O especialista do Instituto Magnus, organização sem fins lucrativos voltada à criação e ao treinamento de cães terapêuticos e cães de assistência, George Harrison destacou as celebrações do mês de outubro, com ênfase para o Dia Mundial dos Animais – comemorado no dia 4 de outubro - e para a importância de voluntários para socializar cães-guia.
“Repleto de efemérides, como o Dia das Crianças, o Dia do Professor e o Dia do Idoso, o mês de outubro também reserva uma celebração especial para aqueles que são os melhores amigos de muitos seres humanos, o Dia Mundial dos Animais. A data, porém, também pode servir de ensejo para voltarmos a nossa atenção a uma questão pouco difundida no Brasil: a baixíssima quantidade de cães-guia, tão importantes para o cotidiano de cegos”, explicou George.
Dados estatísticos
A Secretaria Especial de Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimam que existam apenas 169 cães-guia espalhados pelo Brasil, para cerca de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual com limitações intensas. Entre outras coisas, esse número reduzido se deve à ausência dessa cultura no País, motivada por fatores como o alto custo do treinamento dos animais e, principalmente, pela falta de famílias socializadoras para recebê-los durante o período de adaptação.
Treinamento
“Embora a maioria das pessoas não saiba, a preparação desses pets vai muito além de um simples treinamento temporário: são necessários meses de convivência com famílias voluntárias. Desde os três meses de vida até por volta de um ano e meio, o animal passa por uma socialização com essas pessoas, que ficam responsáveis por apresentá-lo às mais diversas situações do cotidiano, como ir à padaria, pegar um ônibus ou lidar com crianças nas ruas. Isso tudo porque o animal precisa estar preparado para qualquer ocasião quando for entregue ao cego”, declarou o especialista.
Importância dos voluntários
Entretanto, segundo George, encontrar pessoas dispostas a fazer isso pode ser mais complicado do que parece. “Depois de pouco mais de um ano de convivência necessária para a socialização, existe uma grande dificuldade na hora de devolver os cães para os centros de treinamento. Muitas pessoas se sentem extremamente apegadas aos animais e acabam por esquecer a causa maior do projeto. Nesta época de reflexão, é necessário que se veja o animal não só como um bicho de estimação, mas também como uma peça fundamental na vida daqueles que precisam. As famílias voluntárias são fundamentais para que a sociabilização seja feita da maneira correta e o cego receba um cão capacitado a guiá-lo em todas as situações”, concluiu o especialista do Instituto Magnus.