Quando o assunto é sobre inflação e juros, no Brasil, juros, aliás, abusivos, escorchantes, ilegais, desumanos e improdutivos, aí parece que só há unanimidade nas respostas, parece que só existe uma única verdade a ser considerada sobre este assunto, qual seja, os juros têm que estar sempre absurdamente elevados para conter a inflação. E como dizia Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”.
Neste mesmo raciocínio, vamos buscar explicações fora da unanimidade. A Auditoria Cidadã da Dívida, associação brasileira, sem fins lucrativos, mostra que o aumento pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) de um ponto percentual, na taxa de juros básica da economia, a Taxa Selic, gera um custo anual de mais R$ 54,5 bilhões em pagamento de juros da chamada “dívida pública”. E todo mundo vai pagar esta conta de um jeito ou de outro que só se multiplica.
De outro lado, a Auditoria Cidadã afirma que o Projeto de Lei (PL) 1.087/2025 que pretende conceder isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais resultaria, gosta-se muito de dizer em perda de receita pro governo de cerca de R$ 26 bilhões anuais, mas noutro ponto de vista, são mais R$ 26 bilhões que serão utilizados no consumo das famílias brasileiras, movimentando a economia e retornando em impostos novamente para o governo. Não há nenhuma perda aí, só ganhos múltiplos para toda a sociedade empresas e trabalhadores.
Conforme a Auditoria Cidadã, outro tabu, a inflação brasileira não decorre de demanda aquecida, mas de preços que não caem com a alta de juros, como combustíveis, gás de cozinha, energia, tarifa bancárias, transporte, plano de saúde, alimentos, e nenhum destes preços se reduz quando o Banco Central aumenta os juros.
A unanimidade com relação à inflação e aos juros só penaliza a estrutura produtiva do país, tanto trabalhador quanto empresariado, e, de modo geral, esta decisão vem sendo praticada há muito tempo, independentemente, da posição política e do governo à frente do país, sem resultados econômicos positivos para as empresas, aposentados e os trabalhadores do Brasil. Enfim, é bom pra quem então?