Buscando encontrar uma forma de interromper o leilão da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) de Erechim, representantes do Sindicato Rural de Erechim estiveram reunidos na manhã desta quarta-feira (4), na sede da entidade, com o diretor técnico comercial da Cesa, Lúcio do Prato, representante da Emater e o gerente da unidade local, Veroni Santin. A intenção, de acordo com o presidente do Sindicato Rural, João Picoli, é manter a unidade armazenadora cumprindo seu papel, auxiliando pequenos, médios e grandes produtores da região, que podem estocar seus grãos e aguardar melhores preços até a comercialização de seus produtos.
A unidade de Erechim possui área total de 7.582 metros quadrados e capacidade para armazenagem 22.500 toneladas. No momento, 40% da capacidade está ocupada com grãos de produtores particulares e empresas da região. Seu resultado econômico financeiro é positivo sendo em torno de R$ 2 milhões líquido anualmente, cumprindo sua função social, de acordo com Picoli.
O leilão está marcado para o dia 19 de outubro. Até lá, as propostas de quem tiver interesse de adquirir a unidade devem ser encaminhadas via internet. No site da Cesa consta o edital com todas as informações. No dia 19 serão abertos os envelopes. A modalidade vencedora será a de maior preço, com valor mínimo de R$ 8.640 milhões. Conforme o gerente da unidade local, até o momento não houve visitas técnicas na unidade de possíveis interessados.
O presidente do Sindicato Rural salienta que a entidade tem em torno de 4 mil associados de 25 municípios da região. Na reunião foi acordado que será realizado nos próximos dias um levantamento do faturamento e das despesas da Cesa. Em mãos deste documento, será solicitada uma audiência com o governador do Estado, José Ivo Sartori. “Queremos pedir a reconsideração, para que a unidade de armazenagem de Erechim não seja leiloada, pois ela atende muitos produtores, independente de seu tamanho e cumpre sua função social”, declara Picoli.
“A posição do governo é com a saúde, educação, segurança, infraestrutura e não tem que cuidar da armazenagem. Tanto é que a Cesa tinha um passivo trabalhista superior a R$ 200 milhões e estamos vendendo o patrimônio público para saldar as dívidas. Temos que cumprir uma ação judicial para pagar a ação trabalhista, mas também queremos que permaneça a estrutura de armazenagem para este fim”, diz Prato.
Conforme a equipe de reportagem do Jornal Bom Dia apurou, uma grande cooperativa, a Cooperalfa, que chegou à Erechim e que poderia ser uma possível compradora, não demonstrou interesse. “Neste primeiro leilão não vamos participar. Não sei se haverá um segundo leilão, mas neste primeiro, não temos interesse. Não que a unidade não tenha seu valor, mas o motivo se dá em função de sua localização”, explica. A cooperativa adquiriu sete estruturas das Sementes Estrela, com capacidade de armazenagem estática de 1.480 mil sacas e para início dos trabalhos, Bet diz que é o suficiente.
Já assessoria de imprensa da Olfar Alimentos e Energia informou que a direção da empresa ainda não tem uma definição quanto a participação no leilão.
Leilão
A Companhia Estadual de Silos e Armazéns realizou acordo trabalhista com o sindicato dos funcionários e na negociação entraram todas as unidades da Cesa no Estado que, quando vendidas, vão garantir o pagamento desse acordo aos funcionários não somente atuais, mas também os inativos. Em julho foram vendidas as unidades de Júlio de Castilho e Nova Prata. Já as filiais de Santa Rosa, Santa Barbara e Cruz Alta foram a leilão, mas não tiveram interessados. Estão em processo agora, as unidades de Passo Fundo, duas de São Gabriel, Palmeira das Missões, Cachoeira do Sul, Bagé e Erechim.