrar que há 20 anos os nossos filhos partiram, mas ao mesmo tempo ficou em nossos corações e lembranças aquele olhar singelo, aquelas palavras doces de carinho que nossos filhos nos diziam. Tenho certeza de que hoje o Lucas Vezzaro e todos os seus amigos que com ele partiram juntos estão agradecendo a homenagem, pois eles estão felizes porque ao longo destes anos não foram esquecidos.
Que esta dor que nós sentimos diariamente, mas é uma dor de saudade, que não tem como explicar, mas é um momento de nós agradecermos a Deus, primeiramente, por estarmos aqui, juntos, com os demais familiares para continuarmos a nossa vida, levarmos em frente. Juntamente com meu filho Gabriel me sinto completa porque o Lucas se foi, mas ao mesmo tempo o Gabriel substituiu, e isso é maravilhoso. Peço a Deus que reúna a todas as mães que perderam seus filhos, que sofreram, que sintam que eles estão aqui junto de nós, todos os dias, todas as noites, pois sempre estarão no meio de nós”.
Paulo Polis
“Me dirijo a todos aqui presentes pelo amor que se deve ter pelos cidadãos, mas a gente sabe que a dor é de quem dói, da saudade, da ausência, mas a dor também serve para contar um pouco de nossas histórias, pois a da cidade é composta de muitas façanhas e muitas alegrias, mas também de algumas feridas que demoram para cicatrizar, e com certeza, essa datada de 20 anos é muito grande, pois a história das crianças e da monitora representam a nossa angústia que a partir daquele momento, mostram que eles sempre estarão presentes conosco, mas também para que possamos evoluir o bastante para que casos como este nunca mais aconteçam. Esse cuidado que se tem que ter, não somente no transporte público. Este foi um preço pesado para todos, mas destacar o reconhecimento através desta obra, ou seja, é o mínimo para que as pessoas tenham quando passarem por este local e lembrarem das 17 pessoas aqui hoje homenageadas”.