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Opinião

Memórias de Viagem: Japão- Cruzeiro pelo Mar da China- Singapura- Emirados Árabes (Parte- XXXVI)

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Por Marlei Carmen Reginatto Klein

“ Wilfred Thesiger” em seu livro “Pelos Desertos das Arábias” escrito nos anos 1940 sobre a travessia do deserto salienta que a vida do beduíno é difícil, austera e nobre. Sua moral nasceu da necessidade de sobrevivência num dos climas mais rigorosos do planeta. “Tudo que há de melhor nos árabes veio-lhes do deserto”.

 

 

Reminiscências

São sete pequenos emirados que compõem os Emirados Árabes Unidos: Abu Dhabi (a capital) - Dubai (a principal e mais povoada) - Fujeira- Xarja- Ajmã- Umm al Quwain e Ra´s al Khaymaah. São um grupo de monarquias hereditárias localizadas na Península Arábica e limitam com: Arábia Saudita no sul e oeste- Qatar no noroeste - Golfo Pérsico ao norte e Omã ao leste. Apesar de pequenos e pouco povoados, são importantes pelo aspecto financeiro propiciado pelos hidrocarbonetos –petróleo e gás natural- ao longo das últimas décadas. Atualmente, a importância gira em torno do turismo e do comércio.

 

Os Países do Golfo

A posição estratégica desses lugares decorre daquela do Golfo, um pequeno mar que se abre para o Oceano Índico e separa os mundos árabe e persa. Toda a região é árida. Os recursos agrícolas foram sempre dependentes dos oásis. Tanto nas montanhas quanto nos confins do deserto. As criações de animais são muito antigas. A pesca, recentemente modernizada, é mais importante, pois as águas quentes do Golfo são piscosas, protegidas das grandes correntes.

De excelente qualidade e fácil extração, o petróleo e o gás natural constituem a grande fonte de renda. Todos esses lugares aprenderam as regras do mercado e do liberalismo econômico. Empregam políticas de regulação de suas riquezas. As atividades financeiras geram lucros consideráveis, mas usufruem de surpreendente modernização em todos os domínios. Estradas, hospitais, escolas e universidades transformam profundamente as mentalidades e os costumes. A cultura, a escolarização e a informatização estruturam as sociedades e influenciam a totalidade do mundo árabe, como testemunha as redes de televisão dos Emirados.

 

 

Abu Dhabi

A capital dos Emirados Árabes Unidos. O país faz fronteira com a Arábia Saudita, Omã e o estratégico Golfo Pérsico. Situa-se sobre quase 10% das reservas mundiais de petróleo conhecidas. Na capital, também chamada de Abu Dhabi, guindastes de obras marcam o céu sem nuvens. Há Porsches e Cadillacs Escalade por toda parte. No luzidio Marina Mall, emirandenses com as longas vestes brancas- dishdashas- tomam café na rede dos Starbucks. Hoje, a simples ideia de nômades cuidando de camelos no deserto parece ultrapassada. Mas a postura oficial recorda a todos a diretriz do falecido xeque Zayed bin Sultan Al Nahyan de fundir velho e novo, de preservar a cultura beduína enquanto o país continua a se beneficiar de sua riqueza colossal.

Antiga Abu Dhabi

Até a década de 1950, Abu Dhabi era, em essência, uma aldeia costeira de caçadores de pérolas e pescadores, com tribos em guerra que perambulavam por desertos e oásis. O xeque Zayed consolidou o poder e depois veio o petróleo. Hoje, muitos jovens estudam em universidades americanas e inglesas, por isso falam um inglês perfeito. Muitos gostam de continuar nômades, mas não são antiquados. Cultuam certos princípios e valores que não podem ser quebrados: integridade, honestidade, hospitalidade. Visitar os amigos, os vizinhos, os idosos são muito importantes. A religião ordena que façam isso.

 

A Falcoaria

Os beduínos amam a falcoaria. A comida era escassa no deserto. Então, descobriram a caça. Hoje, ela não é mais permitida em Abu Dhabi para preservar a fauna. Mas a falcoaria ainda é uma paixão. Treinam os falcões pela noite. São grandes e belos, com garras enormes e peito estufado. São levados para o deserto com os olhos cobertos por capuz de couro, as patas amarradas frouxamente a poleiros de madeira. São levados para voar toda manhã e toda noite. Sem o capuz e sem a correia, o pássaro sai voando em busca de uma presa.  A espécie mais bonita é o falcão-sacre, a ave de rapina mais veloz do planeta. Príncipes, emires e reis praticam a arte em excursões que mobilizam, por um mês inteiro, caravanas de veículos modernos.

 

Os Antigos Mensageiros

Em território muçulmano, os pombos foram os ancestrais dos carteiros. Segundo a tradição, as cartas nunca traziam endereço. Elas eram perfumadas se levassem uma boa nova. Mas, se as informações fossem ruins, passavam fuligem na plumagem do pássaro para indicar o conteúdo. Assim, era possível identificar a infelicidade chegando de longe. Na domesticação de pombos-correios, o macho era treinado, desde pequeno, a voltar para a sua gaiola. Assim iniciava o seu treino.

 

Conclusão

Duas horas além de Abu Dhabi, as dunas, ao anoitecer, são imensas ondas amarelas e alaranjadas sob um céu de aquarela. Já, quase crepúsculo o sol parece uma bola laranja, que mergulha atrás das elevações. Sopra a mais leve das brisas e parece que o mundo inteiro está ali, silenciosamente vivo. Mas logo iniciará uma brisa mais forte e fria. Muito fria que enregela a noite. Enquanto anoitece a cidade vibra. As ruas secundárias estão lotadas de gente do mundo inteiro. Nas mesquitas, os muezins – tipos de sons- chamam os fiéis para a oração. No cais, sobre o Golfo Pérsico, descarregam centenas de caixas de madeira com peixes prateados.

 

 

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