O Café com Leitura, promovido pela Academia Erechinense de Letras, realizou na quinta-feira, 9 de outubro, mais uma edição marcada por conhecimento, arte e troca de experiências. A atividade, parte das ações de extensão cultural da instituição, reuniu acadêmicos, convidados, estudantes e o público em geral em uma programação voltada à prevenção ao câncer de mama e à apreciação da vida por meio da arte.
Na abertura, a presidente da AEL, Zeni Bearzi, acolheu os presentes e agradeceu a participação de acadêmicos, integrantes do Café com Leitura, convidados e amigos. O encontro contou com a presença da médica Ana Beatriz Cosel Zampieri, que conduziu uma palestra, e da bailarina Thaís Virgínia Rigo Loch, que apresentou uma performance de Flamenco, dança ligada à expressão e à emoção. Também foram sugeridas leituras em homenagem à escritora Martha Medeiros, patrona da Feira do Livro de Porto Alegre de 2025.
Saúde e prevenção: “Câncer de Mama – Antes e Depois do Diagnóstico”
A médica Ana Zampieri abordou hábitos de vida, fatores de risco, mitos e cuidados referentes ao câncer de mama. Formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Medicina Estética e Medicina do Trabalho, Ana coordena o Instituto Unimed Erechim e participa de projetos voltados ao cuidado da mulher.
Durante a exposição, relacionou alimentação, estilo de vida e autoconhecimento à prevenção do câncer. Observou que certos alimentos podem gerar dependência emocional e física, levando a ciclos de consumo e culpa. Sugeriu o preparo de refeições caseiras e alertou sobre os riscos dos produtos industrializados ou congelados, afirmando: “Tudo o que vem em lata ou pacote é um risco. Congelou, complicou.” Também mencionou a atenção ao consumo de açúcares e álcool.
Mitos e verdades sobre o câncer de mama
Foram esclarecidos equívocos comuns: traumas na mama e o uso de desodorante não causam câncer. Por outro lado, o uso prolongado de anticoncepcionais orais pode estar associado ao aumento do risco da doença. Ana indicou: “Recomenda-se o uso da pílula por até cinco anos, com pausas e alternância de métodos.”
Comentou sobre a amamentação, que tende a reduzir a chance de câncer de mama, e sobre a menopausa, período em que a diminuição do estrogênio pode contribuir para o acúmulo de gordura abdominal, aumentando riscos cardiovasculares e de câncer. Também comentou sobre a importância da mamografia anual a partir dos 40 anos e da ecografia mamária complementar, apontando que menos de 30% das mulheres nessa faixa etária acessam os exames de forma regular: “É um problema de saúde pública e também de cidadania. Precisamos cobrar políticas que garantam o cuidado das mulheres.”
Ao falar do período pós-diagnóstico, enfatizou acolhimento e rede de apoio: “A fase depois do câncer é tão dolorosa quanto o diagnóstico. É fundamental que a pessoa seja convidada a viver, a se sentir útil e acreditada na sua força.”
A arte que aproxima: Flamenco com La Sol
A bailarina Thaís Virgínia Rigo Loch, conhecida como La Sol, apresentou o Flamenco, considerado uma celebração da vida. Natural de Erechim, dança desde os quatro anos e, desde 2016, se especializou na modalidade com mestres nacionais e internacionais. Atuou em companhias de dança no Rio Grande do Sul e Paraná, retornando à cidade em 2024, onde recebeu premiação como Melhor Bailarina no Festival de Dança de Erechim.
Em 2025, inaugurou o La Sol Espaço Cultural, dedicado à arte, ao diálogo, ao pertencimento, ao bem-estar e à cidadania. Durante a apresentação, comentou: “É uma forma de se motivar e de reconhecer a beleza e a verdade que existem em nós.” Explicou a simbologia de movimentos das mãos, do leque e do ritmo alegrías, ressaltando a relação entre a dança e o tema do Outubro Rosa.
O Flamenco, originário da Andaluzia, no sul da Espanha, reflete a mistura cultural de povos historicamente perseguidos. Thaís observou: “Assim como a medicina fala da importância de expressar as emoções, o Flamenco também é um modo de comunicação e libertação.” Ela mencionou ainda uma aluna que realizou o sonho de dançar Flamenco aos 82 anos.
Literatura e reflexão
O encontro contou também com a leitura de trechos de Martha Medeiros e com a participação de Lourdes Pinheiro, que leu sua crônica na edição do jornal Bom Dia, inspirada na autora.
A médica recebeu lembrança simbólica por sua participação, e Thaís foi homenageada pela apresentação artística. A fala final de Ana Zampieri sugeriu reflexão: “Por que vivemos, afinal, se não for para tornar a vida uns dos outros menos difícil?”.