Em uma tarde como outra qualquer de trabalho, enquanto aguardava para ministrar sua aula, a professora da Escola Estadual João Caruso de Erechim, Roberta Manica, em conversa com uma colega, tratava sobre algumas questões, entre elas o machismo e demais assuntos envolvendo o público feminino. A partir disso, surgiu a ideia de trabalhar a pauta, para que meninas e mulheres se deem conta do seu valor na sociedade.
“Mais de 80% das mães dos nossos alunos são donas de casa, e começamos a perceber que em alguns casos as histórias se repetem. Por exemplo, a mãe teve a filha muito cedo e a filha com 16 anos já se torna mãe. Não estamos aqui para julgar e dizer que não é o certo a se fazer, mas que podemos optar por outros caminhos, sendo o que quisermos ser”, relata Roberta.
Após a conversa, as profissionais criaram um projeto chamado “Empoderamento feminino, uma questão escolar”, no objetivo de tentar quebrar tabus e ciclos viciosos de repetição de comportamentos. “Resolvemos iniciar em setembro para aproveitar as duas datas que foram a Independência do Brasil e a Revolução Farroupilha, para trabalhar a questão da independência feminina. Trouxemos ideias que precisam ser fomentadas, com palestras que trabalham muitos temas”, explica.
Nos encontros, os profissionais trabalharam sobre temas de diferentes áreas como:
- Identidade e empoderamento feminino
- Autoestima e confiança
- Reflexão sobre o papel dos homens no combate à violência de gênero na sociedade.
- Educação para que jovens mulheres construam um mundo igualitário
- Direitos das mulheres no século XXI
O feedback dos alunos pós debates, conforme a professora Aline Bianchi, está sendo positivo. “Após cada uma das conversas, independente da temática, percebe-se os estudantes um tanto quanto autocríticos, dando-se conta que muitas vezes, situações que são corriqueiras na escola - como alguns posicionamentos mais machistas - possam vir a constranger alguém. As reflexões que os palestrantes vêm trazendo, fazem com que os alunos reflitam e percebam entre os colegas, posturas que acabam prejudicando ou ferindo de alguma forma. Percebemos que todos estão levando para si as questões levantadas. Está sendo proveitoso, acredito que é uma semente benéfica que está sendo plantada, e que esses estudantes terão uma perspectiva diferente sobre a igualdade de gênero”, finaliza a profissional.