21°C
Erechim,RS
Previsão completa
0°C
Erechim,RS
Previsão completa

Publicidade

Ensino

Brownie enriquecido com insetos chama atenção por proposta inovadora do IFRS

Acadêmica de Engenharia de Alimentos compartilha resultados de estudo durante feira em Novo Hamburgo

teste
Luana Rampi, no centro, e Mauro Ávila e Adriana Bender da Insect Protein
Por Gabriela de Freitas
Foto Arquivo pessoal

Entre os dias 24 e 26 de junho, a estudante Luana Tomkelski Rampi, do curso de Engenharia de Alimentos do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus Erechim, participou da 5ª edição da Sulserve – Feira de Panificação, Food Service e Hotelaria, realizada na Fenac, em Novo Hamburgo (RS). A acadêmica ministrou a oficina “Um olhar para o futuro – Brownie enriquecido com insetos: um produto inovador, nutritivo e sustentável”, apresentando os resultados de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), desenvolvido com orientação das professoras Marlice Salete Bonacina e Cristina Simões da Costa, em parceria com a startup InsectProtein.

Um olhar para o futuro da alimentação

Durante a oficina, Luana compartilhou sua experiência com a elaboração de brownies enriquecidos com farinha de Tenebrio molitor, espécie de inseto comestível rica em proteínas, lipídios saudáveis e micronutrientes. A ideia do projeto surgiu após um intercâmbio acadêmico em Portugal, onde a estudante teve contato com o consumo de insetos, prática já regulamentada pela União Europeia.

“A ausência de regulamentação no Brasil despertou minha curiosidade e motivação para pesquisar sobre o tema. Decidi desenvolver meu TCC com o objetivo de elaborar brownies com farinha de Tenebrio, avaliando suas características microbiológicas, nutricionais, sensoriais e econômicas”, contou Luana. Ela ressaltou que a proposta vai além da inovação, contribuindo para a geração de dados científicos que possam embasar futuras regulamentações no país.

Segundo a estudante, a farinha da larva do Tenebriomolitor tem se destacado na literatura científica por seu elevado valor nutricional. “A proteína corresponde a mais de 50% da composição em base seca, com perfil completo de aminoácidos e alta digestibilidade. Além disso, é rica em ácidos graxos poli-insaturados, como ômega-3 e ômega-6, essenciais para a saúde cardiovascular e o controle de processos inflamatórios”, explicou Luana. A farinha também apresenta altos teores de ferro, zinco, potássio e magnésio, e, quando incorporada à receita do brownie, houve aumento significativo nos teores de proteína, gordura boa e minerais, ao mesmo tempo em que reduziu a umidade do produto, favorecendo sua conservação.

A estudante destacou ainda a boa receptividade do público durante a atividade. “Todos se mostraram curiosos e interessados. Muitos se surpreenderam com o sabor do brownie, que permaneceu agradável mesmo com a adição da farinha de inseto. Isso demonstra que o caminho para a aceitação passa pela informação e pela vivência sensorial positiva.”

Ciência e sustentabilidade no mesmo prato

Para a professora Marlice Bonacina, o projeto se caracteriza por seu viés interdisciplinar e pela articulação entre ensino, pesquisa e extensão. “O desenvolvimento da pesquisa propiciou uma experiência singular e uma educação mais completa. A parceria com a Insect Protein foi fundamental, tanto pela doação do insumo quanto pelo suporte técnico sobre o manejo e a qualidade dos insetos”, explicou.

A docente enfatizou que o trabalho de Luana está alinhado a uma tendência mundial de busca por fontes alternativas de proteína. “Em comparação à pecuária tradicional, a criação de insetos consome muito menos água e terra e emite menos gases do efeito estufa. Os resultados do brownie, por exemplo, mostram que é possível triplicar o teor de proteína de forma sustentável, sem prejudicar a aceitação sensorial do produto.”

Impacto acadêmico e perspectivas futuras

A oficina promovida na Sulserve provocou reflexões sobre os rumos da alimentação e sobre o papel da ciência e da inovação nesse processo. “Mostramos que é possível desenvolver produtos que atendam a critérios de qualidade, segurança, nutrição e ética. Isso só reforça a importância da pesquisa aplicada dentro das instituições de ensino”, afirmou Marlice.

Luana avalia a experiência como um marco em sua trajetória acadêmica e já planeja os próximos passos. “Estamos organizando os dados para publicação de artigos científicos e pretendemos inscrever o projeto em premiações. Ainda não tenho planos concretos para novos produtos, mas quero seguir pesquisando nessa área e contribuindo para essa transformação.”

Incentivo à pesquisa

O IFRS, por meio do Programa de Incentivo à Pesquisa e Inovação, fomenta o desenvolvimento científico e tecnológico e incentiva a participação dos estudantes em eventos como a Sulserve. A instituição oferece bolsas para projetos de ensino, pesquisa e extensão, além de editais específicos de apoio à apresentação de trabalhos científicos.

 

Leia também

Publicidade

Publicidade

Blog dos Colunistas

;