Nesta semana em que Erechim celebra seus 107 anos de história, as turmas do 3º ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Medianeira protagonizaram uma experiência rica, significativa e profundamente emocionante: uma aula pública no coração da cidade, acompanhadas pelo historiador André Ribeiro. A proposta integrou o projeto pedagógico das turmas, que tem como um de seus principais objetivos despertar o sentimento de pertencimento e identidade local nos estudantes, promovendo a valorização do espaço onde vivem e da história que o sustenta.
Nas semanas que antecederam a saída de campo, as crianças mergulharam em sala de aula em um percurso investigativo sobre o município: sua origem, fundação e desenvolvimento ao longo das décadas. Descobriram juntos que Erechim, hoje carinhosamente chamada de "Capital da Amizade", já foi reconhecida como a “Capital do Trigo” e idealizada como uma cidade moderna, planejada com avenidas em formato de leque e uma organização urbana inovadora para a época. Erechim foi oficialmente fundada em 30 de abril de 1918, com forte influência dos colonizadores vindos de diferentes regiões, que ajudaram a construir as bases sociais, econômicas e culturais da cidade que conhecemos hoje.
Com esse conhecimento em mente, a aula pública realizada no centro da cidade tornou-se muito mais do que uma simples visita: foi uma vivência carregada de sentidos. Os olhos curiosos das crianças se encheram de brilho ao reconhecerem e aprenderem sobre espaços que fazem parte de sua rotina, mas que até então passavam despercebidos em meio à correria do dia a dia. A Praça da Bandeira, anteriormente chamada Praça Cristóvão Colombo se revelou um verdadeiro livro aberto. Suas ruas cuidadosamente traçadas, o calçamento em pedras portuguesas e os prédios históricos ao redor despertaram encantamento e surpresa nos pequenos erechinenses.
Passaram pelo Castelinho, símbolo marcante do poder público e da memória local; pela Prefeitura, que em tempos antigos também abrigou uma prisão; pela Câmara de Vereadores; e pela antiga Escola do Professor Mantovani, um espaço repleto de história que, infelizmente, hoje se encontra em estado de abandono. Cada parada foi uma oportunidade de conexão com o passado, uma ponte entre o que fomos e o que somos, permitindo que os estudantes percebessem que a cidade é um organismo vivo, que se transforma, mas guarda suas marcas com carinho.
O mais comovente foi presenciar a espontaneidade das crianças diante das descobertas: perguntas, hipóteses, comentários e até pequenas histórias pessoais surgiam a todo momento, mostrando que o conhecimento, quando vivido, ganha alma. Foi, sem dúvida, um momento de aprendizado mútuo. Para nós, professoras, significou também a possibilidade de ressignificar nossa prática docente, redescobrindo, ao lado dos alunos, a beleza e a importância de ensinar a partir do que é real, próximo e afetivo.
Essa vivência não apenas ensinou conceitos curriculares, ela tocou emoções, despertou pertencimento e reforçou o orgulho de ser erechinense. Ao celebrar os 107 anos de Erechim, celebramos também o futuro que cresce nas salas de aula, entre as mãos curiosas e os olhares atentos das nossas crianças. Que esse amor pela cidade continue florescendo em cada descoberta, em cada passo e em cada memória construída.