Há mais de dois anos, o agricultor Roberto Ezequiel Petroski, de Erval Grande, tem se dedicado à implementação de um modelo inovador de agricultura: a agrofloresta, integrada com a agricultura sintrópica. Com o objetivo de diversificar e tornar mais sustentável a produção em sua propriedade, ele tem adotado práticas que resgatam os princípios da natureza, visando melhorar a qualidade do solo, aumentar a biodiversidade e tornar a produção agrícola mais resiliente.
Início das atividades na agricultura orgânica
Sua trajetória na agricultura orgânica começou nos anos 2000, enquanto estudava no Colégio Agrícola de Erechim. Após se formar em Medicina Veterinária, se dedicou à produção orgânica, incluindo o uso de homeopatia para animais. Roberto obteve a certificação para produção orgânica em Eldorado do Sul, e depois se afastou para assumir a propriedade junto com a mãe em Erval Grande. Lá, com 8 hectares, começou a aplicar as técnicas que aprendeu, conseguindo bons resultados em 3 hectares.
Agrofloresta e Agricultura Sintrópica: Uma nova filosofia
A agrofloresta e a agricultura sintrópica têm se mostrado um divisor de águas na forma como ele pratica a agricultura. Roberto cita a filosofia de Ernst Götsch, defensor da agrofloresta e da agricultura sintrópica, que enfatiza a ideia de que o ser humano faz parte de um sistema inteligente, que já existe na natureza, como nas florestas.
“A agrofloresta é um sistema já bastante conhecido e adotado há mais tempo, que consiste em produzir culturas junto com árvores. A agricultura sintrópica vai além dessa filosofia, incorporando árvores, culturas anuais e produtos de hortas, mas com um manejo diferenciado, principalmente no que diz respeito à poda. Nessa abordagem, utiliza-se até mesmo árvores frutíferas, como a nogueira-pecã, não apenas para a produção das nozes, mas também para abrir espaço para que outras culturas abaixo delas consigam se desenvolver”, explica Roberto.
“A sintropia, desenvolvida por Ernst, é um conceito que busca convergir todas as culturas para um único caminho, permitindo que elas produzem de forma conjunta, sem priorizar uma ou outra, como ocorre no modelo tradicional de agrofloresta. Nesse sistema, as raízes das árvores desempenham um papel importante, puxando água das camadas mais profundas do solo e, ao mesmo tempo, capturando nutrientes que foram infiltrados com a água. Quando a água desce, ela acaba perdendo esses nutrientes, mas as raízes das árvores, por alcançarem maiores profundidades, conseguem trazer esses nutrientes de volta para a superfície.”
Diversificação e práticas na propriedade
Na prática, ele adota uma abordagem diversificada, cultivando uma variedade de alimentos e árvores em harmonia. Em sua propriedade, ele cultiva produtos como tomate, repolho, beterraba, alho, cebola, brócolis, mandioca e batata, e também planta árvores frutíferas nativas, como jabuticaba, cereja, pitanga e araçá, além de algumas espécies exóticas, como café e açaí. Para complementar, utiliza plantas como bananeira e eucalipto, que ajudam a melhorar o solo e contribuem para a produção de biomassa, fundamental para a formação de adubo natural.
Manejo adequado e benefícios para o solo
Ele também realiza um manejo adequado das árvores, efetuando podas e integrando essas espécies com cultivos anuais. As raízes das plantas como a bananeira, por exemplo, alcançam profundidades maiores no solo, contribuindo para a descompactação e melhorando o fluxo de água. As folhas caídas e as podas das árvores são usadas para adubar o solo, gerando matéria orgânica que é decomposta pelos microrganismos.
Sustentabilidade e robustez do sistema agrícola
Com isso, o agricultor tem aumentado a diversidade de espécies na propriedade, criando um sistema agrícola mais robusto e sustentável, que visa, além da produção de alimentos, melhorar a saúde do solo e aumentar a biodiversidade local. Esse modelo de agrofloresta, que ainda está em processo de expansão, está se consolidando como uma alternativa viável e inovadora para a agricultura familiar da região.