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Saúde

A vida prossegue com um ato de generosidade

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Francine Brambatti Bagestan
Adailto Bernardo da Silva
Por Izabel Seehaber
Foto Reprodução/ Arquivo Pessoal

Um mês, um dia e uma campanha permanente para reforçar a conscientização da sociedade sobre a importância de um gesto nobre: a doação de órgãos. Essa é a essência do ‘Setembro Verde’, momento em que é fortalecida a conversa e os esclarecimentos sobre o assunto. Conversas essas que são essenciais no dia a dia, para informar quem está próximo sobre o desejo de ser um doador.

Na segunda-feira, 27, é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Para demonstrar um pouco dos reflexos dessa ação na vida de muitas pessoas, o Bom Dia conversou com a getuliense, Francine Brambatti Bagestan, de 42 anos, seu pai, Jandir Brambatti e Adailto Bernardo da Silva, que reside em São Paulo, também é transplantado e amigo de Francine. Já apresentamos a história dela aqui no Bom Dia, frisando sua nova percepção e o momento transformador que vivenciou ao receber o transplante de fígado. Isso só foi possível, graças ao ato generoso de uma família em Santa Catarina.

Hoje, cerca de dois anos após o procedimento, a pedagoga, junto a família, fortalece a saúde física e mental aliando o acompanhamento médico ao envolvimento com iniciativas de apoio à causa. Adailto, da mesma forma. Ele realizou o transplante em julho de 2014.

Impactos das campanhas, a exemplo do 'Setembro Verde'

Segundo Francine, Jandir e Adailto, no momento atual há muitos trabalhos durante todo o ano, impulsionados pelas redes sociais. “Acreditamos que há mais divulgação sobre esse assunto, porém faltam campanhas mais incisivas por parte do governo. Do mesmo modo, observamos que todas as ações desenvolvidas neste mês, deveriam perdurar por todo o ano”, ressaltam.

Francine e Adailto relatam que têm muito envolvimento no denominado “mundo Tx”, que faz referência aos transplantes. “Depois de todo o processo de pré e pós transplante, aprendemos muitas coisas com as próprias dificuldades. Hoje, ajudamos muitas pessoas que estão em fila, aguardando um procedimento ou que são recém- transplantadas. Procuramos compartilhar experiências e temos parcerias para isso, ajudando pacientes de todo o País”, enfatizam.

Doação de órgãos: fale sobre o assunto

Os entrevistados salientam que, infelizmente ainda existe um tabu muito grande em torno do tema.  Para eles, a população precisa de mais informações, pois cerca de 40% das famílias negam a doação, talvez por ter pouco conhecimento sobre a causa ou mesmo desinformação. “Campanhas em rádios, shoppings, terminais de ônibus, metrô, estádio de futebol, enfim, em todos os lugares de grande circulação de pessoas, deveriam ser permanentes”, salientam.

Francine pontua que essa conscientização pode fazer parte de uma educação doadora, o que ajudaria muito. “Ao mesmo tempo, estar presente na rotina escolar, desde o primário até o ensino superior, com cartilhas ilustradas e linguagem fácil, faria toda a diferença. Tudo para ajudar a aumentar o número de doadores”, completa.

Entre as ações, a luta por um estatuto

A getuliense juntamente com seus familiares e Adailto, não medem esforços para que essa temática ganhe um repercussão cada vez mais reconhecida. Afinal, desse modo, muitas vidas podem ser salvas! “Atualmente desenvolvemos várias atividades, levando informações sobre doação de órgãos e seus mitos e verdades. Também lutamos para a criação de um estatuto voltado às pessoas transplantadas no Brasil. Nesse momento, há um Projeto de lei em votação na Câmara dos Deputados, o PL 4613/2020, que visa criar uma legislação específica o público. Vamos em frente, desmistificando o mundo Tx”, declaram.

Mensagem

“Para as pessoas em lista de transplante, pedimos que nunca percam as esperanças. Essa fase é muito desafiadora e exige lutas, muita resistência e vontade de viver. No momento certo, o transplante irá acontecer”.

Cenário das doações de órgãos

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), desde o início da pandemia de Coronavírus, houve uma diminuição expressiva no número de doadores e de transplantes no Rio Grande do Sul.

Em 2019, foram 243 doações; em 2020, 182; e até agosto de 2021, 96. “Percebemos com preocupação o crescimento da lista de espera por órgãos e a angústia dos pacientes esperando por um transplante”, destaca o coordenador da Central Estadual de Transplantes, Rafael Rosa.

Cada doador pode salvar até oito vidas, e a decisão da doação é feita pela família, que já deve estar consciente de que a pessoa tem vontade de doar seus órgãos. “Precisamos reverter essa situação, por isso reforço a toda população gaúcha que se junte à nossa causa e que as pessoas avisem suas famílias de que desejam ser doadores”, afirma Rosa.

Diante deste cenário, a secretária da Saúde, Arita Bergmann, também faz um chamado para conscientizar a população: “É um ato de solidariedade que pode dar uma segunda chance a tantas pessoas que aguardam por um rim, um fígado, um coração, um pulmão e outros órgãos tão vitais para a sobrevida das pessoas que estão na fila de espera”, salienta Arita.

O médico Antônio Kalil, cirurgião de transplante de fígado da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, constata que neste ano houve, pela primeira vez, um número maior em lista de espera no primeiro semestre do que em todo o ano passado. Para diminuir este impacto, o médico reitera que é preciso que as famílias conversem entre si sobre a possibilidade de serem doadores.

 

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