Deixai os mortos o cuidado de enterrar seus mortos
Somente um sentido mais amplo, como nos ensina Kardec, nos possibilita interpretar adequadamente.
Sabemos que o corpo é apenas uma vestimenta para o Espírito que, dele se usa para seu aprimoramento, para sua evolução, pois é através das mazelas da vida terrena que se tem a oportunidade de ascender espiritualmente.
Não se tratava de censura ao ato de sepultamento, mas novamente exprimia a importância da vida espiritual sobre a material.
É como se dissesse: “Não te preocupes com o corpo, pensa antes no Espírito; vai ensinar o reino de Deus; vai dizer aos homens que a pátria deles não é a Terra, mas o Céu, pois somente lá transcorre a verdadeira vida”. (KARDEC, Allan. Trad. Evandro Noletto Bezerra. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIII, item8).
É de lá que viemos e para lá retornaremos. Essa, a realidade incontestável.
Eu não vim trazer a paz, mas a espada.
É possível que essa afirmação tenha sido motivo para tantos conflitos entre correntes religiosas com interpretação divergentes ou por interesses vários.
Conflitos que continuam marcando a Humanidade com tanto sofrimento.
A passagem do Evangelho de Mateus, Capítulo X, versículos 34, 35,36, possui dois momentos, também encontrados em Lucas, XII: 49 a 53.
No primeiro, Jesus afirma: “Não penseis que eu vim trazer a paz sobre a Terra; eu não vim trazer a paz, mas a espada;”
Na segunda parte dessa parábola, Jesus alertava que sua mensagem iria provocar dissenções nas famílias: “...porque de hoje em diante, se se encontram cinco pessoas numa casa, elas estarão divididas umas contra as outras; três contra duas, e duas contra três. O pai estará em divisão com seu filho, e o filho com seu pai; a mãe com a filha, e a filha com a mãe; a sogra com a nora, e a nora com a sogra.” (Lucas, XII: 49 a 53).
Os conflitos que ainda surgem
Está aí a primeira realidade dessa parábola: o conflito que essa Doutrina provocou e provoca no seio das famílias e da própria sociedade.
Ciente disso, o Cristo alertava para a cólera, os conflitos, as lutas que iriam se verificar até o estabelecimento de sua doutrina, e não como um comando para semear a desordem, a confusão, a luta de sangue.
Na obra “Triunfo da Imortalidade”, do Espírito João Cleófas, na psicografia de Divaldo Franco, o autor espiritual comenta com propriedade que a doutrina de Jesus criou conflito em relação “...àqueles que se comprazem na vanglória, no prazer ilusório, na paixão dissolvente.” Onde se encontram “...aqueles que abraçaram a perseguição, a violência e o desamor...”[1]
“Infelizes, tornam-se adversários de quem é pacífico e pacificador. ”
(Próximo tema: Moral estranha – Parte final)