Natural de Erechim, a jornalista Andressa Collet, mora na Itália desde 2006 e trabalha no Vatican News. Há alguns anos concedeu uma entrevista ao jornalista Salus Loch e disse que “O Papa Francisco quer sempre estar em contato com pessoas, abraçando, quebrando protocolos, dando seu exemplo através do seu gesto e de sinas concretos, sem precisar estar num nível superior. É gente como a gente”.
Um dos mais valiosos trabalhos que teve
Segundo Andressa o trabalho de ‘assessoria’ do Papa é um dos mais valiosos que já teve. Além da cobertura diária, acompanhou Francisco em viagens apostólicas e audiências com representações oficiais realizadas em diferentes partes do mundo: “Já tenho um direcionamento familiar que me conduz a olhar o próximo com amor, mas o resplandecer diário desse estímulo vindo pelo Papa Francisco sempre foi transformador”, comentou.
“Ele sempre foi primeiro ação e depois, comunicação”
Para ela, “o mundo ficou mais humano desde que Jorge Bergoglio (Papa Francisco) virou o sucessor de Pedro. Ele sempre foi primeiro, ação e depois, comunicação. Dois pilares fundamentais do seu pontificado! Explico: o Papa Francisco é um fiel representante de Jesus por aqui, sempre em contato com as pessoas”.
“O seu testemunho vivo sempre aconteceu através de visitas-surpresa”
De acordo com a jornalista, durante seu pontificado, Papa Francisco, renunciou a diversos privilégios: “O seu testemunho vivo sempre aconteceu através de visitas-surpresa em praças, hospitais, entidades assistenciais e prisões, e numa tarde qualquer quando vai até uma ótica no centro histórico de Roma para trocar as lentes dos óculos”.
Linguagem compreensível, sem amarras e barganhas
“A linguagem usada por Papa Francisco para passar a mensagem do Evangelho e da nossa missão por aqui sempre foi compreensível e sem amarras e barganhas. Como Jesus, o Papa Francisco sempre foi direto ao ponto para transmitir a sua mensagem também através da palavra, e muitas vezes por nada convencional, através de parábolas, metáforas e situações curiosas vividas na Argentina, por exemplo, e ainda usava das tecnologias digitais para diminuir a distância com os fiéis. Ele sabe da importância dos novos meios de comunicação para favorecer esse diálogo direto”, pontuou Andressa.
Um aperto de mão
Em 2017, após a celebração de Páscoa, no domingo de manhã no Vaticano, Andressa teve o privilégio de apertar a mão do Papa Francisco: “enalteci e agradeci pela sua coragem por tudo o que vinha fazendo pela humanidade. Também levei uma imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós para ser abençoada e uma foto com a minha irmã, com a intenção de receber uma bênção especial para que ela conseguisse engravidar. Foi quando percebi que o Papa estava realmente me ouvindo, pois disse para rezarmos para São Raimundo Nonato. A surpresa pós-encontro? Fiquei eu grávida, um mês depois”, relata a jornalista.
O aprendizado ao lado do Papa Francisco
O aprendizado, trabalhando tão próxima do Papa, desde 2017 quando ele assumiu, até a última segunda-feira, 21, quando faleceu, é salientado pela jornalista: “Seguindo o exemplo de Francisco, posso dizer que acabei me transformando numa pessoa ainda mais tolerante e humana e não acredito que as divisões e os maledetti muros possam somar. Por isso, independente do direcionamento, cristão ou não, penso que a busca pela espiritualidade seja fundamental para o ser humano”.