Em um mundo digitalizado, o registro impresso permanece essencial na preservação da história. Para compreender o tema, o Jornal Bom Dia entrevistou o historiador e coordenador do Arquivo Histórico Municipal Juarez Miguel Illa Font, Henrique Antônio Trizoto.
Documentar o processo histórico
O historiador comenta que os documentos impressos são fundamentais para a história. "Antes de 1439, havia uma escassez de documentos e a informação era restrita para uma elite letrada. A invenção da imprensa, possibilitada por Gutenberg, permitiu a disseminação de conhecimento de forma ampla e acessível”, disse Henrique.
Uma janela para o passado
Trizoto comenta que uma das abordagens que costuma usar para as crianças que visitam o Arquivo Histórico é mostrar um filme fotográfico para que as novas gerações possam entender a história e as mudanças com o passar do tempo.
“Podemos tirar 50 fotos em uma atividade e apagar, como se elas nunca tivessem existido. Não é porque não estamos lidando com um documento impresso que ele deixa de ter importância. Se compararmos com o passado, a fotografia, era um evento. Na minha geração, havia até piadas sobre se preparar para a foto: tomar banho, passar perfume, pentear o cabelo. A foto era um momento especial. O fotógrafo, por exemplo, ia até a casa da pessoa duas vezes: uma para tirar a foto e outra para entregar o filme, torcendo para que ele não fosse queimado”, explica.
Perda e alteração da história
Henrique reflete sobre como a diminuição do hábito de imprimir pode prejudicar a preservação das memórias. "Hoje, no mundo das redes sociais, as pessoas já não têm mais aquele vínculo com o registro físico. No momento em que não temos isso, a possibilidade de perder essas informações aumenta", disse.
"Com o uso das redes sociais e as ferramentas de edição, é muito fácil criar fake news. Antes, para alterar uma foto, era necessário ser um perito em negativos, mas hoje, qualquer pessoa com uma ferramenta de edição pode manipular uma imagem ", enfatiza Trizoto.
Cuidado com os documentos
De acordo com Trizoto, o manuseio de documentos exige um cuidado com a temperatura do ambiente, higienização e segurança do manuseio. “A equipe tem um trabalho constante de prevenção, como a dedetização frequente e o uso de luvas durante o manuseio", explica.
Arquivo Histórico Municipal
O Arquivo Histórico Municipal de Erechim possui um acervo rico, permitindo aos visitantes comparar e compreender a evolução da cidade ao longo do tempo. O local conta com cerca de 1.100 caixas de arquivo catalogadas, 7 mil fotos físicas e digitalizadas, 200 volumes de livros e jornais históricos. Além disso, os pesquisadores podem ter acesso de processos-crimes, correspondências, documentos do Poder Legislativo, Poder Executivo e entre outros.