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Opinião

Vitamina R

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Clovis Lumertz
Por Clóvis Lumertz – Empresário
Foto Clóvis Lumertz

Não sou muito das nostalgias, mas segue aqui uma breve reflexão “das antigas”.

Na nossa infância, saudável mesmo era brincar no barro, subir em árvore e voltar pra casa com o joelho ralado e um sorriso falso no rosto. E o mais interessante? A gente chamava aquilo de “Vitamina S”. S de sujeira, claro! Porque ninguém era feito de porcelana, e bactéria boa era a que treinava nosso sistema imunológico direto do chão do quintal, da goiabeira ou do campinho da esquina.

Tomávamos banho depois do jantar (quando tomávamos), andávamos descalços como se o asfalto fosse extensão da casa, e o conceito de “orgânico” era pegar fruta direto do pé, mesmo que com um bicho dentro, que a gente cortava fora e comia o resto. Até porque a gente sabia o que era selecionar o que presta da vida, ali mesmo, na prática.

Agora, décadas depois, estamos rodeados por gente limpinha, conectada, esterilizada e ansiosa.

Crianças e jovens que mal respiram ar puro, mas conhecem os efeitos de 12 filtros do Instagram. Que nunca subiram em árvore, mas decoram o mapa do GTA. Que têm acesso a qualquer conteúdo do mundo, mas não sabem escolher entre três opções no cardápio sem abrir o Google.

É por isso que, nesta nova era, está na hora de prescrever outra vitamina essencial: a Vitamina R. R de Realidade.

Sim, senhores. A Vitamina R é o que vai salvar essa geração da paralisia de decisão, da dependência do “enter” e da ilusão de que a vida tem botão de “reset”.

A Vitamina R ensina a cair e levantar, mas sem respawn automático.

Ensina a pensar com a própria cabeça, a questionar o conteúdo pronto, a não ser só espectador de vídeos com dancinhas, mas autor da própria história.

Essa vitamina está em sair da zona de Wi-Fi, enfrentar contradições, ouvir o “não” e entender que ele faz parte da jornada.

A Vitamina R fortalece o músculo da resiliência e ativa o gene da antifragilidade, aquela capacidade linda de crescer no caos, de aprender com o erro e de transformar dificuldade em potência.

O mundo real não dá XP fácil, nem vem com tutorial. Mas oferece algo melhor: autonomia, coragem, liderança.

É nesse mundo, fora da bolha digital, que se aprende a empreender, a tomar decisões difíceis e a construir um legado de verdade.

Então, que tal a gente dar um tempo das superdoses de algoritmo e começar a prescrever mais doses de mundo real?

A nova geração precisa, sim, de Vitamina R. E, quem sabe, com um pouco de sorte, até uma goiaba bichada, só pra lembrar de onde viemos.

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