Cidades norueguesas – Berguen
É a segunda maior cidade da Noruega. Já foi a capital do país. Dela partem os mais belos passeios para os fiordes e os cruzeiros para o Polo Norte. Muito ligados ao seu passado, os escandinavos mantêm a história viva em cidades muito bem preservadas. Raras são as cidades medievais tão belas quanto Berguen, na Noruega. Localiza-se ao sul do país e tem um local conhecido como BRYGGEN, resquício do antigo cais, com largo passeio em madeira, um dos pontos mais bonitos. Cidade de pouco sol, pois dizem que lá chove trezentos dias por ano. Sempre que estivemos na Noruega, passamos por Berguen e foram várias vezes.
O charme de Berguen
Ela foi a capital política do país e é, ainda hoje, um dos principais portos da região da Escandinávia. No século XIV, os comerciantes germânicos estabeleceram seus entrepostos nela e adquiriram, por privilégio real, o monopólio do comércio norueguês. O seu domínio durou cerca de 400 anos. O principal produto comercializado era o peixe salgado – o bacalhau -do norte do país, exportado para o resto da Europa por comerciantes escoceses, alemães, holandeses e ingleses. Aconteceram mudanças nesse comércio, mas a influência germânica marcou profundamente a arquitetura do bairro portuário.
Bryggen – o antigo porto
Bryggen se chamava o antigo porto e hoje é o centro histórico de Berguen, patrimônio histórico mundial da Unesco. Ele é um conjunto de casas de madeira, de frente para o mar. Toda frente é tomada por um grande calçadão de madeira, onde, no verão, são colocadas mesas e bancos. Bryggen foi o centro nervoso de Berguen desde o fim da Idade Média, mas quase sucumbiu a um inimigo poderoso, o fogo. Em 1702, um incêndio dizimou a cidade. Aconteceram outros – o último ocorreu em 1955 – devastaram as tradicionais casas de madeira. Meia dúzia de casarões com fachadas coloridas foi salva e recuperada e o restante reconstruído. A atmosfera é de um museu ao ar livre. Em frente delas, o cais está repleto de embarcações de tamanhos, modelos e bandeiras internacionais. As coloridas casas são lojas que vendem artesanato, principalmente artigos natalinos. Nelas estão cafés, restaurantes e confeitarias. Muitas lojas exibem artigos de luxo. É um grande prazer subir os diversos andares dessas lojas pela beleza e diversidade de produtos. As lembranças de viagem não podem ser esquecidas.
O fish market de bryggen
É o mercado pesqueiro mais famoso da Escandinávia. Nele se encontra o melhor bacalhau do planeta, chamado “bacalhau verdadeiro”. No lado de fora, ficam algumas bancas, com diversificadas espécies recém-descarregadas dos pesqueiros. Um dos vendedores chamava a atenção. O português Joel aprendeu a tomar chimarrão com amigos brasileiros e uma cuia estava sobre a mesa. Entre uma venda e outra tomava a bebida. Na parte de dentro, há ótimos restaurantes que servem caviar de salmão, camarões, salmão, lagostas e outros frutos do mar. Também há a cozinha que serve carne de alce, de rena e baleia, cuja pesca é liberada pelo reino norueguês. O ambiente é muito agradável.
Sete colinas contornam a cidade de Berguen
Pode-se apreciar a beleza da cidade também do alto da maior colina. O funicular é uma boa alternativa para se ter uma vista panorâmica da cidade. O trenzinho parte, próximo às casas coloridas. Os bilhetes podem ser comprados nas máquinas ou na base do funicular. A viagem é de cerca de 10 minutos. Dois trens sobem e descem a montanha a cada 15 minutos durante o período de pico. O interessante é sentar perto da janela para apreciar a paisagem. Alguns moradores usam esse meio de transporte e, por isso, são feitas três paradas no caminho. A altura é de 320 metros e, no alto, há um restaurante e lojinhas. O pôr do sol é um espetáculo belíssimo. No local, há um duende – o Tholl – do folclore e com um nariz e orelhas grandes. Todos querem tirar fotos, pois ele dá sorte.
O castelo de Haakonshalle
Foi muitas vezes restaurado e é o mais antigo da Noruega. Foi construído em Berguen, na metade do século XIII, pelo Rei Haakon Haakonsson IV, que viveu de 1217 a 1263. Ele era mecenas das artes e hábil administrador. No seu reinado iniciou o “século de ouro” na Noruega medieval. Haakon admirava, particularmente, a literatura cavalheiresca francesa e, por isso, mandou que vários romances fossem traduzidos para a língua norueguesa antiga, incluindo a famosa história da ópera Tristão e Isolda. Os reis subsequentes continuaram a tradição. Assim, foi criado um círculo de brilhantes artistas na corte. Hoje, é Museu Histórico com uma arquitetura totalmente diferente daquela do século XIII.
Os contos e as lendas
Na Noruega, centenas de nomes de lugares começam pelo prefixo “troll” como a cidade Trollheim. Os contos populares estão repletos de “trolls” maléficos, espíritos zombeteiros e outros gnomos barbudos. Os noruegueses acreditam que há uma montanha com o caminho dos “trolls”. Velhos e feios, os “trolls” vivem nos montes ou nas florestas, sob grandes pedras, porque não suportam a claridade. O povo acredita que esses lugares possuem salas cheias de ouro e prata. Atraídos pela beleza do ser humano, os “trolls” atacam o pedestre solitário e, enciumados, disfarçam-se para seduzir belas jovens. No entanto, os rapazes, sempre malandros, conseguem vencê-los em combate. Chegam a contar que à noite, dormindo, se sentem um puxão nas pernas, é um “troll” que está se vingando. Assim, contam muitas histórias e as crianças acabam acreditando.
Conclusão
A Noruega, principalmente, continua sendo estimulada por tradições e por um folclore que, longe de resolver um passado perdido, enraízam-se profundamente na vida. Os contos e as lendas não estão confinados a uma crença. Duendes ainda assombram as florestas e as águas. Nos meses de longos invernos e de pouca luz, no interior, fazem fogueiras e nas cidades são as lareiras e os fogões. Nesses ambientes, os contos populares estão repletos de “trolls” maléficos e espíritos zombeteiros. Acreditam que o fogo e os espíritos da natureza, que são seres solitários, afastam os espíritos maus.