Sendo uma das principais atividades exercidas no município de Erechim, o setor industrial se destaca ainda pelos investimentos, geração de emprego e renda, além do potencial de empreendedorismo, cuja marca vem sendo aprimorada com o passar dos anos. Atualmente, a indústria representa 40% do Produto Interno Bruto (PIB) de Erechim.
No mês de outubro, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), relativos ao mês de setembro, apontaram que, pelo terceiro mês consecutivo Erechim mais contratou que demitiu. Foram 1080 admissões e 838 demissões. Os quatro principais setores da economia - Indústria, Construção Civil, Comércio e Serviços - fecharam com saldo positivo.
No acumulado dos nove meses de 2017 - janeiro a setembro - foram contratados 728 novos trabalhadores com carteira assinada.
Entre os setores, a indústria foi o maior empregador. No mês de setembro, 312 trabalhadores foram contratados. Ao longo dos nove meses de 2017, o setor secundário da economia foi quem mais empregou em Erechim, com 505 trabalhadores com carteira assinada. Nos últimos 12 meses - outubro de 2016 a setembro de 2017 - ainda continua no negativo, porém os números já são animadores com 86 vagas fechadas. Se no próximo mês conseguir manter esse desempenho praticamente zera este déficit.
Indústria de transformação é a que mais emprega
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cuja última atualização ocorreu em 2015, apontam que, das 40.168 pessoas empregadas no município, o maior número, que representa 12.495 trabalhadores, está atuando na área da indústria de transformação.
Já relativo a quantidade de empresas no município, ao todo são 5.240 e o setor do comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas está na liderança com 2.126 estabelecimentos. A indústria está na sequência, com 650 empresas.
A capacidade de superação de dificuldades é outro diferencial observado no município.
Investimentos
Durante entrevista exclusiva ao Bom Dia, o presidente da Associação Comercial Cultural e Industrial de Erechim, Claudionor Mores e o conselheiro da entidade, Mário Cavaletti, reiteraram que desde o primeiro distrito industrial de Erechim, idealizado pelo então prefeito Elói Zanella muitas empresas buscaram o projeto de crescimento e conquistaram reconhecimento a nível de Estado e País. Nesta semana, em continuidade aos projetos foi lançado o Distrito Industrial Norte cujo nome faz uma homenagem ao empresário David Zorzi. “Os governos, ao longo do tempo, incentivam e estimulam o desenvolvimento econômico de Erechim, fortalecendo o segmento industrial. A grande virtude da indústria, é que além de empregar mão de obra qualificada, vende para o mundo, traz divisas para o município e sobretudo, traz novas tecnologias, inovação constante, desenvolvimento de melhoria de processos, expansão. Assim, o reflexo do crescimento da indústria gera expansão imobiliária, do comércio, protagonizando um desenvolvimento integrado do município, o qual é reforçado pela produção agrícola”, salienta Claudionor.
Tais resultados fortalecem os sistemas de apoio às indústrias e as universidades que desenvolveram cursos e, principalmente diante do desenvolvimento industrial, fortaleceram áreas, como por exemplo, a engenharia.
De acordo com Claudionor, a diversidade da indústria seja talvez a maior riqueza, pois há potenciais em desenvolvimento nas diferentes áreas.
A própria geração de serviços é um setor que cresce a partir da indústria, seguido do comércio e o próprio serviço. “A indústria tem o poder de reter talentos, pois todas as inovações e uso de tecnologias precisam de pessoas capacitadas, que tenham alto grau de conhecimento para exercer as atividades. Por outro lado, se esse conhecimento não possui espaço para ser aplicado, as pessoas acabam se dirigindo a centros maiores. Por isso, a indústria de Erechim é um espaço que retém esses profissionais e diante disso, acaba gerando riquezas”, destaca o empresário Mário Cavaletti.
Raiz no empreendedorismo
A região de Erechim possui características empreendedoras desde a origem, especialmente no que diz respeito à indústria de transformação que inicialmente se destacava pela madeira, produção moveleira e atualmente ganha mais reconhecimento no ramo metal mecânico. Além disso, os frigoríficos demonstram expansão na transformação das matérias-primas do solo dos agricultores, fortalecendo o campo e a cidade.
Conforme o presidente da Accie, as principais indústrias tiveram um expressivo crescimento nos últimos 30 anos e um dos principais vetores do desenvolvimento é o fortalecimento das matérias-primas locais e o investimento na venda dos produtos transformados.
Os principais desafios
Uma das dificuldades atuais, segundo os empresários, se refere à logística e a infraestrutura na região, sendo que há municípios sem acesso asfáltico. Neste âmbito, há desafios no que se refere à rodovia, ferrovia, aeroportos e até mesmo energia. “A ligação asfáltica é o meio mais rápido. Sendo assim, um dos pontos centrais a curto prazo é a melhorar a estrutura viária. Toda localidade que tem um acesso asfáltico, o desenvolvimento é nítido”, aponta Cavaletti.
A tributação do setor produtivo é algo muito elevado e representa preocupação. “É algo que deveria ser mudado e não aplicado somente sobre o produto e a indústria, pois sobrecarrega. A nossa competição é mundial. Somos uns heróis na questão industrial enfrentando chineses e países do leste europeu que possuem uma carga tributária bem inferior, com base no consumo”, explica.
Outra questão importante e apontada pelos empresários é fortalecer a exportação. Diante disso, é importante intensificar parcerias com entidades e países como Alemanha, Itália, Polônia, Espanha, entre outros.
Inovações
Ao considerar a importância de inovar com o intuito de promover o desenvolvimento, Claudionor cita o Distrito Norte como um projeto inovador na medida que será um condomínio de indústrias cercado e a intenção será compartilhar custos de segurança, infraestrutura, manutenção, num ambiente como se fosse um condomínio residencial.
Tecnologias
A indústria por si só já tem uma evolução que é a tecnologia 4.0 que agrega equipamentos gigantes os quais produzem um bem a partir de um desenho digital e tecnologias eletrônicas, mecatrônicas. O desafio é que os empresários continuem investindo e os governos apoiando o desenvolvimento tecnológico. Já os eventos podem fortalecer o polo tecnológico vinculado à universidade. “Assim podemos continuar avançando na melhoria de avanços e processos por meio da robotização, automatização que os países desenvolvidos já experimentam. Aos poucos a expectativa é que as máquinas se inter-relacionem com elas próprias mas para isso precisam pessoas preparadas que desenvolvam projetos para chegar nessa etapa”, afirmam.
A tendência é que seja reduzida gradativamente a mão de obra operacional e se aumente a mão de obra intelectual vinculada também a design, processos e novas formas de produtos.
O turismo é outro setor atrelado, sendo ainda uma fonte de investimentos, pois atrai turistas e também possíveis investidores.
Conforme Claudionor, algo que merece atenção é a cultura do mercado aberto, de ações, empresas não familiares, pois, mesmo que muitas empresas se desenvolveram com o empenho das famílias, o mercado possibilita essa abertura que é uma tendência nos países já desenvolvidos.
Administração acredita no desenvolvimento
Conforme o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Altemir Barp, a indústria possui uma representatividade muito significativa no município de Erechim. Um dos principais reflexos, segundo o secretário, é a geração de empregos e consequentemente de renda. “A indústria exerce uma importância muito forte numa cidade, e como uma pessoa entusiasmada, vou trabalhar para estimular a inovação nas indústrias. Tanto que nesta semana foram reunidos 65 empresários do clube da indústria para desenvolver o Novo Bairro Industrial Norte. Foi feito contato com o Badesul para organização da infraestrutura do parque. O dinheiro dos empresários poderá ser investido nas máquinas para que possam também haver mais contratações de trabalhadores”, relata.
Barp lembrou que até pouco tempo estávamos com cerca de sete mil pessoas desempregadas e o quanto a cidade passou por um momento complicado. “A indústria também atrai pessoas de outros municípios. Vamos voltar a crescer. O desenvolvimento da cidade depende diretamente da indústria e do comércio”, destaca.
Diante disso é preciso haver parcerias entre entidades e lideranças. Também acredito no pequeno e médio empresário. Atualmente há mais de 5.280 empreendedores nesta linha de atuação que abrange o microempreendedorismo, cujo faturamento é de R$ 60 mil ao ano. Segundo o secretário, ao todo são abertas mais de 100 microempresas ao mês.
“Como o dinheiro circula na cidade, os benefícios são compartilhados nos diferentes setores”, completa.
Ações
Na opinião do secretário, a principal questão que deve ser reforçada é a geração de emprego. “No momento que as empresas estão bem, o município se desenvolve. Realizamos feiras e outros eventos com o objetivo de mostrar o potencial das empresas que por vezes não são conhecidas de toda a população”, cita.
Há indústrias que cresceram durante em torno de 40% durante os meses de crise em Erechim. Diante disso, Barp afirma que é visível a iniciativa de muitas pessoas em busca de alternativas para inovar e apresentar ao mercado novas oportunidades. “Os momentos mais delicados da crise já passaram e as empresas estão retomando as negociações”.
Cem anos de investimentos
Ao longo dos 100 anos de Erechim o setor industrial teve uma participação muito significativa no PIB de Erechim. No mesmo período acompanhou as transformações das revoluções que aconteceram na parte da indústria e comércio.
O empresário e professor, Julio Cezar Brondani, recorda que, ao longo dos anos o perfil industrial foi ampliado e diversificado pela capacidade empreendedora que está nas raízes européias e que em função disso, também passa a ser muito relevante no cenário nacional e internacional pelos produtos que são feitos e evidentemente comercializados. “Entre os diferenciais está a vocação industrial que está na capacidade empreendedora, a atualização possibilita o aprimoramento dos processos, linhas de produtos e desenvolvimento de novos mercados. Estes fatores possibilitam que tenhamos, sob o ponto de vista da economia de Erechim, uma segurança bastante grande em relação à dinâmica do trabalho, do emprego e da renda”, comenta.
Diversidade industrial
Se for observada a configuração, por exemplo, do parque industrial, é possível identificar a importância do polo metal mecânico que tem uma atuação importante em nível de país e exterior. Ao mesmo tempo, a cadeia do agronegócio, a produção do leite, carne e grãos, ganham um mérito significativo.
Na área de alimentos também há importantes indústrias, tais como a de balas. “Todo esse portfólio de negócios contribui para que se desenvolvam novas lideranças no sentido de empreender. Outro incentivo vem através do polo educacional que está liderado pela URI”, explica Brondani.
No que se refere aos desafios, o empresário cita que estes são permanentes. “Ao longo da história tivemos vários ciclos de desenvolvimento. Atualmente estamos em um novo momento oriundo desse problema político econômico que trouxe para o dia a dia das famílias uma realidade complicada que se estabelece pela adaptação dessas empresas”, pontua, citando que ainda estamos passando por esse período, pois está sendo lento, gradual e doloroso. “Porém, sentimos menos o impacto em razão da característica dos empresários que estão sempre buscando alternativas para suas atividades”, reitera.
O empresário ressalta ainda, que esse “novo mundo” pode trazer alguma ameaça e ao mesmo tempo, uma oportunidade de sair na frente, característica que há desde as origens há 100 anos. “Por isso, é preciso inovar”, alerta.
Indústrias que simbolizam a trajetória empreendedora
Ígor Dalla Rosa Müller
jornalismo@jornalbomdia.com.br
Cavaletti
A Cavaletti S/A Cadeiras Profissionais está no mercado desde 1974, e três valores acompanham a marca: qualidade, inovação e pioneirismo. A empresa produz assentos para ambientes profissionais e colaborativos. "A principal característica é a constante inovação, desenvolvimento de opções criativas em que o usuário se sinta atraído e bem ao utilizar o produto, que precisa ter beleza, resistência e ser sustentável", afirma o presidente Mário Cavaletti.
A inovação se dá através de pesquisa de mercado, sendo que a empresa já é referência nacional no setor. Conforme Mário, a empresa tem preocupação muito grande com os colaboradores, com o aspecto humano, em propiciar um ambiente de trabalho seguro e agradável. "Nosso colaborador é membro da família", destaca Mario.
A empresa supera dificuldades buscando permanente qualificação profissional e investimentos em equipamentos de última geração.
Dal Prá Indústria e Comércio de Móveis
Há 60 anos no mercado de móveis, a empresa Dal Prá produz móveis para escritório e empresas. Segundo o proprietário Luis Fernando Pungan, a principal característica da empresa é a qualidade dos produtos e rapidez na entrega ao cliente. A estratégia é sempre estar atualizada, seguindo as tendências de mercado. Para superar dificuldades a Dal Prá busca constantemente novos mercados e a valorização de seus clientes.
Menno
A Menno atua em todo território nacional e América Latina produzindo equipamentos para escritório e soluções de automação comercial e bancária. A veia inovadora está presente desde a origem da empresa fundada por Menno Reuwsaat. Empreendeu em setores desconhecidos no mercado brasileiro em sua época, como preservativos, cartões magnéticos e bens de informática.
Conforme o proprietário Bernardo Reuwsaat, hoje, a inovação continua dentro do dia a dia da empresa, visando a criação de novos produtos e a otimização de processos para atendimento da necessidade do mercado onde a empresa atua.
Estando em seu segundo processo de sucessão, a característica de empresa familiar é predominante na cultura da organização. Paralelo a isso, a empresa foi uma das primeiras do Rio Grande do Sul a obter a certificação ISO 9001, sendo reconhecida pela qualidade garantida de seus produtos e serviços.
Peccin
A Peccin é uma indústria de alimentos, produtora de chocolates, wafers, balas, chicletes e pirulitos. A característica essencial da empresa é o trabalho dedicado, produtivo, comprometido, com pessoas valorizadas. Segundo gerente de marketing, Carlos Speltri, a empresa tem paixão em fazer produtos saborosos e encantadores, com qualidade em tudo que faz, inovando continuamente em produtos, processos e serviços. "Seriedade, ética, transparência e responsabilidade sócio-ambiental", afirma.
A partir de uma série de processos estruturados a empresa busca inovação. Carlos explica que o comitê interno busca constantemente oportunidades, acompanhando tendências de mercado e consumo, através de programas de captação de ideias e sugestões internas, workshops de inovação envolvendo equipe interna e fornecedores.
A empresa supera dificuldades exercitando e vivendo seus valores.
"Trabalhando duro e com compromisso, aplicando paixão e qualidade em tudo o que fazemos, e agindo sempre com ética e transparência", enfatiza.
Intecnial
A intecnial realiza projetos, fabricação e instalação de bens industriais, desenvolvendo soluções customizadas para os setores de agronegócio, energia e logística.
Comil
A montadora de ônibus de Erechim/RS, Comil Ônibus, apesar da queda de 9% no mercado nacional do ônibus em 2017, em relação ao ano anterior, nos últimos meses atingiu a produção de quatro carros/dia, de acordo com sua programação. Clientes importantes do mercado de ônibus adquiriram carrocerias Comil ao longo deste ano, priorizando carros de qualidade em sua frota. Já o mercado externo teve um leve crescimento de 12,7%, contribuindo com a carteira de vendas da empresa.
Unindústria
A Unindústria atua hoje com empresas do setor metal mecânico, vestuário e transportes, desenvolvendo ações permanentes de gestão e prospecção de negócios, buscando a sustentabilidade das empresas.
Segundo o presidente, Walmir Badalotti, o objetivo é manter cada negócio atuante, crescendo e inovando, tendo em vista que as empresas estão enfrentando um mercado cada vez mais competitivo. "Hoje as empresas estão vivendo a quarta revolução industrial e isso faz com que tenham que se reinventar a cada dia", observa.
Sendo assim, oferece a seus associados treinamentos, cursos de gestão, novas tecnologias, parcerias e eventos. O presidente enfatiza que é importante fazer, cada vez mais, tudo aquilo que for necessário para gerar emprego e renda para o jovem que está entrando no mercado de trabalho.