21°C
Erechim,RS
Previsão completa
0°C
Erechim,RS
Previsão completa

Publicidade

Saúde

Depressão na terceira idade é uma crescente na região

Idosos enfrentam desafios significativos relacionados ao transtorno

teste
A saúde mental dos idosos está intimamente ligada à sua saúde física e social
Doutor Felipe Barreto fala sobre a importância de o idoso manter sua funcionalidade para evitar a de
Por Marcelo V. Chinazzo
Foto Marcelo V. Chinazzo

A depressão é um problema que afeta diversas faixas etárias, mas, no caso dos idosos, pode ser agravada por uma série de fatores específicos do envelhecimento. Dados recentes apontam que a taxa de depressão no Brasil é de 5,9% entre os jovens de 18 a 29 anos, enquanto entre os idosos, a porcentagem é de 3,9%. Esses números, embora aparentemente mais baixos entre os mais velhos, refletem um problema silencioso, frequentemente camuflado por outras questões, como doenças crônicas e solidão.

Depressão na terceira idade: um quadro silencioso e crescente

Segundo o psiquiatra e psicogeriatra Dr. Felipe José Nascimento Barreto, Cremers 42533, a depressão não tem uma única causa, e os fatores podem ser multifacetados. “Para a gênese da depressão, não há uma etiologia única. Não podemos dizer que a depressão é causada apenas por um fator”, explica. Entre os idosos, a perda de um cônjuge, o afastamento dos filhos e o declínio da saúde são fatores que contribuem para o aumento do risco de transtornos depressivos.

O processo de envelhecimento em si já traz diversas mudanças, e o isolamento social é uma das mais prevalentes. O afastamento dos filhos, que frequentemente se mudam para outras cidades ou países, especialmente em cidades menores como Erechim, pode ser devastador, elevando a vulnerabilidade à depressão.

Doenças crônicas e sua relação com a depressão

Além dos fatores emocionais, os idosos também enfrentam o agravamento de condições clínicas, o que piora a qualidade de vida e contribui para o desenvolvimento da depressão. Doenças como problemas cardíacos, hipotireoidismo, Parkinson e Alzheimer são mais prevalentes na terceira idade e, muitas vezes, comprometem a funcionalidade do idoso.

“Ter uma doença não é o problema principal. O problema está em como a doença afeta a funcionalidade do idoso”, afirma Dr. Felipe. A incapacidade de realizar atividades cotidianas é um dos maiores desafios para os idosos, sendo um fator de risco significativo para a depressão. Além disso, se o idoso já teve episódios de depressão durante sua vida, as chances de novos quadros aumentam com a idade.

A falta de objetivos e o impacto no bem-estar

Outro aspecto relevante que contribui para o quadro depressivo é a perda de propósito. Dr. Felipe comenta sobre o impacto do trabalho na vida de muitas pessoas, especialmente de idosos que se aposentam e perdem um dos maiores pilares de sua identidade. “O trabalho é uma esfera muito importante na nossa vida. Muitos idosos, ao se aposentarem, não encontram outra atividade significativa e acabam se isolando”, diz.

O envelhecimento global está em ascensão. Até 2030, a população idosa aumentará em 34%, atingindo 1,4 bilhões de pessoas no mundo. No Brasil, o número de idosos já supera o número de crianças e adolescentes, levantando a pergunta: estamos preparados para oferecer uma sociedade mais inclusiva e funcional para os idosos?

A inserção no mercado de trabalho e a exclusão social

O mercado de trabalho no Brasil, por muitas vezes, não está preparado para integrar os idosos. “Muitos idosos, ao se aposentarem, buscam voltar ao mercado de trabalho para complementar sua renda. Porém, muitas vezes, encontram resistência das empresas em contratá-los”, afirma Dr. Felipe. Este cenário de exclusão contribui para o isolamento social e, consequentemente, para o aumento dos riscos de depressão.

Ainda, em muitas famílias, os avós tornam-se a principal fonte de renda. Essa realidade demonstra a necessidade de políticas públicas que incentivem a inclusão dos idosos no mercado de trabalho e garantam sua funcionalidade na sociedade.

Instituições de Longa Permanência: uma alternativa de cuidado

Em Erechim, há três Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs): o Lar dos Velhinhos, o Residencial Bela Vista Lar Da Melhor Idade, e o Residencial Bem Viver. A solidão e a perda da funcionalidade, somadas ao avanço das doenças, são fatores que tornam o cuidado em ILPIs um alicerce importante para muitos idosos.

Embora essas instituições ofereçam assistência e apoio, Dr. Felipe alerta para a importância de tratar essa decisão com respeito e sensibilidade, levando em consideração o desejo do idoso sempre que possível. “Nunca deve ser visto como uma forma de abandono, mas como uma opção para garantir o bem-estar e cuidado daqueles que não têm mais condições de viver sozinhos”, ressalta.

Saúde mental: um aspecto fundamental no cuidado do idoso

A saúde mental dos idosos está intimamente ligada à sua saúde física e social. Atividade física, alimentação equilibrada, sono adequado e apoio de familiares e amigos são essenciais para manter o equilíbrio emocional. Atividades em instituições de longa permanência ajudam a preencher o tempo ocioso e a manter os idosos ativos mental e fisicamente, prevenindo a depressão.

Dr. Felipe destaca que a depressão nos idosos pode se manifestar de forma atípica, com sintomas como dores crônicas e esquecimento. O diagnóstico precoce é crucial para evitar complicações, incluindo o suicídio, um risco elevado nessa faixa etária. A detecção de sintomas como perda de interesse, alteração no apetite, sono, e falta de concentração são sinais de alerta que não devem ser ignorados.

Leia também

Publicidade

Publicidade

Blog dos Colunistas