Os olhinhos atentos e curiosos a cada explicação, as mãos levantadas mostrando a ansiedade enquanto aguardam a sua vez de perguntar, vozes empolgadas e misturadas respondendo sobre tudo que aprenderam. Cenas assim têm sido comuns durante as tardes em meio aos galpões do Acampamento Farroupilha de Erechim. Elas são motivadas pelas diferentes oficinas culturais realizadas durante o evento e que reúnem diariamente centenas de crianças de escolas públicas e particulares do município.
Coordenadora destas atividades no Acampamento Farroupilha, Maria Carmencita Fernandes explica que para participar do evento, cada entidade é convidada a realizar oficinas que possam ensinar os visitantes sobre temas relacionados ao tradicionalismo e à cultura gaúcha. “Essa é uma das maneiras de deixar um legado que vá além dos dias de programação do Acampamento, pois aquilo que é ensinado aqui, ficará para sempre e servirá de estímulo para que o público, em geral formado pelas crianças das escolas, possa se sentir estimulado a conhecer melhor e viver as tradições gaúchas para além da Semana Farroupilha”, explica.
Do chimarrão ao cavalo, do laço a indumentária gaúcha
As oficinas são realizadas seguindo um cronograma semanal e de acordo com a faixa etária de cada público participante. Entre os assuntos abordados estão desde os cuidados com cavalos, contação de histórias e lendas, explicações sobre as vestimentas, chimarrão, cultura e tradição gaúcha, brinquedos e brincadeiras folclóricas, culinária, entre outros temas ligados à tradição gaúcha.
As visitas são feitas sob agendamento e os oficineiros de cada entidade buscam passar os ensinamentos de acordo com a compreensão de cada grupo. Exemplo disso é o jeito tranquilo e paciente dos jovens Jean Carlos dos Santos e Felipe Maciel, da Cabanha Don Dutra ao ensinar os pequenos com idades entre 3 e 4 anos laçar na vaca parada. “Para nós é muito gratificante poder ensinar, pois é algo que certamente eles não irão esquecer. E a tradição gaúcha se aprende de pequeno, então a gente fica muito feliz de poder ensinar”, pondera Jean.
Mais adiante, outra oficina se dedica a falar dos cuidados com o cavalo. Atentas, as crianças que visitaram o Acampamento ontem (13), puderam aprender com o cabanheiro Luiz Claudio de Almeida, do Grupo Nativo Alma Crioula, tudo sobre como cuidar do animal e como encilhá-lo. Mesmo não sendo com um cavalo “de verdade”, os pequenos fizeram questão de passar a mão e até mesmo de subir na garupa do bichinho. “É muito bom ensinar a eles sobre nosso trabalho, principalmente porque é algo que eles saem daqui e levam para a vida. Ás vezes marca tanto para eles que não raramente nos encontram na rua depois e até lembram da gente”, comemora.
A erva-mate, matéria prima do chimarrão - um dos ícones da tradição gaúcha - também não passa despercebida entre as oficinas. Mas... você sabia que além do mate, ela também serve para fazer shampoo, chá e até bolo? É sobre isto que os oficineiros Tobias Biazi e Maiton Sturm do CTG Os Campêro falaram aos pequenos visitantes, que além de aprender sobre curiosidades como o jeito certo para seguir a roda do chimarrão e com qual mão entregá-lo, ainda puderam matear e saborear o bolo de erva-mate, bem como aprender sobre todo o processo de fabricação da planta até que ela fique pronta para ser consumida.
Aos quatro anos, Arthur Lucas Ronsoni, não escondeu a alegria de conhecer mais sobre a cultura gaúcha. De bota, bombacha e lenço no pescoço falou a reportagem que visitou o acampamento com os pais durante à noite, mas fez questão de reforçar: “De dia é muito mais legal, porque a gente aprende um monte de coisa”, sentenciou.