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Rural

Agricultura 4.0: suporte para uma cadeia agroalimentar mais produtiva e sustentável

Engenheiro agrônomo, Milton Sfreddo, explica como um conjunto um tecnologias integradas pode levar mais informação, monitoramento, precisão e eficiência para a produção agrícola

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A Agricultura 4.0 é um “divisor de águas” no setor, a partir da adoção cada vez mais expressiva pelo
Milton Sfreddo
Por Izabel Seehaber
Foto Divulgação

Quando o assunto se refere às novas tecnologias, algumas pessoas associam os novos mecanismos a modismos passageiros, como um aplicativo que logo poderá ser substituído por outro. Contudo, engana-se quem faz essa associação à Agricultura 4.0.

Conforme o engenheiro agrônomo e gerente comercial de insumos agrícolas do Grupo Olfar, Milton Sfreddo, a chamada Agricultura 4.0, ou popularmente Agricultura Digital, é um conjunto de tecnologias integradas e conectadas por meio de ferramentas e sistemas digitais, no uso de equipamentos de campo, que são capazes de levar mais informação, monitoramento, precisão e eficiência para a produção agrícola. Dessa forma, podem auxiliar na otimização dos recursos utilizados para a produção agropecuária. “Alguns também definem como agricultura de precisão, porém o conceito de 4.0 é mais amplo que isso. Todas essas tecnologias e ferramentas possibilitam uma hiperconectividade com foco na geração de dados e informações, auxiliando produtores na tomada de decisões. Tem-se colocado a agricultura 4.0 como resultado do fenômeno denominado como “quarta revolução industrial”, voltada para o campo”, explica, citando que atualmente já vem sendo adotada por muitos produtores, e tende a se tornar nos próximos anos, um importante recurso para tornar a cadeia agroalimentar mais produtiva e sustentável.

Milton reforça que esse conjunto de tecnologias da Agricultura 4.0 é um “divisor de águas” no setor, a partir da adoção cada vez mais expressiva pelos agricultores. Segundo ele, o benefício básico dessas novas ferramentas é o aumento da produtividade, mas há muitos outros, o que torna as etapas de produção mais fáceis de serem planejadas, realizadas e monitoradas. “Vai além da simples mecanização do campo. As operações e decisões passam a ser orientadas com base em dados retirados de diversos dispositivos (satélites, computadores, tablets, celulares) conectados e integrados, que trazem informações sobre clima, condições das lavouras, de solo, umidade, entre tantas outras, que permitem a tomada de decisão de manejos mais assertivos a serem adotados, além da automação dos processos”, comenta.

Nesse modelo tecnológico, os equipamentos e profissionais trabalham de modo conectado e otimizado, daí a importância do conhecimento de quem vai trabalhar nessa área. “Vale destacar que a Agricultura 4.0 pode ser adotada em pequenas, médias, grandes propriedades e contempla desde a agricultura familiar até a empresarial”, acrescenta.

As ferramentas que a Agricultura 4.0 dispõe atualmente e que são utilizadas vão desde:

•          GPSs – utilizado em semeadoras, pulverizadores e colheitadeiras, que quando instalados nas máquinas agrícolas, auxiliam na demarcação de áreas aplicadas, velocidade de plantio, mapeamento de solo e produtividade na colheita, entre outras vantagens;

•          Drones – Possibilitam o sensoriamento remoto, facilitam a identificação de problemas localizados nas lavouras, como o ataque de pragas, doenças ou a presença de plantas daninhas;

•          Satélites – Quando integrados à plataformas digitais podem gerar imagens que mostram alterações na lavoura pela mudança na coloração, com muita precisão. São informações importantes que, quando aliadas ao nível de produtividade das colheitas nessas manchas, o produtor pode trabalhar com níveis de adubação diferentes, corrigindo e uniformizando o solo.

•          Big Data – armazena milhões de dados e informações, possibilitando prever cenários em relação à produção, com base em dados já registrados. Exemplo disso pode ser uma análise de dados históricos de clima, confrontando com perspectivas futuras, podendo então propor épocas de plantio ou população de plantas ideal para o próximo plantio.

•          Telemetria – está mais relacionada à maquinas e equipamentos em que são instalados sensores que detectam muitas informações como velocidade na operação, quantidade de sementes e fertilizantes que estão caindo durante o plantio, profundidade de semeadura, temperatura, umidade, entre outras, tudo gerando mapas que são visualizados na hora por meio de computadores, tablets ou celulares.

Resultados imediatos

O gerente comercial de insumos agrícolas do Grupo Olfar, afirma que os resultados da adoção da Agricultura 4.0 são imediatos. “Uma vez que o produtor tenha informações geradas pelas ferramentas que está utilizando, as decisões tomadas geram resultados na hora para alguns manejos ou correções que são adotados a partir da decisão. Para outros, os resultados podem ser a médio ou longo prazo, por exemplo, quando se trata de uniformização na fertilidade das áreas das lavouras”, orienta.

Na região há muitos produtores utilizando a Agricultura 4.0, parcialmente e até de forma completa. De acordo com Milton, trata-se de muitas ferramentas, porém não é necessário o uso de todas juntas e há produtores que vem adotando aos poucos.

Desafios

Quanto aos desafios, o engenheiro agrônomo reforça que ainda é preciso uma Internet mais acessível, ampla, e de melhor qualidade, capaz de conectar os equipamentos em todos os lugares. “Na região Alto Uruguai ainda há uma certa dificuldade, principalmente em áreas mais afastadas no interior. Também há de se trabalhar mais o conhecimento das ferramentas por parte dos produtores, que precisam enxergar os benefícios reais das tecnologias, e dos profissionais que precisam se habilitar com mais conhecimento, se tornar especializados para que podem ajudar o produtor a decidir o nível de tecnologia a ser adotada e a velocidade de avanço conforme cada realidade”, frisa.

 

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